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Virtudes Católicas
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Caminhos Verdadeiros e Falsos para a Felicidade - XXV

A pirâmide dos arquétipos que levam a Deus

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

king louis ix

São Luís IX, o arquétipo dos Reis da França

Se alguém tem uma certa qualidade em grau "x", só a tem porque outro ser tem a mesma qualidade em grau muito superior. Ele participa de alguma forma da qualidade que existe no ser mais elevado.

Este ser superior pode ser chamado de arquétipo. O que é um arquétipo? É um tipo que tem, de uma forma ultra-característica, uma qualidade excepcional ao máximo possível para uma criatura.

Pode haver, por exemplo, um rei arquetípico, um guerreiro arquetípico, um professor arquetípico, até mesmo um carregador arquetípico.

Quando existe um arquétipo, em torno dele florescem muitos homens que têm, em menor grau, qualidades que compartilham com ele. E, para que existam qualidades na humanidade, deve haver toda uma pirâmide de arquétipos.

Além disso, além da humanidade, deve haver Anjos que tenham essa qualidade com uma densidade muito maior do que nós, homens. Então, acima de todos os Anjos, há Deus.

Todas as qualidades existem em Deus de maneira infinita

Vamos centrar nossa ideia em Deus. As qualidades que existem nos seres existem em Deus de maneira infinita. Que qualidades? Todos eles – em Anjos, homens, animais, vegetais e minerais.

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O brilho das joias, em última análise, flui do brilho de Deus

Por que algo brilhante brilha? Porque Deus tem, de maneira espiritual, uma qualidade cuja imagem material é o brilho. Se Deus não existisse ou deixasse de existir, tudo o que é brilhante deixaria de brilhar porque todo o brilho do brilhante flui continuamente de Deus. Deus não brilha como uma pedra porque Ele não é uma pedra, mas Ele tem uma perfeição que a pedra imita ao brilhar.

Por que uma flor tem perfume? Porque este perfume da flor é uma qualidade que, à sua maneira, existe infinitamente em Deus, como em espírito e não como em matéria. A matéria participa à sua maneira dessa qualidade de Deus e tem seu perfume.

Assim, quando aprecio aquela flor, tenho – de maneira geral, inconsciente – uma ideia misteriosa e inefável de algo que existe em um ser fora desta vida que é perfeito e infinito.

Imaginemos um causeur perfeito (um conversador maravilhoso, extremamente agradável, interessante, atraente, gentil, fascinante, enfim, um homem com todas as qualidades sociais possíveis). Eu gostaria de passar boa parte do meu tempo com este homem, cuja ação me estimula a agir, cujo descanso é repousante e me descansa, cujo timbre de voz é música para meus ouvidos, cujo olhar é leve, cuja presença é calorosa, etc. Tudo extremamente encantador!

Bem e bom. Mas mesmo estando tão bem entretido, sempre poderia estar mais, pois sempre há outro grau de diversão. Em última análise, já que este homem tem essas qualidades em tal grau, deve haver um ser que tenha mais dessas qualidades do que ele. Deve haver um ser que, no final, os possua em proporções infinitas. De fato, quão maravilhoso será quando eu vir – face a face – Deus, infinitamente agradável.

'Eu quero mais'

more

A busca para encontrar 'mais'

Todas as coisas foram criadas para despertar em nós o gosto por mais: "Plus ultra, quero mais, quero mais!" é o movimento contínuo da alma de um católico.

Não só quero mais, mas quero tudo. E, porque quero tudo, não encontro em nada, mas minha razão me mostra que existe em algum lugar além, de maneira infinita.

Eis aqui a possibilidade de desfrutar das coisas de uma forma que nunca frustra! Porque aqui na terra no começo gostamos imensamente de algo, e depois isso nos decepciona. Mas essas coisas contêm em si um anúncio, uma promessa e um antegozo de algo mais e nos permitem suportar esta vida.

Essas considerações nos convidam a ter um espírito anti-igualitário. Isso porque, naqueles que são meus arquétipos, capazes de ser mais do que sou, vejo imagens de Deus.

Esses arquétipos me atraem assim como a plenitude atrai a parte. E então me conduzem à plenitude da plenitude que é Deus Nosso Senhor.

O oposto do espírito moderno

Esse espírito de participação em arquétipos, em vez de tornar a vida monótona, a torna agradável e prazerosa.

Tenho pena de quem não reconhece isso, assim como um homem que vê sente pena de um cego.

communion

Encontrando o Deus perfeito e absoluto na Comunhão

É esse prazer que nos dá forças para suportar muitas coisas chatas e desagradáveis, desde a manhã até a noite.

Prazer em quê? Prazer em olhar mil coisas, pensando: "Quero mais! Terei mais! Tenho mais!"

Na hora da Comunhão, este Deus perfeito e absoluto – omne delectamentum in se habentem (tendo nele todas as delícias)" – embora fisicamente imperceptível, entra em minha alma. E então, mesmo nesta Terra, eu tenho algo.

Aqui o espírito católico se mostra: é um espírito muito hierárquico, porque em todas as coisas busca o arquétipo, busca a maior perfeição criada possível e, então, voa para a perfeição incriada.

Alguém pode notar que essa posição da alma é muito diferente do espírito moderno.

Só muito diferente? "Não," protesto, "é exatamente o oposto e nada menos!" É a negação do espírito moderno, que é precisamente, frontalmente, sem rodeios e diretamente o oposto dessa busca de absolutos.

quest for absolutes

A busca de absolutos leva ao mundo dos Anjos e, depois, a Deus


Continua

Postado em 9 de janeiro de 2023