Questões Tradicionalistas
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Missa de Diálogo - LIII
Uma trama destruiu a Missa dos Pré-Santificados
Se, como Orwell escreveu em Politics and the English Language, a linguagem ofuscante é projetada “para fazer as mentiras parecerem verdadeiras e o assassinato respeitável,” os eufemismos usados pelos reformadores litúrgicos para matar a Missa dos Pré-Santificados revelam seus métodos antiéticos.
A Comissão de Liturgia de Pio XII revelou-se um terreno particularmente fértil para eufemismos, ou seja, truques verbais para encobrir as reformas com uma linguagem opaca para que as consequências soassem menos devastadoras.
Onde os reformadores progressistas queriam despojar a Igreja de um rito antigo e venerável, eles falavam em “simplificação” da liturgia, eliminando “duplicações desnecessárias” e “acréscimos medievais,” como uma “restauração” aos significados originais e mais puros.
Com isso em mente, podemos ver através da camuflagem verbal do Padre Ferdinando Antonelli quando explicou que a reforma de Pio XII “reduziria as extravagâncias medievais… (1)
Essa linguagem cifrada criava um sentimento de cumplicidade entre os membros da Comissão e seus colaboradores, mas causava perplexidade e alarme entre os não iniciados.
Uma camarilha tóxica
Quando Mons. Léon Gromier, uma eminente autoridade no Cerimonial dos Bispos e Consultor da Congregação dos Ritos, afirmou que a Missa dos Pré-Santificados tornou-se uma “vítima de uma trama,” ele foi imediatamente ridicularizado com desprezo, suas críticas rejeitadas como indignas de séria consideração. (2) Ele foi ridicularizado publicamente e sua reputação arruinada, mas mais tarde provou-se que ele estava correto.
A Comissão Litúrgica estabelecida por Pio XII em 1948 era formada por apenas meia dúzia de reformadores escolhidos a dedo, chefiados pelo Pe. Aníbal Bugnini. Eles trabalharam no mais estrito sigilo com o mandato de estabelecer as bases para uma reforma de toda a liturgia da Igreja. Suas deliberações foram impressas em particular em 1949 pela Congregação dos Ritos como um “Memorando” interno e circulado entre alguns poucos colaboradores escolhidos por Bugnini, ocultando assim seus planos do resto da Igreja.
Vale ressaltar que o Pe. Antonelli, que assinaria o decreto introduzindo o Novus Ordo em 1969, também assinou o “Memo,” mas reconheceu que era principalmente obra de seu colega na Congregação dos Ritos, Pe. Joseph Lowe. E é a partir deste “Memo” – publicado para consumo geral apenas em 2003 – que vemos a Missa dos Pré-Santificados no topo da sua agenda, esperando, por assim dizer, no corredor da morte pela sua iminente execução.
Ultrapassando os limites da ética
Um exame do papel que o “Memo” desempenhou na reforma da Sexta-Feira Santa mostra que a Missa dos Pré-Santificados foi considerada o equivalente a um julgamento espetacular, condenada e prontamente expurgada da liturgia da Igreja.
Pe. Antonelli mencionou no “Memo” de 1948 um detalhe histórico sobre a Missa dos Pré-Santificados – a parte em que o padre, sem pronunciar nenhuma palavra, coloca uma porção da Hóstia pré-consagrada em um cálice contendo vinho não consagrado – e a usou para insinuar uma conexão com a superstição. Ele afirmou que esta prática foi introduzida no início da Idade Média, numa época em que algumas pessoas acreditavam que o vinho no cálice era consagrado apenas pelo contato com a Hóstia. No mesmo fôlego ele acrescentou:
“Quando a Eucaristia foi melhor estudada, percebeu-se que essa crença era infundada, mas o rito permaneceu.” (3)
Um pretexto muito transparente
Vamos ler isso novamente para saborear todas as suas implicações. O que ele estava efetivamente dizendo era que um dos ritos mais antigos da Igreja Católica – aliás, canonizado pelo Papa Pio V – não era digno de respeito e preservação porque estava maculado de heresia e superstição.
Isso é certamente uma audácia em grande escala: foi uma acusação ao princípio lex orandi lex credendi no qual toda a liturgia da Igreja se baseia. Não é sequer um argumento intelectualmente respeitável, pois também é contrário ao bom senso, à lógica e a um sensus fidei católico.
Felizmente, Michel Andrieu nos deu um estudo objetivo e, portanto, mais confiável (4) do uso do vinho não consagrado no rito Pré-santificado que expõe as falhas na tese de Antonelli. Deste estudo deduzimos que:
Todos esses pontos mostram que Antonelli estava apenas usando o poder de sugestão para compensar sua falta de evidências sólidas. Podemos concluir que suas observações foram baseadas em insinuações para lançar calúnias, incertezas e dúvidas sobre a autenticidade do rito pré-santificado e levar os leitores à conclusão de que era supersticioso. Isso foi feito por uma escolha hábil de palavras que sugerem implicitamente, mas não afirmam essa conclusão.
No entanto, uma declaração não precisa fazer um ataque direto para manchar uma reputação – uma implicação ou insinuação difamatória pode ser ainda mais perigosa porque a mensagem subjacente desliza de forma desarmante para a mente subconsciente. A questão importante é a impressão que a declaração provavelmente causará naqueles que a lerem.
Como uma cópia do “Memo” foi apresentada a Pio XII em 1949, (5) é de se perguntar se ele também, assim como os líderes falantes do Movimento Litúrgico, foi influenciado por sua propaganda que foi feita para soar crível por ilusórios raciocínio. Tragicamente para a Igreja, foi essa insinuação falsa e maliciosa instigada por Antonelli que entrou no movimento de reforma litúrgica e levou ao fim da Missa dos Pré-Santificados.
Continua
Antonelli – um perito progressista no Concílio Vaticano II – favoreceu mudanças na Missa
Onde os reformadores progressistas queriam despojar a Igreja de um rito antigo e venerável, eles falavam em “simplificação” da liturgia, eliminando “duplicações desnecessárias” e “acréscimos medievais,” como uma “restauração” aos significados originais e mais puros.
Com isso em mente, podemos ver através da camuflagem verbal do Padre Ferdinando Antonelli quando explicou que a reforma de Pio XII “reduziria as extravagâncias medievais… (1)
Essa linguagem cifrada criava um sentimento de cumplicidade entre os membros da Comissão e seus colaboradores, mas causava perplexidade e alarme entre os não iniciados.
Uma camarilha tóxica
Quando Mons. Léon Gromier, uma eminente autoridade no Cerimonial dos Bispos e Consultor da Congregação dos Ritos, afirmou que a Missa dos Pré-Santificados tornou-se uma “vítima de uma trama,” ele foi imediatamente ridicularizado com desprezo, suas críticas rejeitadas como indignas de séria consideração. (2) Ele foi ridicularizado publicamente e sua reputação arruinada, mas mais tarde provou-se que ele estava correto.
A Comissão Litúrgica estabelecida por Pio XII em 1948 era formada por apenas meia dúzia de reformadores escolhidos a dedo, chefiados pelo Pe. Aníbal Bugnini. Eles trabalharam no mais estrito sigilo com o mandato de estabelecer as bases para uma reforma de toda a liturgia da Igreja. Suas deliberações foram impressas em particular em 1949 pela Congregação dos Ritos como um “Memorando” interno e circulado entre alguns poucos colaboradores escolhidos por Bugnini, ocultando assim seus planos do resto da Igreja.
Vale ressaltar que o Pe. Antonelli, que assinaria o decreto introduzindo o Novus Ordo em 1969, também assinou o “Memo,” mas reconheceu que era principalmente obra de seu colega na Congregação dos Ritos, Pe. Joseph Lowe. E é a partir deste “Memo” – publicado para consumo geral apenas em 2003 – que vemos a Missa dos Pré-Santificados no topo da sua agenda, esperando, por assim dizer, no corredor da morte pela sua iminente execução.
Ultrapassando os limites da ética
Um exame do papel que o “Memo” desempenhou na reforma da Sexta-Feira Santa mostra que a Missa dos Pré-Santificados foi considerada o equivalente a um julgamento espetacular, condenada e prontamente expurgada da liturgia da Igreja.
Em partes da Europa, os fiéis "rastejam até o altar" para adorar Cristo Crucificado na Sexta-feira Santa
“Quando a Eucaristia foi melhor estudada, percebeu-se que essa crença era infundada, mas o rito permaneceu.” (3)
Um pretexto muito transparente
Vamos ler isso novamente para saborear todas as suas implicações. O que ele estava efetivamente dizendo era que um dos ritos mais antigos da Igreja Católica – aliás, canonizado pelo Papa Pio V – não era digno de respeito e preservação porque estava maculado de heresia e superstição.
Os padres paramentados de preto para a Missa dos Pré-Santificados, abolidos por Pio XII
Felizmente, Michel Andrieu nos deu um estudo objetivo e, portanto, mais confiável (4) do uso do vinho não consagrado no rito Pré-santificado que expõe as falhas na tese de Antonelli. Deste estudo deduzimos que:
- Esse uso no Rito Romano é muito anterior à teoria da consagração por contato, portanto não poderia ter surgido dela, como alegou Antonelli;
- A teoria em si foi fruto da imaginação de um círculo estreito de liturgistas e teólogos especulativos;
- Foi de longe superado pelo ensino e prática oficiais e ortodoxos que guiaram a crença dos fiéis;
- Nunca foi um problema sério o suficiente para causar agitação na Igreja;
- A controvérsia explodiu há tantos séculos que as informações fornecidas por Antonelli não são mais pertinentes ao tema da Sexta-feira Santa.
O Novus Ordo dramatizou 'Liturgia da Tarde da Paixão e Morte do Senhor'
No entanto, uma declaração não precisa fazer um ataque direto para manchar uma reputação – uma implicação ou insinuação difamatória pode ser ainda mais perigosa porque a mensagem subjacente desliza de forma desarmante para a mente subconsciente. A questão importante é a impressão que a declaração provavelmente causará naqueles que a lerem.
Como uma cópia do “Memo” foi apresentada a Pio XII em 1949, (5) é de se perguntar se ele também, assim como os líderes falantes do Movimento Litúrgico, foi influenciado por sua propaganda que foi feita para soar crível por ilusórios raciocínio. Tragicamente para a Igreja, foi essa insinuação falsa e maliciosa instigada por Antonelli que entrou no movimento de reforma litúrgica e levou ao fim da Missa dos Pré-Santificados.
Continua
- ‘A cinquant’anni dalla riforma liturgica della Settimana Santa’ (Cinquenta anos após a reforma litúrgica da Semana Santa), em Ephemerides liturgicae, CXX, 2006, n. 3, julho-setembro, p. 315.
- Mons. Gromier fez sua crítica à reforma em uma palestra em 1960 em Paris, após a qual foi impiedosamente ridicularizado e vilipendiado. Ele foi submetido a um ataque violento cheio de abuso pessoal pelo Pe. Louis Bouyer, que o retratou, entre outras coisas, como um “babão” e “velho cônego rabugento” obcecado por rubricas antigas. Ver La Maison-Dieu, n. 62, 1960, p. 152. Gromier viveu o resto de sua vida sob uma nuvem de ostracismo por parte do Vaticano.
- Ferdinando Antonelli in Carlo Braga, ed., La Riforma Liturgica di Pio XII: Documenti, vol. I - La Memoria sulla Riforma Liturgica, 1948, Rome: Edizioni Liturgiche, 2003, p. 65.
- Michel Andrieu escreveu uma série de artigos chamados ‘Immixtio et consecratio’ que foram publicados na Revue des Sciences Religieuses entre 1922 e 1924. Eles foram baseados na mais completa e meticulosa pesquisa histórica de fontes primárias.
- Pe. Antonelli escreveu uma nota em seu diário, datada de 22 de julho de 1949, para dizer que o "Memo" foi apresentado a Pio XII pelo Card. Micara e que ele (Antonelli) estava presente na ocasião. Apud Nicola Giampietro, El Cardinal Ferdinando Antonelli y la Reforma Liturgica, Ediciones Cristiandad, 2005, p. 42, nota 30.
Postado em 9 de agosto de 2023
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