Virtudes Católicas
A Sede de Almas - VII
A sede de almas é a chave do apostolado
Esta sede tem uma característica peculiar: quando alguém diz que tem sede de almas, é menos do que quando diz que tem sede de uma determinada alma. Ter sede de algo é desejar beber algo, incorporar alguma coisa particular à própria pessoa.
É assim que temos uma verdadeira sede de almas. Devemos desejar que nossa virtude tenha sede de se unir à virtude de outras almas.
O melhor aspecto do nosso instinto de sociabilidade é o apetite que a nossa virtude tem de entrar em contato com a virtude das almas alheias para crescer no amor à virtude e no amor a Deus. Quando duas almas virtuosas se encontram, a sede que uma sente pela outra é satisfeita. Existe um princípio metafísico que diz: Simile simili gaudet (o semelhante se alegra no semelhante).
Assim compreendemos aquelas grandes efusões de alegria dos santos quando se encontram. Por exemplo, entendemos o famoso encontro entre São Domingos, São Francisco e o carmelita Santo Ângelo. Francisco e Domingos estavam na Basílica de São João de Latrão, onde o famoso pregador Pe. Angelo estava dando um sermão.
No final da missa, Santo Ângelo esperou por eles e os abraçou, embora nunca os tivesse visto antes. Mesmo sendo de lugares diferentes, com missões diferentes, eles se ajoelharam, um antes do outro, e cantaram louvores a Deus. Então, Santo Ângelo predisse o futuro dos outros dois, contando-lhes as mercês que Deus lhes havia reservado.
Quando pensamos nesse encontro, gostaríamos de estar no canto daquela sala, em algum minúsculo buraco na parede, para assistir à cena, porque realmente era algo extraordinário. A alma de cada um discernindo a alma do outro, um se unindo ao outro e encontrando satisfação e realização.
É claro que além dessa sede de almas, o que realmente existe é uma sede de Deus. Não estamos falando de amizade romântica, onde uma alma tem sede da outra para satisfazer seus sentimentalismos, gostos ou caprichos. Muito menos uma simpatia utilitária, onde um usa o outro como instrumento para atingir algum fim. Antes, é propriamente uma sede desinteressada, onde a alma deseja o outro pelo que é, pela semelhança com Deus que tem. E, por isso, busca a santidade dessa outra alma para admirá-la.
Este é o ponto chave do apostolado. Temos um espírito apostólico quando percebemos outras almas. Quando podemos olhar para o menor indivíduo que caminha na rua e perceber algo sobre sua alma e pensar:
"Este homem, se fosse virtuoso, seria muito diferente. Como seria belo se fosse como deve ser! Como estou disposto a trabalhar, lutar, rezar, sofrer para que ele seja como deve ser! Mesmo que ele não me conheça, mesmo que nunca saiba que fui eu que lutei e rezei por ele. Eu o veria passar transformado e entenderia que uma obra-prima de Deus foi realizada." Então, eu exultaria no fundo da minha alma ao ver aquela obra, porque amo a obra de Deus, porque vem Dele. Fazendo isso, meu espírito ascende a Deus.
Ou seja, posso ficar fora do relacionamento. É um tipo de amizade que não exige retribuição. Não peço a quem ficou bom que se volte para mim, que foi o instrumento de sua conversão, e me agradeça. Não peço sua estima, exceto na medida em que a estima é uma virtude que ele deve ter. Mas, se fosse melhor que ele nunca soubesse que fui eu, também estou satisfeito.
O que eu queria, o que tenho é uma sede de alma dele, do Sagrado Coração de Jesus, do Imaculado Coração de Maria; Quero saciar essa sede de almas que eles têm e que me comunicam. Tenho sede de que sua alma seja santa.
Deixando o campo da 'heresia branca'
Levanto a questão de desinfetar este currículo de qualquer odor de "heresia branca." Quando um de nós tem sede de almas, tem sede de que a alma seja contrarrevolucionária. Não que tenha bons sentimentos langorosos de heresia branca, essas formas doces e sentimentais de piedade que no fundo carecem de uma visão autêntica da realidade. Não, não é isso.
Devemos ter sede de que o verdadeiro espírito da Igreja Católica, no que ela tem de grandioso, sério, sábio, sublime e ordenado – uma palavra diz tudo, no que ela tem de Sabedoria – exista nas almas. É disso que temos sede.
Todas as virtudes consideradas individualmente – castidade, veracidade, piedade, honestidade – todas essas virtudes são as aplicações concretas da Sabedoria. O que ansiamos é que essas almas tenham Sabedoria, essa seriedade, gravidade, sublimidade, calma, ordem, supercombatividade e superdinamismo, mas ao mesmo tempo uma Sabedoria supercontemplativa e superplácida, que dê a nota autêntica de espírito da Igreja Católica.
E quando, por exemplo, temos diante de nós um auditório cheio e olhamos para aquelas tantas almas e imaginamos o que há de sabedoria em cada uma, qual é o desígnio divino para a plenitude da sabedoria em cada uma dessas almas, não podemos dispensar nós mesmos de termos sede de almas. É impensável.
A sede de almas é quando olhamos para uma alma e percebemos qual seria a sua beleza, a beleza da obra de Deus quando o contrarrevolucionário completo, o escravo de Nossa Senhora, o Apóstolo dos Últimos Tempos foram totalmente construídos ali, quando temos vontade de olhar cada rosto e dizer: Sitio. Quero que essa alma seja como deve ser, desejo-o para Nosso Senhor, ainda que essa alma não saiba quem sou eu nem o que desejei. Eu desejo isso para Nosso Senhor, que só é tão bom quanto Ele deve ser.
A alegria de um santo encontrando outro: São Francisco e São Domingos se encontram e se abraçam em Roma; abaixo, o Bispo São Germano abençoa a pastora Santa Geneviève
O melhor aspecto do nosso instinto de sociabilidade é o apetite que a nossa virtude tem de entrar em contato com a virtude das almas alheias para crescer no amor à virtude e no amor a Deus. Quando duas almas virtuosas se encontram, a sede que uma sente pela outra é satisfeita. Existe um princípio metafísico que diz: Simile simili gaudet (o semelhante se alegra no semelhante).
Assim compreendemos aquelas grandes efusões de alegria dos santos quando se encontram. Por exemplo, entendemos o famoso encontro entre São Domingos, São Francisco e o carmelita Santo Ângelo. Francisco e Domingos estavam na Basílica de São João de Latrão, onde o famoso pregador Pe. Angelo estava dando um sermão.
No final da missa, Santo Ângelo esperou por eles e os abraçou, embora nunca os tivesse visto antes. Mesmo sendo de lugares diferentes, com missões diferentes, eles se ajoelharam, um antes do outro, e cantaram louvores a Deus. Então, Santo Ângelo predisse o futuro dos outros dois, contando-lhes as mercês que Deus lhes havia reservado.
Quando pensamos nesse encontro, gostaríamos de estar no canto daquela sala, em algum minúsculo buraco na parede, para assistir à cena, porque realmente era algo extraordinário. A alma de cada um discernindo a alma do outro, um se unindo ao outro e encontrando satisfação e realização.
É claro que além dessa sede de almas, o que realmente existe é uma sede de Deus. Não estamos falando de amizade romântica, onde uma alma tem sede da outra para satisfazer seus sentimentalismos, gostos ou caprichos. Muito menos uma simpatia utilitária, onde um usa o outro como instrumento para atingir algum fim. Antes, é propriamente uma sede desinteressada, onde a alma deseja o outro pelo que é, pela semelhança com Deus que tem. E, por isso, busca a santidade dessa outra alma para admirá-la.
Este é o ponto chave do apostolado. Temos um espírito apostólico quando percebemos outras almas. Quando podemos olhar para o menor indivíduo que caminha na rua e perceber algo sobre sua alma e pensar:
Ter sede de almas é discernir o potencial da virtude no homem mais simples e ajudá-lo a realizá-lo
Ou seja, posso ficar fora do relacionamento. É um tipo de amizade que não exige retribuição. Não peço a quem ficou bom que se volte para mim, que foi o instrumento de sua conversão, e me agradeça. Não peço sua estima, exceto na medida em que a estima é uma virtude que ele deve ter. Mas, se fosse melhor que ele nunca soubesse que fui eu, também estou satisfeito.
O que eu queria, o que tenho é uma sede de alma dele, do Sagrado Coração de Jesus, do Imaculado Coração de Maria; Quero saciar essa sede de almas que eles têm e que me comunicam. Tenho sede de que sua alma seja santa.
Deixando o campo da 'heresia branca'
Levanto a questão de desinfetar este currículo de qualquer odor de "heresia branca." Quando um de nós tem sede de almas, tem sede de que a alma seja contrarrevolucionária. Não que tenha bons sentimentos langorosos de heresia branca, essas formas doces e sentimentais de piedade que no fundo carecem de uma visão autêntica da realidade. Não, não é isso.
Devemos ter sede de que o verdadeiro espírito da Igreja Católica, no que ela tem de grandioso, sério, sábio, sublime e ordenado – uma palavra diz tudo, no que ela tem de Sabedoria – exista nas almas. É disso que temos sede.
Formando almas contrarrevolucionárias fundamentadas na Sabedoria
E quando, por exemplo, temos diante de nós um auditório cheio e olhamos para aquelas tantas almas e imaginamos o que há de sabedoria em cada uma, qual é o desígnio divino para a plenitude da sabedoria em cada uma dessas almas, não podemos dispensar nós mesmos de termos sede de almas. É impensável.
A sede de almas é quando olhamos para uma alma e percebemos qual seria a sua beleza, a beleza da obra de Deus quando o contrarrevolucionário completo, o escravo de Nossa Senhora, o Apóstolo dos Últimos Tempos foram totalmente construídos ali, quando temos vontade de olhar cada rosto e dizer: Sitio. Quero que essa alma seja como deve ser, desejo-o para Nosso Senhor, ainda que essa alma não saiba quem sou eu nem o que desejei. Eu desejo isso para Nosso Senhor, que só é tão bom quanto Ele deve ser.
Postado em 28 de agosto de 2023