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As Glórias de Maria, uma defesa
contra os jansenistas e protestantes

Christina Herath

Resenha de As Glórias de Maria de Santo Afonso de Ligório, Segunda Edição Americana, NY, PJ Kenedy & Sons, 1888, 808 pp.
Ao longo da abençoada História da nossa Igreja, houve muitos autores gloriosos e muitas obras espirituais profundas. Santo Afonso de Ligório (1696-1787) destaca-se entre eles como um dos mais eloquentes e, ao mesmo tempo, simples de seu tempo. Este Doutor da vida espiritual escreveu muitos livros que agradaram ao homem simples, mas ao mesmo tempo impressionaram o teólogo.

Como jovem sacerdote, fez um voto a Deus de que jamais desperdiçaria seu tempo. Este voto temível, que não deveria ser feito por uma alma comum a menos que divinamente inspirado, encontrou nosso Santo, mesmo em sua velhice, sentado por longas horas à sua escrivaninha, escrevendo, com as costas curvadas, muitas vezes segurando um pedaço de mármore à cabeça para apaziguar as enfermidades que o assaltavam.

Das muitas obras extraordinárias que saíram da pena deste teólogo, As Glórias de Maria destaca-se como um clássico espiritual que santos e pecadores amaram e estimaram, pois os ajudou a crescer naquela devoção necessária para a nossa salvação: a devoção a Maria.

Apologia da devoção a Nossa Senhora

Foi no século XVIII que este Doutor da Igreja escreveu a esplêndida obra As Glórias de Maria, em boa parte como uma defesa da devoção mariana que estava sob forte ataque dos jansenistas e protestantes. É por isso que ao longo da obra vemos Afonso frequentemente citando as Escrituras e muitos grandes santos, místicos e doutores, raramente declarando sua própria opinião, a fim de mostrar que o ensinamento constante da Igreja apoia a devoção a Nossa Senhora.

Durante seu tempo, a heresia jansenista era particularmente insidiosa, pois se escondia sob a capa da Igreja, infectando seus filhos com sua doutrina envenenada sobre Nossa Senhora. O jansenismo criticava a devoção popular a Maria por sentimentalismo excessivo e uma confiança errônea no poder de Maria para proteger e salvar.

Alphonsus de Liguori

Ele pegou sua pena para defender a honra de Nossa Senhora, Mãe da Misericórdia e Refúgio dos Pecadores

refue of sinenrs

Um título que evocou a ira especial dos jansenistas foi Maria como ‘Mãe da Misericórdia.’ Os jansenistas alegaram que esse título era supérfluo e inventado por não constar nos escritos dos Apóstolos. Assim, logo no primeiro capítulo, onde cada linha da Salve Regina é exposta, Santo Afonso começa com uma forte defesa de Maria como Nossa Mãe e explica quão grande deve ser nossa confiança em sua misericórdia, com base somente neste fato.

Advogada e Refúgio dos Pecadores são títulos que também irritam os jansenistas e protestantes, que afirmam ser impertinente que os pecadores recorram a Maria, visto que Ela só terá piedade dos pecadores na medida em que Jesus Cristo a adverte de suas necessidades e inspira nela o desejo de orar por eles.

No Capítulo VI, Santo Afonso, citando São Boaventura, ensina que os pecadores devem recorrer a Maria porque Ela obterá por suas orações tudo o que desejar, precisamente por ser a Mãe de Deus. São Bernardo escreve: “Desejando mostrar toda a misericórdia possível, o Pai Eterno nos deu Jesus Cristo como nosso principal advogado e Maria como nossa advogada junto a Jesus.” (p. 221)

Com sua visão pessimista da natureza humana e a convicção de que apenas alguns seriam salvos, os jansenistas – assim como os calvinistas – consideravam heresia falar de Maria como Nossa Esperança. Somente Cristo é digno de tal título, afirmam eles, e aqueles que depositam sua esperança em uma criatura são amaldiçoados por Deus. O ímpio Lutero disse que “não podia suportar que a Igreja Romana chamasse Maria, que é apenas uma criatura. Pois somente Deus é nossa esperança, e Jesus Cristo é nosso Mediador, e Deus amaldiçoa aqueles que depositam sua esperança em uma criatura.” (p. 194)

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Jansenistas negam a Imaculada Conceição de Maria

E assim, no Capítulo III intitulado Spes Nostra Salve – Salve Nossa Esperança, Santo Afonso corajosamente nos assegura que de fato somos chamados a suplicar à Virgem com santa Esperança: “Com razão, então, a Igreja aplica a Maria as palavras do Eclesiástico, com as quais ele a saúda: “Mãe da Santa Esperança.” (p. 117) Baseando-se em Santo Tomás de Aquino, Santo Afonso demonstra com propriedade porque justamente chamamos a Virgem de “Nossa Esperança” – não como a causa principal, mas como a causa intermediária.

Essa escola herética de espiritualidade também era totalmente contrária à doutrina "perigosa" da Imaculada Conceição como uma afronta à Justiça Divina diante da depravação comum de toda a natureza humana. Nem mesmo Nossa Senhora estava isenta dessa prescrição de Justiça, segundo eles.

No Primeiro Discurso da Parte II, Santo Afonso apresenta três pontos que demonstram quão conveniente era para todas as Três Pessoas Divinas que Maria fosse preservada do pecado original. Ele demonstra como convinha ao Pai "preservá-la dele como Sua Filha, o Filho como Sua Mãe e o Espírito Santo como Sua Esposa.”

Com base nas Escrituras, no Magistério e nos escritos de Doutores e Santos da Igreja, Santo Afonso demonstra, assim, de forma muito convincente, que é ímpio e errôneo afirmar que a devoção a Maria retira a honra de Nosso Senhor, como afirmaram os jansenistas e os protestantes continuam a apregoar.

Tal heresia equivale a acreditar que a beleza da lua rouba nossa admiração pelo brilho do sol. Quando Maria é honrada, Deus é duplamente honrado. Pois quem a fez Sua Filha, Mãe e Esposa senão o próprio Senhor?

Jamais seremos capazes de dar mais glória e louvor a Maria do que Deus já deu, portanto, nunca hesitemos nem sejamos pressionados por hereges ou progressistas dentro da Igreja a abandonar nosso amor por ela. Como disse corretamente Santo Agostinho: "Todas as línguas dos homens, mesmo que todos os seus membros se transformassem em línguas, não seriam suficientes para louvá-La como Ela merece.”

Práticas devocionais e exemplo

É interessante mencionar também as diferentes práticas devocionais que Santo Afonso recomenda no final de sua obra: Jejum em honra de Maria, visita às suas imagens, dar esmolas em sua honra, rezar seu Ofício, etc. (pp. 643-644). Muitas delas são, infelizmente, pouco praticadas ou pregadas pelos membros e clérigos da Igreja do Vaticano II.

Infelizmente, na Igreja Ecumênica de hoje, essas práticas de devoção à "Mãe Divina," como Santo Afonso se dirige a Ela muitas vezes em sua obra, estão sendo descartadas com receio de que possam "escandalizar" os protestantes! Em vez de defender a honra de Nossa Senhora contra os hereges, como Santo Afonso não temia fazer, capitulações constantes aos seus falsos ensinamentos estão sendo feitas em nome do ecumenismo e do diálogo inter-religioso promovidos pelo Vaticano II.

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Nossa Senhora não esquece
a devoção da freira ao Rosário

Ao longo desta obra espiritual, Santo Afonso inclui muitos contos, ou melhor, histórias, que visam dar ao leitor mais uma prova da misericórdia e do amor de Maria e da necessidade de ser devoto a Ela. Incluirei apenas um exemplo para proporcionar aos nossos leitores um pequeno vislumbre desses encantadores detalhes:

“O bem-aventurado Alano relata a história de uma senhora, chamada Dominica, que costumava recitar o Rosário, mas abandonou essa devoção. Depois disso, ela ficou tão pobre que, em desespero, se esfaqueou em três lugares diferentes.

Mas, quando ela estava morrendo, e os demônios vieram para levá-la ao Inferno, Maria Santíssima apareceu a ela e disse: Minha filha, você se esqueceu de mim, mas eu não quis me esquecer de você, por causa daquele Rosário que você recitou por um tempo em minha homenagem. E agora acrescentou, “se você continuar a recitá-lo, eu lhe restaurarei a vida e também os bens que você perdeu.”

“Dominica recuperou a saúde e, continuando a prática de recitar o Rosário, recuperou seus pertences e, em sua morte, foi novamente visitada por Maria, que elogiou sua fidelidade, e ela morreu santamente.”

As Glórias de Maria durante a Quaresma

Como estamos agora no tempo da Penitência, As Glórias de Maria é um livro muito benéfico para a nossa leitura espiritual. É uma obra que confortará o penitente que, neste tempo do calendário da Igreja, é lembrado de que pode sempre recorrer a Nossa Senhora, que o conduzirá de volta ao favor diante de Deus.

Santo Afonso conforta tais almas, lembrando-lhes como nossa Mãe Santíssima está mais pronta para nos salvar do que nós estamos dispostos a ser salvos. As almas justas encontrarão maiores incentivos para seguir suas penitências e aumentar sua devoção a Nossa Senhora, que nunca será demais.

Que esta obra abençoada continue a inspirar almas a terem amor e devoção a Nossa Senhora, tanto durante a Quaresma quanto ao longo do Ano Litúrgico, repleto de tantos dias festivos em sua homenagem. E que Nossa Rainha, encontrando nossa devoção a Ela verdadeira e sincera, nos leve a conhecer sua Beleza e Bondade e nos conduza à Visão Beatífica no além.


Spes nostra. Salve – Salve Nossa Esperança





Postado em 21 de novembro de 2025

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