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Missa de Diálogo - LVI

A máfia franco-alemã por trás
da reforma litúrgica

Dra. Carol Byrne, Grã-Bretanha
A Comissão Papal de 1948 foi preparada por membros-chave do Movimento Litúrgico para reformar a Vigília Pascal em resposta às demandas dos Bispos alemães, entre os quais os últimos vestígios de ordem litúrgica, disciplina e lealdade a Roma haviam desaparecido. Como vimos, eles haviam estabelecido uma Conferência Episcopal autônoma para assuntos litúrgicos em 1940, independentemente de Roma, com o objetivo de arrancar o controle da liturgia da Santa Sé.

Pius XII and Cardinal Bea

Cardeal Progressista Augustin Bea, confessor de Pio XII, exerceu grande influência sobre ele

Enquanto promoviam as atividades dissidentes de liturgistas de avant-garde em suas próprias dioceses, os Bspos alemães foram fortemente apoiados por seu compatriota e homem de frente no Vaticano, Pe. Augustin Bea, que era membro permanente da Comissão Papal.

Munidos desse conhecimento, podemos facilmente ler nas entrelinhas de seu pedido a Pio XII sobre a Vigília Pascal. Não seria simplesmente uma questão de mudar seu calendário, mas incorporar todas as mudanças revolucionárias que o Pe. Bea e os outros membros da Comissão Papal estavam planejando, conforme registrado em seu “Memo” de 1948.

Um exercício de demonstração de força

Em 1950, os Bispos alemães, ao estilo da máfia, fizeram a Pio XII “uma oferta que ele não podia recusar”: aceitar os desejos do Movimento Litúrgico ou enfrentar um motim total dos episcopados francês e alemão combinados. (1) A isso podemos acrescentar a ameaça implícita feita por Padrino Antonelli, que escreveu na Introdução ao “Memo” à atenção do Papa:

“É reconhecido por todos que existe hoje em todo o mundo católico, e especialmente em nas fileiras do clero, o desejo ou melhor, a convicção da necessidade de uma reforma da liturgia.” [ênfase adicionada]

Isso foi, é claro, uma invenção completa. Não havia a menor evidência de um consenso mundial de padres supostamente se reunindo no horizonte e pedindo mudanças revolucionárias na liturgia. Mas a revolução litúrgica era precisamente o que a Comissão tinha o potencial de realizar. Podia e pressionou Pio XII a abolir ou alterar a legislação litúrgica ou aprovar leis inovadoras com um golpe de caneta.

Tomando liberdades com a Tradição

Enquanto avançamos na reforma da Vigília Pascal de 1951-1956, devemos notar que o princípio da fidelidade à Tradição estava começando a ser substituído pelo princípio da destruição e inovação. Abriu-se, assim, o caminho para que visões progressistas, tendenciosas e preconceituosas recém-saídas da Sala do Comitê se tornassem a política oficial da Santa Sé e fossem gravadas em pedra jurídica.

Também seria útil ter em mente que apenas 50 anos antes de a Comissão de Pio XII aplicar os novos princípios revolucionários à reforma da Vigília Pascal, os Bispos Católicos de Westminster haviam escrito:

“Ao aderir rigidamente ao rito que nos foi transmitido, podemos sempre sentir-nos seguro: ao passo que, se omitirmos ou mudarmos alguma coisa, talvez estejamos abandonando apenas aquele elemento que é essencial. … subtrair orações e cerimônias em uso anterior, e mesmo remodelar os ritos existentes de maneira mais drástica, é uma proposição para a qual não conhecemos nenhum fundamento histórico e que nos parece absolutamente incrível. (2)

Mas, o incrível aconteceu primeiro em 1951 com a Vigília Pascal experimental, depois com a publicação do novo Ordo de Pio XII de 1956 contendo as reformas completas.

A bênção do fogo novo foi comprometida

A Vigília Pascal reformada começa, como no antigo rito, com o acendimento do fogo pascal; até agora, tão tradicional. Mas, qualquer concordância entre as duas cerimônias termina aí. O que acontece a seguir é a essência de todas as revoluções. O rito reformado inicia imediatamente, à verdadeira moda procustiana, em seu caminho de torturar, martelar e amputar elementos vivos e viáveis da tradição para adequá-los a novas formas de pensar.

trash can fire

Monges Novus Ordo acendem o fogo da Páscoa no que parece ser uma lata de lixo; abaixo, uma fogueira para animar a congregação

bonfire
A primeira etapa desse processo ocorreu quando os reformadores cortaram duas das três orações para a bênção do novo fogo. Ambas as orações eliminadas estavam enraizadas nas Escrituras e pediam a Deus que iluminasse os fiéis no caminho da salvação, como havia iluminado Moisés saindo do Egito, e os protegesse dos “dardos inflamados do inimigo,” ou seja, do Maligno. (Efésios 6,16)

Agora está bem estabelecido que quando o Novus Ordo foi criado, foram removidas as orações, que expressavam o ensinamento da Igreja sobre a concupiscência (os “dardos inflamados”) e a necessária guerra espiritual que um católico deve travar contra os assaltos do Diabo. Mas, o fato básico e indiscutível, desconhecido para a maioria, é que Pe. Bugnini iniciou esse processo com a reforma da Vigília Pascal de 1956, expurgando essa oração da bênção do novo fogo.

Com ele também expurgou um elemento vital da doutrina católica expressa na liturgia: que os itens abençoados pelas orações da Igreja são imbuídos do poder de Deus para proteger os fiéis da influência do Diabo.

Este é apenas um exemplo entre muitos para ilustrar como as antigas tradições possuem valiosos pontos de sabedoria cuja perda empobrece a vida espiritual dos católicos. Se o objetivo da reforma era “fazer da liturgia a fonte de uma vida autenticamente cristã,” como constantemente proclamaram seus líderes, isso não pode ser alcançado destruindo tradições e desperdiçando recursos herdados.

Pois é axiomático que a lex orandi molda a lex credendi, que por sua vez influencia como vivemos. Quando essas orações foram retiradas da liturgia, os fiéis foram privados da ajuda espiritual que a Igreja lhes concedeu durante séculos.

Também falta na oração de bênção do fogo de 1956 a antiga referência a Deus Pai, Filho e Espírito Santo, uma omissão cujo significado ficará mais claro posteriormente no rito.

Por que bênçãos minimizadas?

Um paralelo pode ser traçado com a excisão de todas, exceto uma das orações para a bênção de ramos na reforma do Domingo de Ramos de 1956.

Surge a questão de saber por que os reformadores progressistas desmantelaram a elaborada estrutura de bênçãos, seja no Domingo de Ramos ou nas cerimônias da Vigília Pascal, que a Igreja havia construído para enfatizar a própria essência da Semana Santa como uma celebração da obra redentora de Cristo de qual todas as bênçãos extraem sua fonte.

O pleno significado dessas bênçãos truncadas só surgiu depois do Vaticano II. Elas foram o prelúdio da extinção gradual da bênção de objetos (3) no período pós-conciliar, quando, de um modo geral, os sacerdotes não mais acreditavam que possuíam, através do Sacramento da Ordenação, o poder de abençoar coisas materiais ou que havia há alguma diferença entre o sagrado e o profano.

A mão não muito invisível de Bugnini

Todas as evidências indicam que, desde o início, esse era o resultado desejado pelos membros da Comissão Papal.
  • O capítulo 3 de seu “Memo” de 1948 menciona seus planos para a reforma radical do Rituale Romanum;

  • Muitas bênçãos dos sacramentais foram eliminadas nos ritos da Semana Santa de 1956;

  • A Constituição da Liturgia introduziu uma mudança teológica no ministério litúrgico das bênçãos ao enraizá-lo nos leigos em vez do sacerdócio ordenado;

  • O Consilium de 1964 (do qual Bugnini era secretário) afirmou que “a área em que será necessária a revisão mais radical e nova adaptação é a dos sacramentais.” (4)
Isso é exatamente o que o “Memo” pretendia alcançar em 1948. E a reforma de 1956 foi apenas uma parada no caminho para o terminus ad quem [o objetivo final].

Continua

  1. Em 2 de novembro de 1950, os Bispos da Alemanha e da Áustria, em conjunto com a França, solicitaram formalmente ao Papa Pio XII que mudasse a celebração do Sábado Santo para a noite. Este pedido foi proposto por Romano Guardini no Primeiro Congresso Litúrgico Nacional Alemão, organizado pelo Instituto Litúrgico de Trier em Frankfurt em junho de 1950. Guardini dificilmente poderia ser descrito como um reformador “corajoso
    Em uma carta de 1940 ao Bispo Stohr de Mainz, publicada como Ein Wort zur liturgischen Frage (Uma palavra sobre a questão litúrgica), ele exigiu petulantemente que os Bispos alemães deveriam proteger os membros do Movimento Litúrgico de ataques contra suas convicções e trabalho. Mas enquanto ele estava escondido atrás das saias dos Bispos alemães, sua agenda pode ser vista como covarde e partidária. Tão grande era a popularidade de Guardini no Estabelecimento litúrgico que até mesmo Pio XII o protegeu e o fez Prelado da Casa Pontifícia em 1952.
  2. O Cardeal Arcebispo e Bispos da Província de Westminster, A Vindication of the Bull Apostolicae curae, Londres, 1898, p. 42.
  3. O novo Livro de Bênçãos que substituiu o Rituale Romanum dispensou amplamente os itens de bênção para uso dos fiéis. As orações designadas mencionam abençoar as pessoas quando elas usam o item, abençoando aqueles que o fizeram ou olharam para ele, mas não o próprio item em si.
  4. A. Bugnini, A Reforma da Liturgia (1948-75), Imprensa Litúrgica, 1990, p. 580

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Postado em 13 de setembro de 2023

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