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O Número 40 Denota
Punição e Sofrimento

Dom Prosper Guéranger
Podemos ter certeza de que uma época tão sagrada como a Quaresma é rica em mistérios. A Igreja fez disso um tempo de recolhimento e penitência em preparação para a maior de todas as suas festas. Ela traria, portanto, tudo o que pudesse despertar a fé de seus filhos e os encorajaria a passar pela árdua obra de expiação por seus pecados.

Durante a Septuagésima, tivemos o número 70, que nos lembrou daqueles setenta anos de cativeiro na Babilônia, após os quais, o Povo Eleito de Deus, sendo purificado da idolatria, deveria retornar a Jerusalém e celebrar a Páscoa. É o número 40 que a Igreja agora nos apresenta: - um número, como observa São Jerônimo, que denota castigo e aflição. (Ez 29)

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O Dilúvio durou 40 dias e noites

Lembremo-nos dos 40 dias e 40 noites do Dilúvio (Gn 7:12) enviado por Deus em Sua ira, quando se arrependeu de ter feito o homem e destruiu toda a raça humana, com exceção de uma família.

Consideremos como o povo Hebreu, em punição por sua ingratidão, vagou 40 anos no deserto antes de ser autorizado a entrar na Terra Prometida. (Num 14: 33)

Ouçamos nosso Deus ordenando ao Profeta Ezequiel que se deitasse 40 dias a seu lado direito, como uma figura do cerco que traria destruição sobre Jerusalém. (Ez 4:6)

Existem dois homens, no Antigo Testamento, que representam suas pessoas as duas manifestações de Deus: Moisés, que tipifica a Lei; e Elias, que é a figura dos Profetas.

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Elias no deserto por 40 dias

Ambos têm permissão para se aproximar de Deus: o primeiro no Monte Sinai, (Êxodo 24:18) o segundo no Monte Horebe. (3 Reis 19: 8) Mas os dois precisam se preparar para o grande favor com um jejum expiatório de 40 dias.

Com estes fatos misteriosos diante de nós, podemos entender porque foi que o Filho de Deus, tendo-se feito Homem para a nossa salvação e desejando submeter-se à dor do jejum, escolheu o número de 40 Dias.

A instituição da Quaresma é assim apresentada diante de nós com tudo o que pode impressionar a mente com seu caráter solene, e com seu poder de apaziguar a Deus e purificar nossas almas.

Olhemos, portanto, para além do pequeno mundo que nos rodeia, e vejamos como todo o universo Cristão está, neste exato momento, oferecendo esta penitência de 40 dias em sacrifício de propiciação à ofendida Majestade de Deus, e esperemos que, como no caso dos Ninivitas, Ele misericordiosamente aceite a oferta deste ano de nossa expiação e perdoe nossos pecados.

Como a Igreja vê os seus filhos nestes 40 dias

O número dos nossos dias da Quaresma é, pois, um santo mistério. Aprendamos agora com a Liturgia, sob que luz a Igreja vê seus Filhos durante estes 40 dias.

Ela os considera um imenso exército, lutando dia e noite contra seus inimigos espirituais. Lembramos como, na Quarta-feira de Cinzas, ela chama a Quaresma de Guerra Cristã.

Sim, para termos aquela novidade de vida, que nos fará dignos de cantar mais uma vez o nosso Alleluia, devemos vencer os nossos três inimigos: o Diabo, a carne e o mundo. Somos companheiros combatentes de nosso Jesus, pois Ele também se submete à tripla tentação sugerida a ele por Satanás em pessoa. Portanto, devemos vestir nossa armadura e vigiar incessantemente.

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 A Igreja considera seus filhos um imenso exército lutando contra seus inimigos espirituais

E, embora seja da maior importância que nossos corações sejam espirituosos e valentes, a Igreja nos dá uma canção de guerra feita pelo próprio Céu, que pode incendiar até covardes com esperança de vitória e confiança na ajuda de Deus: É o nonagésimo Salmo [Qui habitat in adjutorio, na Completas do Ofício]. Ela insere tudo isso na Missa do primeiro domingo da Quaresma, e a cada dia introduz vários de seus versos no Ofício Ferial.

Ela nos diz para confiarmos na proteção com a qual nosso Pai Celestial nos cobre, como se fosse um escudo [Scuto circumdabit te veritas ejus, Nona do Ofício); ter esperança sob o abrigo de suas asas [Et sub pennis ejus sperabis, Sexta]; ter confiança Nele, pois Ele nos livrará do laço do caçador [Ipse liberavit me de laqueo venantium,Terça], que nos roubou a santa liberdade dos filhos de Deus.

Ela nos diz para confiarmos no socorro dos Santos Anjos, que são nossos Irmãos, a quem Nosso Senhor ordenou que nos guardem em todos os nossos caminhos [Angelis suis mandavit de te, ut custodiant te in omnibus viis tuis, Laudes e Vésperas]. Pois esses Santos Anjos eram, quando Nosso Senhor permitiu que Satanás o tentasse, os adoradores que testemunharam o Seu combate e se aproximaram Dele, após Sua vitória, oferecendo-Lhe seu serviço e homenagem.

Entremos, então, nesses sentimentos com os quais a Igreja deseja que sejamos inspirados; e durante as nossas seis semanas de campanha, repetimos com frequência este admirável Cântico, que descreve de forma tão completa o que os Soldados de Cristo devem ser e sentir neste período da grande guerra espiritual.

Continua

Temptation of Christ

Cristo tentado pelo Diabo no final
de seu jejum de 40 dias no deserto


Postado em 12 de março de 2021
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