Sim, por favor
Não, obrigado

Teologia da História

donate Books CDs HOME updates search contact

Revolução e Contra-Revolução
nas Tendências, Ideias e Fatos


Atila Sinke Guimarães

Estou agradavelmente surpreso com a boa resposta que o tema Revolução e Contra-Revolução (clique aqui) está tendo entre os apoiadores da Tradition in Action. Alguns me pediram para entrar em mais detalhes, dando uma explicação mais profunda dos tópicos que toquei de passagem durante aquela visão geral. Deixe-me responder pelo menos em parte a este pedido.

Acho importante familiarizar meu leitores com as noções de Revolução e Contra-Revolução nas tendências, ideias e fatos.

Quando a revolução começou? Qual é o ponto de transição entre o período pré-revolucionário e a era revolucionária?

Para responder a essas questões, vou tomar emprestadas algumas perspectivas históricas do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, meu mentor na luta R-CR e na explicação desse fenômeno.

Permitam-me começar observando que, de certo ponto de vista, a história da Europa teve dois períodos, um combativo e outro triunfante.

O período combativo

Charlemagne fighting a muslim king

Carlos Magno, de vermelho, lutando contra um Rei Muçulmano
Primeiro vou analisar o período combativo. Durante esse tempo, havia uma mistura de povos Latinos e Alemães na Europa que foram batizados e cristianizados. Eles viviam em condições extremamente difíceis, sua existência ameaçada por muitos inimigos.

Se alguém estudar a Europa de Carlos Magno (742-814) ou imediatamente depois, a Europa do século 9, surge o seguinte quadro:
  • Os Árabes dominaram a Espanha e constituíram um perigo contínuo ao longo dos Pirineus. Fizeram constantes invasões ao sul da França e Itália e conquistaram quase toda a costa mediterrânea.

  • O Império Católico também foi ameaçado pelos Saxões do Nordeste e pelos Normandos do Norte, que cruzaram a França pelo rio, chegaram ao Mar Mediterrâneo e seguiram em direção à Sicília. De lá, eles partiram para o Império Oriental e queimaram parte de Constantinopla.
Hoje, pode-se pensar que Carlos Magno reinou em uma época relativamente pacífica. Isso não é verdade. Seu reinado foi marcado por inquietação e muitas provações.

O período triunfante

Esta era de provações durou na Europa até o século 13, que viu um período triunfante. O que aconteceu? Os Árabes ainda estavam na Península Ibérica, mas sua supremacia estava declinando. Tinham perdido partes consideráveis da Espanha e de Portugal, e a conquista de Granada com a expulsão dos últimos Mouros da península já estava no ar. Por causa do declínio da força dos Árabes, os Turcos os expulsariam no século 15 e conquistariam a costa mediterrânea com relativa facilidade.

Ao mesmo tempo, os Saxões foram completamente convertidos ao Catolicismo, assim como os Húngaros, que haviam sido uma grande ameaça. Os agressivos Prussianos e letões estavam prontos a abandonar sua religião e costumes pagãos. Os Normandos se integraram a outros povos, entraram na Inglaterra e não representavam mais um perigo.

A impressão geral que tudo isso dá é de uma Europa que adquiriu grande autoconfiança e superou os perigos que a ameaçavam. Essa impressão gerou uma mudança de mentalidade. Antes, havia um estado de espírito combativo e vigilante. A partir de então, o espírito triunfou.

Prince Henry the navigator

O Infante D. Henrique na Escola Náutica de Sagres, Portugal, que desempenhou um papel importante na descoberta do Novo Mundo - de Adriano de Sousa Lopes
Então, o que emergiu foi a atmosfera imperial e vitoriosa do final da Idade Média. Em vez de representar Nosso Senhor como um Mártir sofredor e crucificado nas catedrais, arte e liturgia, tornou-se popular apresentá-lo como um Rei na glória, cujo domínio duraria até o fim dos tempos. Havia uma sensação clara de que o poder de Jesus Cristo havia sido estabelecido na Terra para sempre. O continente mais civilizado e glorioso do mundo era Católico, e o Reino de Cristo havia sido estabelecido na terra.

O homem medieval tinha uma forte percepção de seu vigor e de tudo o que dele adviria. Não devemos esquecer que, após a queda de Granada, a Península Ibérica lançou uma série épica de navegações que resultariam na descoberta das Américas e no domínio europeu sobre partes consideráveis do Oriente. Este período representaria uma expansão prodigiosa da Europa. E o homem medieval percebeu isso. Havia uma atmosfera de grande esperança, expectativa e alegria.

Paralelamente a este triunfo, as guerras tornaram-se menos frequentes e os costumes começaram a mudar. Um espírito de doçura e suavidade entrou em cena, e os Católicos começaram a relaxar sua maneira de ser. Foi uma dissensão natural que parecia ser um alívio legítimo.

Então, o homem medieval começou a permitir mais tempo para os prazeres. A vida social em desenvolvimento exigia mais festas e luxos, cada vez mais brilhantes e luxuosos. As canções tornaram-se mais alegres e joviais e não eram mais dominadas por temas de guerra ou religião. As artes tornaram-se leves e divertidas. Até a arquitetura gótica tornou-se menos severa e começou a brincar; ela deixou de lado seu comportamento sério e estável e começou a dançar. Foi o nascimento do gótico extravagante. Essa suavidade geral de espírito continuou nos séculos 13 e 14.

Essa mudança de mentalidade, que em muitos aspectos era legítima, apresentou a oportunidade, entretanto, para a Revolução começar a subverter o principal princípio Católico que sustentava a Cristandade medieval. Ou seja, o amor à cruz e o sentido correlato de sacrifício e espírito de luta contra os inimigos de Nosso Senhor.

Durante o período de guerras e graves adversidades, o amor à Cruz pelo homem medieval foi uma consequência natural de ser Católico e ter que enfrentar o perigo. O amor à cruz e o sentido do sacrifício eram uma segunda natureza para o cavaleiro voltado para a expulsão dos Mouros da Península Ibérica, por exemplo, ou para o cruzado na Terra Santa defendendo-a do inimigo. Sua vida foi dedicada a um ideal, e a cada momento ele se arriscava a morte e se colocava diante do tribunal de Deus. Por causa desse amor, o cavaleiro carregava uma cruz no peito e se autodenominava cruzado - o que significa um homem marcado pela cruz.

Foi neste período de triunfo que o pedido legítimo de relaxamento e gozo de prazeres inocentes abriu as portas para a Revolução.

Introduzindo a sensualidade na mentalidade do homem medieval

Como a Revolução aproveitou esse relaxamento legítimo para introduzir a sensualidade na mentalidade do homem medieval?

A trabadour at a medieval court

Acima, um trovador se apresenta na corte temperada de um casal real medieval. O ambiente se tornou extravagante na corte Renascentista. Abaixo, um anão-bobo com um macaco faz parte de um grande grupo de artistas.

extravagent renaissance jester
Por meio de agentes estrategicamente posicionados, a Revolução passou a exagerar o apetite do homem pelos prazeres terrenos. Na corte dos nobres, as vozes do estilo começaram a ditar que os banquetes se tornassem mais elaborados - não só a comida, mas também a música. Em seguida, havia dançarinos fazendo acrobacias, palhaços contando piadas e zombando dos convidados com suas brincadeiras. Essas festas, que costumavam ser raras, tornaram-se cada vez mais frequentes.

Os burgueses e plebeus da aldeia e os camponeses do campo imitariam as modas da corte. As constantes festas, torneios e festivais criaram uma atmosfera de curtir a vida que substituiu o antigo ambiente sério. Com isso, o apetite pelo prazer se transformou em uma ânsia desequilibrada de aproveitar a vida. Assim, as festas, que a princípio eram apenas uma conveniência agradável, tornaram-se indispensáveis. Com isso, uma linha importante foi cruzada.

Essa vida elegante de festividade constante se refletia nas roupas, nos modos, na linguagem, na literatura e na arte. A busca constante por experiências deliciosas e indulgência dos sentidos necessariamente produziu suavidade e sensualidade.

Ao mesmo tempo, a cavalaria em grande parte abandonou sua luta pelos ideais religiosos, deixando de lado a defesa da Terra Santa e a proteção das viúvas e dos órfãos. Em vez disso, tornou-se sentimental. Tornou-se um cavalheirismo de amor, com cavaleiros dedicados a lutar pelos afetos de uma dama.

É fácil perceber que esses prazeres nem sempre foram legítimos. Os antigos menestréis, que ocasionalmente cantavam as chansons de geste para apoiar a militância Católica, foram substituídos por uma rede organizada de trovadores, que viajavam por toda a Europa. Espalhando amor cortês em suas letras, eles frequentavam os castelos de reis e nobres, ou entretinham o povo nos mercados e feiras.

Frequentemente, os temas dessas canções não eram mais morais e decentes. Por exemplo, durante algum tempo, eles cantaram canções que descreviam em detalhes o corpo nu de Leonor da Aquitânia, a herdeira de um dos ducados mais poderosos da França. Ela se casou com Henry Plantagenet, o Rei da Inglaterra, e se tornou a mãe de Ricardo, o Coração de Leão e João, o Sem Terra. Sua corte na Aquitânia, e depois na Inglaterra, foi um dos pontos focais para espalhar o amor cortês que veio a dominar a cavalaria e as cortes nobres. Era também um centro para a companhia organizada de trovadores imorais a quem ela acolhia e patrocinava.

Great hall

Os grandes salões se tornaram extremamente ricos e caros
Castelo Fugger em Kirchheim, Alemanha
De passagem, deixe-me observar que, quando essa febre pelos prazeres se tornou dominante, ocorreu outro desequilíbrio correlato. As necessidades financeiras aumentaram consideravelmente para acompanhar as novidades - novas decorações para salas de jantar e salões, festas caras, vestidos da moda, estipêndios para músicos e artistas, etc.

Consequentemente, muitas das fontes financeiras estáveis do passado que estavam principalmente ligadas para a terra não poderia mais cobrir as muitas despesas extras. Com isso, surgiu a necessidade de novos negócios com ganhos rápidos. Mas, como costuma acontecer, muitos dos negócios não tiveram sucesso. Para responder a esta nova necessidade financeira, surgiram homens em lugares estratégicos da sociedade dispostos a emprestar dinheiro aos nobres ou burgueses que precisavam de fundos.

Por isso, sem introduzir nenhuma doutrina explícita, a Revolução foi capaz de mudar a mentalidade do homem medieval, transformando o amor à cruz que possuía em espírito de gozo da vida. Isso desencadeou um processo artificial de sensualidade que foi manipulado e controlado pela Revolução.

Orgulho e vaidade começam a dominar o homem medieval

Como a Revolução manipulou o orgulho do homem medieval?

Paralelamente a esse sentimentalismo, criou-se uma atmosfera favorável para que o cavaleiro medieval abandonasse seu velho pudor e passasse a se gabar de suas aventuras de guerra. Ele foi encorajado a saborear os prazeres da vaidade recebendo elogios descrevendo suas proezas. Então, para ganhar ainda mais aplausos de uma audiência ávida por tais relatórios, o cavaleiro exageraria suas realizações.

Renaissance knights

O cavaleiro Renascentista se tornou um homem de exibição
e um fanfarrão
Não demorou muito para ele se tornar um fanfarrão. Ele se gabaria, por exemplo, de que em tal e tal batalha com sua única lança matou cinco Mouros seguidos, um após o outro, como um homem que põe linguiça em uma vara. Outra vez, ele atingiu um Árabe e errou, mas seu golpe foi tão forte que, quando sua espada atingiu uma enorme rocha na montanha, ela partiu o topo da rocha em dois pedaços.

Frequentemente, esses heróis falsos competiam entre si para inventar histórias de suas proezas para ganhar o aplauso fácil do público da corte na moda e superficial. Logo este ambiente de competição alimentado pelo orgulho e vaidade se estabeleceu nas cortes nobres e até mesmo dentro da própria cavalaria. Esse espírito de orgulho e presunção descarada era bem diferente da antiga reserva e desinteresse do cavaleiro medieval, cujos únicos objetivos eram destruir o inimigo de Cristo e adquirir méritos para o Céu. Foi em reação a essas ostentosas demonstrações de orgulho que Cervantes escreveu seu famoso Don Quijote de la Mancha.

Além disso, algumas pessoas bem posicionadas influenciaram os ambientes da corte, de modo que, além dessas descrições animadas de proezas na batalha, o cavaleiro também sentiu a necessidade de mostrar que havia lido este ou aquele poeta, que sabia cantar tal e tal canção; ele estava familiarizado com esse novo estilo de dança.

Nesse mercado de vaidades, também se tornou moda para os nobres saber algo sobre autores Latinos ou Gregos clássicos e deixar cair várias de suas falas em uma conversa. Quando a porta desta vida na corte se abriu para alguns eclesiásticos instruídos e mundanos, bem como para professores leigos eruditos e inteligentes e artistas talentosos, eles trouxeram mais erudição e brilho ao conjunto. Mas também criaram um novo ponto de comparação que obrigava os nobres a aprender um latim melhor e um pouco de grego, e a estudar arte e filosofia para se manterem no meio social e não serem considerados rústicos.

Este foi o meio que a Revolução usou para transformar o humilde e sereno homem medieval voltado para a glória de Deus em um pavão orgulhoso e superficial absorto em si mesmo e em suas próprias façanhas e talentos, gastando uma quantidade considerável de seu tempo atualizando-se com as últimas modas. Foi assim que o homem medieval se tornou o homem da Renascença.

Nem doutrina nem ideias foram divulgadas para atingir esse objetivo. Apenas um trabalho genial dirigido metodicamente para estimular duas grandes paixões humanas - o orgulho e a sensualidade - de forma a implantar uma nova mentalidade. Uma vez que a mentalidade mudou, o espírito foi preparado para receber as novas ideias.

Essa foi a eficiência da primeira Revolução nas tendências.

Revolução nas ideias

A principal corrente de pensamento da época vinha das Faculdades de Direito, principalmente das Universidades de Paris e de Bolonha, que deram origem aos Legistas. Os Legistas eram estudiosos do Direito Romano, provavelmente ligados entre si em várias sociedades secretas, que afirmavam que o Direito Romano deveria organizar todos os Estados em qualquer momento da História.

Proud renaissance man

O orgulho e o ar teatral do homem renascentista ficam evidentes neste detalhe de uma pintura de Sandro Botticelli
De acordo com essa doutrina, tudo o que um príncipe ditar deve adquirir força de lei no Estado, assim como era no Império Romano. Quer dizer, os legistas pregavam o Absolutismo: a vontade absoluta do rei deve prevalecer. Como consequência, os legistas se opuseram ao modo Católico e medieval orgânico de ordenar o Estado.

O Estado na Idade Média era constituído por corpos sociais politicamente autônomos em tudo que dizia respeito a seus próprios interesses. Eles aceitavam a autoridade do rei apenas em questões de interesse comum. O rei não podia intervir nesses corpos orgânicos, exceto em ocasiões muito extraordinárias. Essas instituições dependiam de um conjunto de leis privadas (privilegia, ou privilégios) concedidos a eles por um longo período de tempo que os protegeu da intrusão real comum.

Os legistas, ao contrário, desejavam uma ordem política em que o rei tivesse uma autoridade toda-poderosa. Por isso, os legistas combateram a influência da Igreja que tão sabiamente estabeleceu limites à autoridade real. Também tentaram diminuir o poder da nobreza e de outros organismos sociais intermediários, como as inúmeras corporações profissionais, as universidades e associações de estudantes, os hospitais e orfanatos, as corporações paroquiais de fiéis, as polícias privadas e as associações de arte e cultura. Essas organizações autônomas com suas próprias leis e privilégios eram obstáculos para a aplicação do poder real supremo que os Legistas queriam estabelecer.

Os legistas encontraram um público pronto para sua doutrina entre os reis. Junto com o homem medieval médio, o rei também havia sido preparado pela Revolução nas tendências. Ele queria aproveitar a vida, brilhar nos círculos da corte e ser o único centro de atenção e admiração. Portanto, quando um legista vinha até ele e dizia: “Vossa Majestade tem o direito de comandar a todos,” essas palavras eram música para seus ouvidos. Ele pensaria: “Este legista está certo. Eu vou apoiá-lo.” É fácil entender como uma coisa leva a outra; como as más tendências preparam a pessoa para aceitar uma ideia errônea.

Com o aparecimento dos legistas, a questão secular da investidura real - que havia sido virtualmente resolvida pelo Papa São Gregório VII no século 11, quando ele prevaleceu sobre Henrique IV - voltou à cena com nova força.

O absolutismo era pior do que a questão da Investidura

Deixe-me fazer um breve resumo da questão da investidura. A partir do século 4, Imperadores e Reis assumiram falsamente o direito de nomear Bispos e até Papas, convocar concílios e intrometer-se nos assuntos eclesiásticos. Depois que Constantino promulgou o Édito de Milão, que libertou a Igreja das catacumbas, ele pensou que teria uma ascendência sobre a Igreja Católica, assim como o Imperador teve na idolatria pagã. O Imperador Romano era considerado o Pontifex Maximus [Soberano Pontífice] da idolatria pagã. A Igreja travou uma longa luta contra esta intromissão abusiva do poder régio, afirmando a sua autonomia perante o Estado e lutando pela sua total soberania.

henry IV implores the intercession of Mathilda

O Imperador Henrique IV ajoelhou-se diante de Mathilda, implorando que ela intercedesse em seu nome ao Papa Gregório VII. O Abade Hugo de Cluny é retratado à esquerda
Após séculos de altos e baixos, essa disputa chegou ao clímax no século 11, quando o Imperador do Sacro Império Romano Alemão, Henrique IV, arrogantemente tentou impor sua vontade sobre a Igreja na Alemanha contra as ordens expressas do Papa São Gregório VII. O Imperador não apenas nomeou os Bispos, mas convocou um concílio e o obrigou a depor o Papa. Em resposta a esta rebelião, São Gregório VII excomungou Henrique IV e o depôs do trono imperial. Foi a primeira vez na história que um Papa depôs um Imperador.

Os nobres Alemães, súditos de Henrique IV, ameaçaram eleger outro Imperador se ele não recebesse o perdão do Papa dentro de um ano. Então Henrique IV, descalço e com uma camisa de cabelo, foi pedir perdão ao Pontífice. O Papa estava em Canossa, no norte da Itália, no castelo de uma de suas amigas, a Condessa Mathilda da Toscana. Após três dias de espera na neve fora do castelo, Henrique IV foi perdoado pelo Papa, em 28 de janeiro de 1077, apenas quatro dias antes do prazo estipulado pelos nobres Alemães.

Deve-se notar que São Gregório VII queria deixar o prazo expirar e ver Henrique IV deposto. Na verdade, ele havia parado em Canossa a caminho de Augsburg onde, a pedido dos nobres Alemães, deveria presidir a assembleia para eleger o novo Imperador . Mas ele foi pressionado a perdoar Henrique IV por seu companheiro de viagem, o Abade Hugo de Cluny, um dos homens mais poderosos da Igreja. A Condessa Mathilda também favoreceu o perdão.

Mas esse perdão forçado não privou o episódio de seu simbolismo: o Imperador do Sacro Império Romano Germânico, o homem mais poderoso do mundo, descalço na neve, vestindo uma camisa de cabelo e pedindo humildemente perdão ao Papa. Embora a solução final para a questão da investidura viesse 47 anos depois (em 1124 sob o Papa Calisto II), o episódio de Canossa é o símbolo da supremacia do Papa sobre o Imperador e da vitória virtual da Igreja na questão de investidura real.

A vitória da Igreja no século 11 constituiu um dos marcos mais importantes para o estabelecimento do Reino de Cristo na terra. Por esse motivo, um dos primeiros ataques da Revolução contra a Cristandade foi induzir os reis a negar a supremacia da Igreja. O movimento legista fez exatamente isso. Preparou uma falsa doutrina para os reis para justificar o exercício de seu comando sobre a Igreja.

São Pedro nos ensina que o pecador que se arrepende e volta ao pecado é como o cachorro que volta ao próprio vômito, e Nosso Senhor nos diz que a alma deste tipo de pecador está possuída por demônios sete vezes piores do que os presentes em seu primeiro pecado. Isso se aplica ao Absolutismo do final da Idade Média: era sete vezes pior do que a velha questão das investiduras reais.

Os efeitos do Absolutismo

A doutrina do Absolutismo predisporia os reis contra a Igreja e os prepararia para sua adesão ao Protestantismo na Alemanha e nos Reinos Bálticos, e ao Anglicanismo na Inglaterra. Na França, o Galicanismo também pretendia diminuir a autoridade Papal e aumentar o poder do Estado sobre a Igreja. Quase se tornou uma heresia análoga. Mas a França não se tornou Protestante. Ela permaneceu Católica, mas professando um Catolicismo influenciado por essas ideias ruins, que gerariam muitas consequências ruins na história, sendo a última o Liberalismo, o pai do Modernismo.

O Absolutismo também teria efeitos profundamente prejudiciais sobre esses corpos intermediários medievais saudáveis. Isso estimularia a destruição de suas leis, privilégios e símbolos. Pode-se ver exemplos posteriores dessa destruição que veio da doutrina legista nas reformas Francesas de Richelieu e Colbert, respectivamente ministros de Luís XIII e Luís XIV. Eles visavam destruir os patrimônios e castelos dos nobres medievais. Não foram apenas as grandes famílias que perderam suas características medievais; uma grande parte do sistema medieval regional de leis e impostos que mantinha o país descentralizado também foi dissolvido.

A Revolução Francesa também se esforçou para demolir quaisquer leis e privilégios feudais remanescentes, bem como símbolos. É importante notar que os revolucionários mataram o Rei, a Rainha e os nobres por serem representantes da ordem medieval, não por serem absolutistas. Na verdade, o Absolutismo deu uma mão à Revolução Francesa, espalhando as bases para o Iluminismo. Frederico II da Prússia, José II da Áustria e Catarina, a Grande da Rússia, que ajudaram Voltaire e os filósofos a espalhar a Enciclopédia durante o Ancien Regime. Eles eram monarcas absolutistas. Quando a fase do Terror terminou na Revolução Francesa, o Absolutismo voltou ao poder com Napoleão para espalhar os princípios nefastos dessa Revolução por todo o mundo.

No entanto, o Absolutismo promovido pelos legistas não foi o único sistema de ideias usado para espalhar a Revolução no final da Idade Média.

Immoral pagan wall painting

Era comum decorar paredes com cenas pagãs imorais. Acima, o afresco Bacanal em um palácio Italiano de Mântua - Giulio Romano
A partir do início do século 14, sob o pretexto do Humanismo e do Renascimento, um retorno ao Paganismo foi promovido pelas forças secretas. Para esse fim, os costumes, a língua, a literatura e a arte Romana e Grega tornaram-se moda. As antigas mitologias Romana e Grega tornaram-se populares e eram apresentadas no palco em quase todos os lugares. Espalhando as histórias das mitologias pagãs, as artes exaltaram o nudismo, o adultério, o amor livre, o incesto, a homossexualidade e até a bestialidade com o tão difundido conto de Leda, por exemplo, que teve relações amorosas com um cisne do qual nasceu uma filha, Helena de Tróia. É assim que as artes promovem a sensualidade.

Quanto ao orgulho, o Humanismo e o Renascimento encorajaram o arrogante “novo homem” a desprezar e rejeitar as antigas ideias Católicas e toda a civilização medieval como bárbara e “obscurantista.” Ou seja, o homem Católico tornou-se tão cheio de si que desprezou e rejeitou a civilização Católica que a Igreja havia construído. Em vez disso, ele admirou e adotou o mesmo paganismo que a Igreja havia aniquilado muitos séculos antes.

Paralelamente, as forças secretas encorajaram o Nacionalismo entre os povos de cada país. “Nós, os Franceses, somos mais do que os espanhóis;” “Nós, os Ingleses, somos melhores do que os Franceses;” “Nós, os Alemães, somos maiores do que os Italianos,” e assim por diante. O mesmo orgulho que gerava os indivíduos a se gabar e parecer os mais eruditos e refinados agora se expandia para uma competição entre países e povos. Foi o nascimento do Nacionalismo e o desaparecimento do ideal da Cristandade.

Em suma, as principais ideias difundidas pela Revolução foram:
  • Absolutismo, expresso no conselho dos legistas aos reis.
  • Humanismo em livros.
  • O Renascimento nas artes.
Essas ideias, por sua vez, abriram as portas para novas tendências. O Nacionalismo, por exemplo, apareceu pela primeira vez como uma tendência. Mais tarde, ele se tornaria um sistema articulado de ideias.

Revolução nos fatos

Em muitos lugares, as tendências e ideias revolucionárias demoraram muito para atingir seu desenvolvimento completo. Em outros, porém, como na França, o dinamismo dos vícios que desencadearam foi tão forte que a ordem medieval mudou em um curto período de tempo, produzindo os eventos reais que estabeleceram o início da Revolução.

Em muitos sentidos, a Idade Média estava no auge quando São Luís IX da França reinava. Ao mesmo tempo, São Fernando governou Castela, e outros santos estavam ou estiveram à frente do Sacro Império Romano Alemão e dos reinos Inglês e Húngaro. A influência da Igreja foi enorme. Ela nunca tinha gostado dos recursos materiais que tinha naquela época. As leis dos Estados foram voltadas para favorecer a virtude e reprimir o vício. Tudo parecia perfeito.

Não obstante, pouco tempo após a morte de São Luís em 1270, a Revolução começaria. Na verdade, em 1303, seu neto Filipe IV, Rei de França, ordenaria o assalto criminoso contra o Papa Bonifácio VIII, que marca o fim da Idade Média e o início da Revolução. Foi o ataque simbólico de Anagni. Deixe-me descrever o que aconteceu.

O Rei Filipe IV também é conhecido como Philippe le Bel, ou Felipe o Belo em português. Ele foi um Rei absolutista e despótico profundamente influenciado pelos legistas, a saber, Pierre Flote e Guillaume Nogaret, que foram seus conselheiros pessoais. O trio - Filipe IV, Flote e Nogaret - estava empenhado em destruir a supremacia do Papa sobre os Reis da Cristandade.

the assault against the Pope at Anagni

O ataque criminoso de Anagni marca o início da Revolução.
Acima, Papa Bonifácio VIII
Os fatos se desenvolveram da seguinte maneira: Filipe IV obrigou o clero Francês a pagar pesados impostos à coroa a fim de ajudá-lo a pagar suas contas de uma guerra com a Inglaterra. Então, ele deu mais um passo. Ele prendeu o Bispo Bernard Saisset, que havia sido nomeado Bispo de Pamiers pelo Papa Bonifácio VIII sem o consentimento prévio do Rei. Saisset foi acusado de graves crimes inventados pelo trio, que não hesitou em caluniar o Bispo para atingir seus objetivos. Nenhuma evidência foi apresentada a respeito dos alegados crimes, e o Bispo Saisset recorreu ao Papa contra tal injustiça.

O Papa Bonifácio VIII interveio, pedindo ao Rei que libertasse o Prelado. Ele enviou a Filipe, a Bula Ausculta fili [Ouça-me, meu filho], no qual ele declarou a doutrina de São Gregório VII sobre a superioridade do Papa sobre os monarcas temporais. A Bula foi queimada pelos conselheiros do Rei em sua presença, e o Rei e seus conselheiros legistas impediram que ela circulasse na França. Em vez disso, Flote e Nogaret escreveram uma bula falsa, amplamente divulgada e destinada a estimular o nacionalismo Francês e colocar o povo contra o Papa. Este bula falsa tinha como objetivo alimentar as calúnias já espalhadas pelo trio de que o Papa Bonifácio VIII era um herege, simoníaco e um Papa eleito invalidamente. O Rei convocou uma reunião dos Estados Gerais em Paris e Pierre Flote fez um hábil discurso contra o Papa, retratando-o como um inimigo do Reino.

Simultaneamente, Bonifácio VIII convocou um sínodo em Roma para definir as relações entre os poderes espirituais e temporais. Foi nessa ocasião que ele lançou sua famosa Bula Unam Sanctam.

Nesse ínterim, Filipe IV enviou Nogaret à Itália para sequestrar Bonifácio VIII e trazê-lo para a França para ser julgado e deposto por um conselho de Bispos controlado pelo Rei. Com esse intuito, Nogaret apareceu em Anagni, onde o Papa passava o verão no castelo de sua família. O legista Francês chefiou uma multidão de 2.000 homens, alguns deles Italianos sob a liderança de Sciarra Colonna. Depois que a multidão saqueou o tesouro do castelo, ele chegou à câmara do Papa.

Adivinhando a trama, Bonifácio VIII os assistiu solenemente sentado em seu trono pontifício, usando a tiara e carregando as chaves de São Pedro em uma das mãos e a cruz na outra. Aos insultos dos soldados, o homem de 80 anos não respondeu uma palavra. Para Sciarra Colonna, que ameaçou matá-lo, ele disse: “Aqui está o meu pescoço; aqui está minha cabeça.” Uma sólida tradição permanece de que Colonna deu um tapa na cara do Papa naquele fatídico dia 7 de setembro de 1303.

Quando Nogaret o pressionou a abdicar, ele respondeu: “Eu morrerei como Papa.” Nogaret então declarou hipocritamente ao Papa que o prendeu “de acordo com os regulamentos do Direito Público e para a defesa da Fé.” Essa tortura moral durou dois dias, até 9 de setembro, quando o povo de Anagni se levantou em favor de Bonifácio VIII. Gritando “Viva o Papa,” eles expulsaram Nogaret e seus homens da cidade. Acompanhado por 400 cavaleiros vindos de Roma, voltou para a Cidade Santa, mas esses terríveis sofrimentos causaram sua morte um mês depois.

Filipe IV não recuou em sua intenção de controlar o Papado e, dois anos depois, conseguiu eleger um Cardeal Francês como Papa, que assumiu o nome de Clemente V. Ele foi escoltado para a França por tropas Francesas, permaneceu cativo lá, e foi obrigado a obedecer ao Monarca em todos os assuntos de importância. Este foi o início do cativeiro de Avignon de 70 anos. Também quebrou a supremacia do Papado sobre os monarcas temporais, como era caracterizado na Idade Média.

Filipe IV perdeu seus três filhos e permaneceu sem descendentes do sexo masculino. A dinastia acabou com ele. Sua única filha, Isabelle, se casaria com o futuro Eduardo III, Rei da Inglaterra. Foi lutando por seus supostos direitos à coroa da França que uma guerra começou entre a Inglaterra e a França - a Guerra dos Cem Anos. Este conjunto de fatos constituiu o castigo de Deus pelo pecado de Filipe IV e o início da Revolução.

O ataque criminoso ao Papa em Anagni marca o início da Revolução. A preparação foi feita por um trabalho cuidadoso nas tendências que liberavam a dinâmica do orgulho e da sensualidade. Essas tendências foram confirmadas pela disseminação de ideias ruins - Absolutismo, Humanismo e Renascimento - que deu início a todo um processo revolucionário que destruiria toda a Cristandade. Tudo estava contido naquele fato simbólico.

O que poderia ter evitado a Revolução?

O que deveria ter sido feito para evitar a Revolução na Idade Média? Como deve agir a Contra-Revolução no Reino de Maria para evitar uma conspiração semelhante?

Deixe-me expor apenas dois princípios fundamentais da Contra-Revolução.

A Idade Média testemunhou uma situação psicológica que é muito importante para nós considerarmos, pois poderia ocorrer novamente no Reinado de Maria após o triunfo sobre os inimigos da Igreja Católica.

1. A necessidade de um tipo especial de vigilância

Na Idade Média, algo muito profundo faltou aos Católicos que tinham, no entanto, uma fé intensa e um grande sentido de sacrifício. Eles aceitaram a cruz e a carregaram com brio, mas não estavam convencidos de que a cruz deveria ser carregada mesmo que as circunstâncias não fossem difíceis e ardorosas. Não estavam convencidos de que o espírito de militância deveria continuar, mesmo que não houvesse mais Mouros e pagãos para combater. Eles deveriam estar convencidos de que a vida para um Católico é irremediavelmente dura e cheia de sofrimentos em sua própria essência. Esses sofrimentos são uma consequência do homem ter sido concebido no pecado original. A vida Católica segue um caminho errado quando não é difícil.

Uma vez atenuadas as dificuldades, os Católicos medievais deveriam ter tido uma grande preocupação em não perder o amor pela cruz e o sentido do sacrifício. Eles deveriam ter previsto que seria mais difícil ser fiel à graça durante uma era vitoriosa do que quando estavam cercados por inimigos e provações. Este era um assunto a ser tratado pelas autoridades espirituais da sociedade. Sermões dos púlpitos, conselhos nos confessionários e talvez uma ordem religiosa especial para manter a vigilância deveriam ter pregado esta verdade: o pior perigo vem com a vitória. A vitória é a hora em que a maioria dos homens perde seus valores. Depois de vencer as guerras, era preciso saber como ganhar a vitória.

Em vez disso, uma atitude de relaxamento e falta de vigilância causou o declínio do espírito Católico, e uma explosão de orgulho e sensualidade moveu a sociedade em direção aos objetivos da Revolução.

Portanto, para sermos dignos de fazer parte do Reino de Maria, devemos ser extraordinariamente cuidadosos - conosco e com os outros - para manter vivo o verdadeiro amor à cruz e o correlato espírito de luta e sacrifício. Sem esses elementos, a nova sociedade do Reino de Maria voltará a ser vítima do mesmo processo revolucionário.

Vigiar esses pontos é, portanto, absolutamente essencial. No entanto, há algo ainda mais importante.

2. A necessidade de um tipo especial de militância

O declínio começou quando os Católicos deixaram de ser intransigentes e agressivos com o mal. Só uma reação enérgica e violenta é capaz de deter o progresso do mal. O verdadeiro problema não é que as pessoas más sejam audaciosas, mas que as pessoas boas são menos intolerantes com o mal do que as pessoas más são com o bem.

O ideal do mal começa a vencer quando os bons Católicos perdem esse tipo de militância intransigente. Desde a Idade Média até os nossos dias, a atitude dos apóstolos da Igreja tem sido defensiva. De modo geral, os soldados da Igreja sempre estiveram voltados para a construção de muros defensivos. Houve alguns homens com a militância intransigente que tomaram a ofensiva e levantaram resistências heróicas contra a Revolução.

Foi o caso de Santo Inácio de Loyola, cujo espírito de fogo e militância indomável gerou o Concílio de Trento e o movimento da Contra-Reforma e teria derrotado completamente o protestantismo e construído um novo mundo Católico se a Revolução não tivesse se infiltrado em sua obra, a Companhia de Jesus. Foi o caso de São Luís Grignion de Montfort, cujo apostolado deu origem ao movimento contra-revolucionário da Vendéia e da Bretanha contra a Revolução Francesa.

A razão pela qual essa militância intolerante é necessária está relacionada ao dinamismo das paixões. O que acontece na sociedade em geral simplesmente replica o que acontece nas almas dos indivíduos. As paixões desencadeadas têm um dinamismo extremamente poderoso que se expande e domina a pessoa. O desenvolvimento completo de uma paixão já está contido em suas primeiras manifestações.

Battle Poitiers

Só uma reação intransigente e agressiva é capaz de parar o progresso do mal - Batalha de Poitiers
Para um homem que tem o orgulho como seu vício capital, mesmo que tenha lutado toda a sua vida contra esse vício, quando faz uma pequena concessão - ouvindo com complacência a lisonja, por exemplo - esta pequena concessão carrega em si o potencial para novas concessões e os excessos mais delirantes, o desejo de ser adorado, por exemplo. Ele pode não chegar a esse extremo imediatamente, mas o processo que leva a isso foi desencadeado. A forma como a paixão se expande e acelera não segue uma fórmula previsível e estável. Em vez disso, pode se expandir para 1 na primeira concessão, 10 na segunda, 1.000 na terceira e, então, chegar a 1.000.000 na próxima. É semelhante a uma explosão de reação em cadeia, como uma explosão atômica.

É claro que esse tipo de expansão rápida não ocorre com todos os vícios em todas as pessoas. Acontece com o vício primordial de um homem. O vício primordial, ou vício principal, é aquele que caracteriza a maneira mais fácil de como cada homem é tentado pelo Diabo a se opor ao plano de Deus para ele. É seu ponto espiritual fraco - seu calcanhar de Aquiles. Os bons moralistas aconselham o homem Católico a se opor com virulência às primeiras manifestações de seu vício capital, a nunca ser tolerante com ele ou abrir a porta para qualquer concessão a ele. O oposto do vício capital é a luz primordial, que significa a principal virtude que uma pessoa é chamada a praticar para ser digna imagem e semelhança de Deus.

Os vícios dos homens seguem os sete pecados capitais, assim como as virtudes seguem as sete virtudes. Os moralistas explicam que os sete vícios podem ser agrupados em dois grupos:
  • orgulho - que também inclui inveja e raiva;
  • e sensualidade - que é sinônimo de lascívia, e também inclui gula e preguiça.
A fivela que une essas duas correntes de vícios é a avareza. É um vício que se baseia no orgulho para exercer poder sobre o próximo e na sensualidade, na medida em que gera um desejo pelo dinheiro semelhante ao desejo pelos pecados da carne.

Portanto, um Católico precisa se analisar para conhecer seu vício capital e opor-se a ele implacavelmente e evitar cair nele; caso contrário, ele se tornará uma presa fácil para o Diabo.

Da mesma forma, todo o corpo social deve ter uma militância intolerante contra a mais leve manifestação dos vícios revolucionários. Quais são esses vícios? Na sociedade, o orgulho e a sensualidade são os principais vícios. O orgulho é a revolta contra a ordem da sociedade, o reflexo da ordem da criação de Deus. Também implica revolta contra a hierarquia legítima da sociedade. Sensualidade na esfera social é a ânsia de se livrar de qualquer restrição ou coerção, de não seguir as regras - sejam elas normas morais, diretrizes sociais ou leis políticas.

Como observei anteriormente, a Idade Média infelizmente não teve uma militância que fosse intolerante o suficiente contra esses vícios. Em vez disso, houve uma primeira tolerância para com a sensualidade que trouxe todas as outras concessões em seu rastro. Todos os abusos sensuais do Renascimento estavam contidos nessa primeira concessão. Analogamente, toda a revolta de Lutero já estava contida no orgulho absolutista dos reis e em sua arrogância para com os Papas.

Para evitar cair no processo revolucionário, a Idade Média deveria ter uma reação militante intolerante e agressiva contra essas primeiras manifestações de sensualidade e orgulho. Isso teria cortado todo o processo em seu estado germinativo.

Em vez disso, os Católicos adotaram o sofisma revolucionário que prega que é sempre necessário mostrar uma certa tolerância para com o mal e fazer algumas concessões ao inimigo para manter a paz.

Daí veio o estabelecimento da Revolução dentro da Cristandade, a destruição gradual desse corpo social e a infiltração da Revolução dentro da própria Igreja Católica para que a Revolução pudesse triunfar sobre o mundo. Isso é o que temos hoje.

Para evitar que um processo semelhante renasça após a vitória de Nossa Senhora e o estabelecimento do Reino de Maria, devemos manter uma vigilância atenta na vitória para que não percamos aquele amor pela cruz e o espírito de sofrimento e luta, como bem como sustentar uma militância intransigente, dinâmica e invencível contra o mal.

Postado em 11 de dezembro de 2020


burbtn.gif - 43 Bytes


Tópicos relacionados de interesse


burbtn.gif - 43 Bytes   Revolução e Contra-Revolução

burbtn.gif - 43 Bytes   Compreendendo as Cruzadas

burbtn.gif - 43 Bytes   O Canto do Cisne do Mito de Galileu

burbtn.gif - 43 Bytes   A Personalidade de Carlos Magno


burbtn.gif - 43 Bytes


Trabalhos relacionados de interesse



 Revolução e Contra-Revolução




Livreto

A República Universal abençoada pelos Papas Conciliares




CD ou Fita

Como parar
a Revolução Conciliar






História  |   Início  |  Livros  |  CDs  |  Procurar  |  Contacte-nos  |  Doar

Tradition in Action
© 2018-    Tradition in Action do Brasil    Todos os Direitos Reservados