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Caminhos Verdadeiros e Falsos para a Felicidade - VI

A Luta é Outra Dimensão da Inocência

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
É natural que um menino cresça com outros meninos e rapazes. O instinto e a sociabilidade exigem isso: ele deve sondar ideias e formar opiniões sobre o que lhe interessa. À medida que ele cresce, o mundo dos pássaros e borboletas dá um passo para trás.

Nesse momento, se a criança for realmente inocente, terá que enfrentar um julgamento que era apenas um rascunho na fase anterior. O que entra em seu mundo é o mal, o sofrimento, uma fidelidade difícil, uma reação à agressão que experimenta e à luta, à batalha.

Boys playing

Quando uma criança entra em contato com companheiros, sua inocência é testada

Se a inocência for mantida, a batalha assume outro personagem. Ele começa a considerar e enfrentar o mundo das almas, que ele não conhecia.

Ele também adquire a noção do horrível, que antes tinha apenas vagamente, que pode vir a ser uma longa sombra na vida de alguém.

Esse combate acaba se tornando um dos pólos da vida, fora do qual inocência não é inocência. Quando ele é bem-sucedido nesta batalha, sua pessoa fica muito enriquecida, formando uma espécie de segunda inocência em cima da primeira: Segunda em todos os sentidos, porque é muito mais consciente, muito melhor compreendida e mais desejada; sobretudo, porque se esclarece pela contradição.

O menino está fechado como uma fortaleza. Do jardim aberto da infância, ele se fecha dentro de seus próprios muros. Mas, ao mesmo tempo, também se define: "Não serei como os outros. Sou eu mesmo e, custe o que custar, serei quem sou. Continuarei sendo eu mesmo. Não sou os outros e vou lutar com os outros, se necessário."

É um amadurecimento da alma em todos os sentidos da palavra. Mas é também a aquisição de uma nova dimensão de inocência.

A tentação de Fausto

Mas – ai! – como Adão e Eva no Paraíso Terrestre, a certa altura vem uma tentação: aquele mundo de belezas e certezas originais se apresenta como algo muito alto, muito distante e de pouca utilidade. Isso precisa ser removido.

A tendência de deixar de lado a inocência nasce lentamente na criança. Ele tem vagamente este pensamento: '"Essas coisas não são nada além de fantasias. Elas são irreais e não devem ser levadas em consideração." Esta é uma tentação que pode matar sua inocência!

Young man withbow and  arrows

Para manter a inocência o menino deve vencer uma batalha e proteger o mundo maravilhoso que ele ama

Se Católico, a mãe ou o pai podem ensinar a criança a rezar a Ave Maria – que é uma coisa preciosa! – mas pode não ser suficiente para sustentá-lo nesta batalha. Pois o senso de ordem característico da inocência está em uma esfera que requer um trabalho especial; o cuidado comum não será suficiente.

Antes de ser tentada, a criança pode ter amado o bem com certa exclusividade, ou seja, rejeitando o que lhe é oposto. Se sim, quando a tentação entra, ele está armado. Se amou o bem sem exclusividade, mas porque era bonito ou confortável, está desarmado.

É na primeira relação da criança com o bem que ela muitas vezes se define.

De maneira indireta, como pensaria uma criança, surge a pergunta: "Agora tenho a aprovação dos outros. Consinto em ser diferente deles, se necessário? E até ficar completamente isolado? Assumir o risco e a aventura de uma vida diferente da de todos e que parece inferior à dos outros?"

Então, ele vai para a escola. Muitas vezes a vida escolar é um rio que corre na direção oposta da inocência.

Diante desse novo desafio, um menino muitas vezes pensa, mais ou menos explicitamente: "Tudo antes era apenas espuma. Bolhas de sabão! Olhe para o outro lado - o valor e a grandeza das coisas materiais. É aí que se encontra prestígio, riqueza, fama, beleza física e todo tipo de prazer. Veja a vida louca que levarei se não escolher isso! Serei um faquir, um anacoreta, um eremita. Se eu escolher a inocência, estou correndo atrás de um sonho...'

É a tentação de Fausto, personagem fictício de Goethe que vendeu sua alma ao Diabo em troca de vantagens na vida terrena, que se apresenta em termos infantis.

Algo semelhante pode acontecer na cabeça de uma pessoa que manteve sua inocência até a idade adulta.

Impureza gera agitação e infortúnio para toda a vida

Temptation of Faust

A tentação de Fausto para um menino é vender sua inocência para caber no mundo

Por causa da precocidade sexual que predomina nos trópicos, percebi que a impureza se torna uma mania predominante muito cedo na vida de um jovem. Tudo o que não é impuro começa a parecer monótono.

Essas tendências são completamente contrárias a como eu entendi que a vida deveria ser. Vi que a impureza trouxe consigo uma desordem completa. Ela oferecia um certo prazer e um certo deleite para o momento, mas espalhava agitação e infortúnio por toda a vida. Compreendi que a impureza é um fogo. E percebi que, se quisesse manter aquela bela e nobre placidez a que estava acostumada, deveria me manter puro e fazer todo o esforço para ter pureza em minha vida.

Também percebi rapidamente que os impuros estavam sujos: rolavam no chão, se misturavam com a poeira, tinham os dedos sujos, não lavavam. A sensação de limpeza desaparecia ou diminuía com a impureza.

Continua

Postado em 16 de maio de 2022