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NOTÍCIAS: 6 de dezembro de 2023 (publicada em inglês a 30 de outubro de 2023)
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Atila Sinke Guimarães
O RELATÓRIO DO SÍNODO: UMA CAIXA VAZIA QUE CHEIRA MAL – Após 25 dias de reuniões, o Sínodo sobre a Sinodalidade terminou ontem, 29 de outubro, como sendo um pouco mais que nada, no que diz respeito às expectativas levantadas entre os progressistas e aos medos alimentados entre os conservadores.

No dia 28 de outubro foi divulgado o seu documento final intitulado Um Relatório de Síntese, que apresentava as propostas dos 350 Bispos e membros votantes.

Antes de entrar nas grandes omissões desta reunião, que frustraram tanto os progressistas radicais como aqueles que previam o Dilúvio que viria deste Sínodo, gostaria de mencionar aos meus leitores algumas realidades fundamentais que não foram levadas em consideração por ambas as partes durante a altamente emocional período de preparação e da própria realização do Sínodo.
  1. Este Sínodo, como todos os anteriores, não teve poder deliberativo; tinha apenas poder consultivo. Em outras palavras, não poderia decidir nada de fundamental para a Igreja. Portanto, todas as discussões dos Bispos e o documento final que aprovaram são simples propostas. O Papa é quem pode ou não aceitar essas propostas. Consequentemente, a grande expectativa emocional e o medo que rodeava o encontro foi fruto de uma propaganda enganosa, que queria que todos acreditassem que o Sínodo tomaria “decisões finais” sobre este ou aquele tema e mudaria radicalmente a Igreja.

  2. Francis with women in synod

    Francisco posa com as mulheres que convidou para o Sínodo

  3. Uma das grandes novidades foi que o Papa Francisco convidou 50 mulheres para participarem no Sínodo e concedeu-lhes o direito de voto. Assim, a propaganda fingia que a partir de agora as mulheres iriam “decidir o futuro da Igreja.” Esta inclusão das mulheres foi uma coisa má que Francisco fez, mas não teve um alcance tão amplo. Votaram, mas votaram propostas e não decisões.

  4. O Vaticano introduziu um sistema de votação eletrônica neste Sínodo. Cada participante tinha um pequeno tablet à sua frente sobre a mesa e apertava um botão para aprovar ou reprovar cada parágrafo do documento final. Com a prática que todos nós temos com o voto electrônico nas nossas eleições fraudulentas, não podemos excluir que os resultados finais também tenham sido manipulados no Vaticano. Se fosse este o caso, mesmo as propostas pouco enfáticas do documento final poderiam ser exageradas para dar a impressão de que os Bispos eram mais progressistas do que são.

    Independentemente desta primeira suspeita, creio que os nomes dos eleitores não foram registados nem constados no sistema de votação electrônica; isto é, o computador central conseguiu contar o número de votos, mas não sabia quem – bispo ou mulher – votou em quê.
Quatro grandes frustrações

Esperava-se a aprovação de quatro propostas principais: bênçãos para casais homossexuais, padres casados, diaconato para mulheres e aprovação da Comunhão para casais divorciados e recasados. Deixe-me focar em cada um deles conforme abordado no Relatório de Síntese, o documento final do Sínodo de 2023:
  1. Bênção para os homossexuais:

    O Relatório de Síntese não usou a sigla LGBT e incluiu o cuidado aos homossexuais nestas frases anódinas:

    • Algumas questões, como as relacionadas com a identidade de gênero e orientação sexual, o fim da vida, as situações matrimoniais e os problemas éticos relacionados com a inteligência artificial, são controversas não só na sociedade, mas também na Igreja porque levantam novas questões. Até agora as categorias antropológicas que elaboramos não são suficientes para apreender a complexidade dos elementos que emergem da experiência ou do conhecimento da ciência, e requerem um estudo mais preciso e cuidadoso.” (15g)

    • De diversas maneiras, mesmo as pessoas que se sentem marginalizadas ou excluídas da Igreja por causa da sua situação matrimonial ou da sua identidade sexual pedem que sejam ouvidas e acompanhadas e que a sua dignidade seja defendida. …A Assembleia reafirma que os cristãos não podem faltar ao respeito pela dignidade de qualquer pessoa.” (16h)

    Estes textos que reconhecem a existência de homossexuais e transexuais estão longe de ser uma aprovação indiscutível de bênçãos para casais homossexuais, e ainda mais longe de serem uma aprovação de casamentos homossexuais.

  2. Padres casados:

    Synod on synodality

    No Sínodo sobre a Sinodalidade todos sentados no mesmo nível em mesas iguais – democracia na Igreja

    O texto que trata do celibato sacerdotal é este:

      • “Expressaram-se diferentes avaliações sobre o celibato dos sacerdotes. Todos elogiaram o valor da profecia e do testemunho de conformidade com Cristo; alguns perguntaram se a conveniência teológica [do celibato] no ministério sacerdotal deveria necessariamente ser traduzida na Igreja latina como uma obrigação disciplinar, especialmente em contextos eclesiais ou culturais que a tornam mais difícil. Este não é um tema novo; requer ser abordado novamente.” (11f)

    É um reconhecimento muito geral que alguns dos membros do Sínodo levantaram o problema do celibato sacerdotal. Não é uma decisão, nem mesmo uma proposta. É apenas um relatório de um problema sobre o qual a discussão foi adiada.

  3. Mulheres diáconas

    Novamente, os seguintes textos sobre este tema são apenas relatos do que aconteceu nas reuniões, e não decisões ou propostas:

    • “Diversas posições foram expressas sobre o mérito do acesso das mulheres ao ministério do diaconato. Alguns consideraram que este seria um passo inaceitável, uma vez que representa uma ruptura com a Tradição. Para outros, dar às mulheres acesso ao diaconato restauraria uma prática da Igreja primitiva. Outros ainda discernem neste passo uma resposta adequada e necessária aos sinais dos tempos, sendo fiéis à Tradição e encontrando habilmente um eco no coração de muitos que procuram uma renovada vitalidade e energia na Igreja. Alguns expressaram o temor de que este pedido causasse uma perigosa confusão antropológica que levasse a alinhar a Igreja com o espírito da época, uma vez que ela aceitaria mulheres diáconas.” (9j)

    • Uma reflexão mais profunda sobre esta questão [dos diáconos] lançará luz também sobre a questão do acesso das mulheres ao diaconato.” (11i)

    Vemos que não há nada de decisivo nestes textos.

  4. Comunhão para casais divorciados e recasados

    Também aqui o Relatório de Síntese wfoi vago e omisso.

    Electronic vote in the synod

    Cada participante tinha um pequeno tablet
    tpara fazer anotações e votar

      • “A participação de homens e mulheres que vivem relações afetivas e conjugais complexas ‘pode expressar-se em diferentes serviços eclesiais, o que exige necessariamente discernir quais das diversas formas de exclusão atualmente praticadas nos âmbitos litúrgico, pastoral, educativo e institucional podem ser superadas.’ (Amoris laetitia, n. 299) O discernimento em questão diz respeito também à exclusão praticada pelos órgãos de participação das comunidades paroquiais e diocesanas em não poucas igrejas locais.” (18f)
Estes são os textos do Sínodo sobre as questões quentes.

Posso compreender bem porque é que os progressistas estão frustrados. Estas afirmações nada mais são do que a repetição de anteriores declarações progressistas intermediárias, sem acrescentar nada de novo.

É por isso que digo que o Relatório de Síntese é uma caixa vazia. Digo também que quando abrimos esta caixa, ela cheira a lixo, porque recicla – com uma subserviência nauseante a Francisco – a mesma má doutrina conciliar que coloca ênfase na sinodalidade.

Então, se o Sínodo foi apenas uma repetição, por que se reuniu com tanto alarde?

Responderei a esta pergunta na minha próxima coluna, que espero que seja publicada em breve.

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