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NOTÍCIAS: 20 de janeiro de 2021 (publicada em inglês a 16 de novembro de 2020)
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Atila Sinke Guimarães
O NOVO IMPULSO DE BERGOGLIO CONTRA O CAPITALISMO - Como comentamos na semana passada sobre a forma da Fratelli tutti, hoje irei entrar no seu conteúdo. Abordarei os ataques de Francisco contra o Capitalismo.

Infelizmente, hoje em dia é indiscutível que o Papa Francisco é o expoente da esquerda mais dinâmico do mundo. É comum ouvir de todas as camadas da sociedade: “Papa Francisco é comunista!” Isso está sendo dito até entre os pequenos, como vimos no carnaval Italiano.

Esta é uma conclusão coerente, já que ele apoiou todos os líderes comunistas da América Latina, começando por Fidel Castro e seu irmão Raul Castro, e descendo a escada: Daniel Ortega na Nicarágua, Nicolas Maduro na Venezuela, Rafael Correa no Equador, Lula da Silva e Dilma Roussef no Brasil, Michele Bachelet no Chile, Evo Morales na Bolívia, Cristina Kirchner e Alberto Fernandez na Argentina, José Mujica no Uruguai.

Hammer and sickle to Pope Francis

Em sua viagem à Bolívia, Francisco foi decorado com um Crucifixo colocado em uma foice e um martelo

Ele não deixou de dar todo o prestígio possível a pensadores revolucionários da Teologia da Libertação, como Gustavo Gutierrez e Leonardo Boff. E também incentiva os chamados Movimentos Populares - que nada mais são do que células comunistas que instigam a luta de classes - a avançar com suas demandas subversivas. Ele manteve vários encontros com esses movimentos no Vaticano e durante uma de suas visitas à América do Sul. A imprensa oficial do Vaticano chegou a publicar um livro sobre eles que inclui um prefácio escrito por Francisco.

Em seus documentos e discursos anteriores, ele invariavelmente assumiu uma posição de extrema esquerda contra o regime econômico do Capitalismo, como analisei em ocasiões anteriores. (aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui)

Então, quando digo que ele tem um nova entrada contra o Capitalismo em Fratelli tutti, a que me refiro?

Além de seus furiosos e apaixonados ataques diretos contra o sistema econômico Capitalista, que continuam a todo vapor, estou me referindo mais especificamente à luta de Francisco por:
  1. O fim do estilo de vida Ocidental, referindo-se aqui não aos seus aspectos maus e imorais, mas sim àqueles elementos bons que ainda refletem a Civilização Cristã (§§ 17, 22, 24, 30, 33, 36, 39, 41, 43, 49, 113, 114, 117, 151, 215, 217, 219-221);

  2. O fim do conceito de nação e seu patriotismo correlato (§§ 7, 11, 27, 35, 83, 86, 96, 99, 121, 124, 125-127, 130, 138, 141, 142, 146, 153, 159, 171, 172, 192);

  3. O fim da assistência aos pobres, no sentido de que os pobres não devem ser ajudados por caridade, mas sim como um direito que devem exigir.
Para analisar cada um desses três pontos de maneira adequada, eu precisaria escrever um artigo para cada um. Mas como já estou no segundo artigo de uma série mais ampla para examinar os principais ataques feitos por Fratelli tutti – contra o Capitalismo, a propriedade privada e a Igreja Militante - não é viável abordar cada um desses três pontos agora. Vou deixar os dois primeiros para que outros analisem; é por isso que listei os parágrafos de Fratelli tutti onde esses temas podem ser encontrados, e irei abordar apenas o último.

O fim da assistência aos pobres

Afirmo que Francisco agora defende a tese de que doar aos pobres por caridade é ruim porque esse tipo de ajuda os torna submissos às classes mais altas. Em vez disso, os pobres deveriam receber dos ricos porque é seu direito. Está implícito que os pobres devem exigir dinheiro e ajuda e, se os ricos não o derem, os pobres podem se revoltar e tomá-los à força.

Em um primeiro texto, o Papa Francisco expressa essa restrição de dar dinheiro aos pobres:

“Daí minha insistência em que, ajudar financeiramente os pobres deve ser sempre uma solução provisória diante das emergências. O verdadeiro objetivo deve ser sempre permitir-lhes uma vida digna através do trabalho.” (§ 162)

St Elizabeth of Hungary

De acordo com a nova entrada de Francisco, Santa Isabel da Hungria teria alimentado os pobres apenas para mantê-los quietos e fora do caminho

Essa afirmação toca de leve no problema. O Papa coloca uma restrição. Dar dinheiro aos pobres habitualmente, como a Igreja Católica sempre recomendou aos fiéis como uma obra de misericórdia, não é bom.

Ao apontar “o verdadeiro objetivo,” insinua que os pobres têm direito a esse dinheiro, o que ficará mais claro nos textos que se seguem.

Além disso, ao desenvolver um novo conceito de “amor político,” ele acusa aqueles que dão dinheiro aos pobres de serem mal-intencionados; eles só querem reduzir os pobres a uma posição passiva:

“Só um olhar transformado pela caridade pode permitir que os pobres sejam reconhecidos e apreciados em sua imensa dignidade ... e verdadeiramente integrados na sociedade. Esse olhar está no cerne do autêntico espírito da política. Vê caminhos abertos que são diferentes daqueles de um pragmatismo sem alma. Faz-nos perceber que, perante o escândalo da pobreza, não podemos promover estratégias de controle que apenas tranquilizem os pobres e os tornem domesticados e inofensivos. Como é triste ver que, por trás de um suposto altruísmo, o outro é reduzido à passividade.” (§ 187)

Portanto, aqui encontramos duas acusações violentas:

Primeiro, todos os atos de caridade que fazemos para ajudar os pobres em suas necessidades são considerados inautênticos, falsos e hipocritamente egoístas. Segundo Francisco, essas ações nobres na verdade não seriam nobres e louváveis, mas apenas para manter os pobres anestesiados para não criar problemas para nós. Eu acredito que esta é uma interpretação grave da realidade. A caridade feita por indivíduos e associações é motivada principalmente por um desejo autêntico de livrar nossos irmãos dos infortúnios que sofrem.

Segundo, as ações de caridade e socorro realizadas pelos governos têm um objetivo nobre análogo, embora menos perceptível por causa de sua natureza impessoal. No entanto, todo homem Ocidental que não sofre pobreza considera favoravelmente os esforços de seu governo para ajudar os pobres em seu próprio país ou no exterior.

Vemos, portanto, que o Papa Francisco distorce muito a realidade ao rotular indiscriminadamente todas as ações de caridade que fazemos como hipocritamente destinadas a manter os pobres calados e domesticados. É uma acusação não muito diferente daquela de Marx chamando a Religião de "ópio do povo." Aqui, o Papa transferiu essa acusação para as classes alta e média do Ocidente. Na verdade, ele está acusando nossa caridade de ser o "ópio do povo.”

Alguns parágrafos depois, ele se torna ainda mais agressivo:

“Ainda estamos longe de uma globalização do mais básico dos direitos humanos. É por isso que a política mundial precisa fazer da eliminação da fome um de seus objetivos principais e imperativos. Com efeito, quando a especulação financeira manipula o preço dos alimentos, tratando-os como qualquer outra mercadoria, milhões de pessoas sofrem e morrem de fome. Ao mesmo tempo, toneladas de alimentos são jogados fora. Isso constitui um verdadeiro escândalo. A fome é um crime, a comida é um direito inalienável.” (§ 189)

Pope Francis holding red balloon

O Papa Bergoglio oferece aos fiéis mitos comunistas como se fossem uma sã doutrina Católica

Agora, as intenções comunistas do Papa Francisco ficam mais claras. Ele levanta a bandeira para que as multidões se revoltem contra os que não têm fome. Comer é “um direito alienável” e se alguém não o tem é porque outra pessoa o está criminalmente impedindo de comer.

Temos um Papa que, ao invés de promover a paz e a harmonia entre as classes sociais, está atuando como um agente dinâmico para colocar uma classe contra a outra.

Essas afirmações ousadas trazem à mente outra linha de Francisco onde ele interpreta erroneamente o ensinamento da Igreja primitiva:

“Isso os levou a pensar que se uma pessoa não tem o necessário para viver com dignidade, é porque outra pessoa se apossou dela.” (§ 119)

Mais uma vez, o Papa Bergoglio está repetindo a tese de outro comunista, Proudhon, que afirmou: “Propriedade é roubo!”

A consequência radical dessa tese papal é que se um homem tem dinheiro e outro não, se um tem comida e outro não, o primeiro roubou do segundo. É uma declaração que poderia estar no L’Internationale Communiste.

É trágico ver um Papa assumir os ideais do Comunismo em uma de suas encíclicas para tentar destruir o sistema socioeconômico que rege o Ocidente, o Capitalismo.

Comunista nas ideias, comunista nos meios - a promoção da luta de classes - e comunista nos objetivos - a destruição do Capitalismo: Esta é uma conclusão parcial do que Fratelli tutti nos ensina.

Mas, ainda há outros pontos a serem abordados…

Continua