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NOTÍCIAS: 6 de outubro de 2021 (publicada em inglês a 18 de agosto de 2021)
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Atila Sinke Guimarães
A IGREJA QUEIMA - La Chiesa Brucia: Este título alarmista é o que Andrea Riccardi escolheu para seu livro recente. O tema básico subjacente do autor é que a Igreja está à beira de desaparecer. Para ele, o incêndio que queimou a Catedral de Notre Dame é um símbolo de toda a Igreja Católica que está queimando.

Notre Dame Cathedral burning

A queima de Notre Dame como símbolo do fogo aceso pelo progressismo na Igreja Católica

O Sr. Riccardi imagina que baseia seu trabalho em fatos indiscutíveis - nem sempre provados como verdadeiros, como mostrei em outro artigo. Ele analisa a crise das vocações sacerdotais, bem como a baixa frequência dos fiéis às Missas Dominicais em vários países para perguntar se a Igreja Católica está ou não em sua fase terminal.

A estes fatos acrescenta suas interpretações pessoais, afirmando que a Igreja se tornou parte do passado; ela está se afogando na "irrelevância"; ela está muito afastada da sociedade e, se ainda quiser desempenhar um papel, deve mudar suas estruturas, hábitos e modos de ser.

Embora o Sr. Riccardi admita a contragosto que os fatos que ele aponta não existem no Movimento Tradicionalista, onde há um crescimento tanto nas vocações sacerdotais quanto na frequência à Missa, ele declara categoricamente que o Tradicionalismo não é uma solução porque nunca será aceito pelas massas…

Ele também dedica um capítulo para estudar se o “Nacional Catolicismo” que apareceu em alguns países Europeus - principalmente Hungria e Polônia - poderia ser uma solução para o futuro. Ele conclui que não, eles não são uma solução porque esses sistemas representam um "maniqueísmo político" que não está aberto à evolução e à convivência pacífica com seus inimigos políticos / ideológicos.

May 1968 Sorbonne

Maio de 68: Estudantes assumem a Sorbonne; nas paredes o seu lema: 'É proibido proibir'

It is forbidden to forbid
O ponto crucial da crise para o Sr. Riccardi vem das mudanças na sociedade que resultaram da Revolução da Sorbonne de 1968, ou o que nos Estados Unidos chamamos de Revolução dos anos 60. (1) Essas mudanças incluem:
  • A autoridade do pai, professor, padre e patrão acabou;

  • O patriarcado e a hegemonia dos homens acabaram;

  • A "cultura da obrigação" acabou com a consequente relativização das regras morais e sociais;

  • A família deixou de ser um modelo para a sociedade;

  • Com o fim da autoridade, as pessoas se ergueram com uma dimensão comunitária;

  • Surgiu uma nova religiosidade voltada para as emoções.
Se a Igreja não leva em consideração essas mudanças, ela não tem papel na sociedade e afunda na "irrelevância."

Essas mudanças realmente ocorreram na sociedade, eu concordo, mas a conclusão do autor não é correta.

A Igreja Católica mudou muitas situações de fato durante sua História. Pense por um minuto no Império Romano e nas invasões dos Bárbaros. A Igreja não se adaptou ao mundo do paganismo, no caso dos Romanos, nem ao Arianismo dos bárbaros. Em vez disso, ela enfrentou os dois erros e converteu tanto o primeiro quanto o último.

A mesma solução deve ser aplicada aos erros dos anos 60. A Igreja não deve de forma alguma se adaptar a esses erros e mudar a si mesma. Ela deve converter aqueles contaminados por esses erros e vícios.

O fato de o autor considerar essas mudanças como uma fase imutável da História mostra que ele - como a maioria dos progressistas - é um partidário radical da evolução universal. Se ele tivesse vivido na época dos Romanos ou dos Bárbaros, provavelmente teria considerado essas realidades como partes imutáveis da evolução do homem e teria proposto que a Igreja aceitasse esses erros e maus costumes.

Portanto, para o Sr. Riccardi, o Catolicismo deveria deixar de ser "uma repressão triste e fria dos prazeres" impostos por uma "estrutura vertical," e deveria fazer da Igreja uma "escola de comunhão.

Andrea Riccardi

Francisco destaca seu admirador Andrea Riccardi

Ele elogia o discurso irrestrito de Francisco dirigido diretamente ao povo porque desmantelou a "visão piramidal da Igreja, ao não usar intermediários." Ele também admira a "Igreja de saída" de Bergoglio porque ela traz os pobres e os imigrantes para o centro da Igreja.

A estrutura paroquial deve desaparecer e ser substituída por movimentos populares e carismáticos que estão em "encontro" direto com o povo. A paróquia não deve mais ser uma realidade territorial, mas uma realidade virtual adaptada à aldeia global em que vivemos.

Outro fato consumado que Riccardi aceita sem discussão é a "globalização." Faz parte de uma evolução inquestionável... Portanto, a Igreja deve favorecer uma distribuição igualitária das riquezas para prover o destino comum de todos e evitar que os pobres sofram.

O autor considera Assis um marco onde as religiões param de se atacar. Mas, mesmo antes de Assis, foi o Vaticano II que "libertou as energias de união e ecumênicas" que levaram a um diálogo global. Para a Igreja do futuro, ele cunhou esta fórmula: "O diálogo deve se tornar a arte de viver. O ecumenismo deve se tornar civilização." A "cultura do encontro" deve dominar a sociedade. O encontro é entendido como ser aberto e ouvir a "verdade" de cada pessoa.

O Cristianismo para o mundo global proposto por Francisco está centrado na misericórdia e na ternura para com os pobres, os isolados, os imigrantes, a ecologia, a paz e a fraternidade.

Sem estruturas fechadas, sem ilhas isoladas, sem paredes, mas com pontes. Todo mundo tem algo que é Cristão em si mesmo.

A crise é a condição normal da Igreja. Ela deve se convencer de que não está destinada a triunfar e controlar a sociedade. A crise é a passagem para o futuro, para uma nova concepção do mundo global.

É isso que o Sr. Riccardi expõe em seu livro.

O que é curioso para mim é a maneira como o Progressismo argumenta. Desde os tempos de Pio XII, ouvimos dizer que a Igreja está desatualizada e deve se adaptar ao mundo moderno para atrair as pessoas. No entanto, durante esse período a Igreja Católica atingiu um apogeu de esplendor em suas cerimônias e doutrinas, os seminários e noviciados foram preenchidos, o número de Católicos não parava de crescer e a obra missionária alcançou uma expansão inédita em todo o mundo.

No entanto, no Vaticano II os Papas decidiram mudar a Igreja e torná-la semelhante ao mundo. O resultado foi a modificação de sua doutrina, a destruição de suas estruturas, a crise do clero e das ordens religiosas e o esvaziamento de suas igrejas.

Agora, depois de mais de 50 anos de demolição constante usando o mesmo sofisma, tornou-se óbvio para todos que todo o processo de adaptação foi uma catástrofe. Então, o que o Progressismo propõe? É voltar para a Igreja como ela era antes? Não. Propõe que ela aceite a crise, o fracasso, a destruição como sua vida normal, o que equivale a condená-la à morte.

Castle in ruins

Das ruínas da destruição dos dias atuais, uma nova era de glória virá para a Igreja Católica

Como alguém pode negar que o Progressismo é o maior inimigo da Igreja, uma vez que já comemora sua morte?

Mas, nisso está outro grande erro Daquele que inspira esta destruição. Da aparente morte da Igreja, das pedras espalhadas pelo chão, das ruínas deste edifício sagrado, virá uma nova era de glória que será o ápice da História, o mais primoroso cântico da glorificação de Deus, que irá surpreender os homens e os anjos para sempre: o Reino de Maria.

  1. Com exceção dos Estados Unidos, o mundo inteiro considera a Revolução Sorbonne de 1968, também conhecida como maio de 1968, como um marco na história mundial. Como nos Estados Unidos tivemos as múltiplas rebeliões dos anos 1960, que de muitas formas prepararam o caminho para a Revolução da Sorbonne, aqui nos referimos ao mesmo fenômeno como Revolução dos anos 60 ou, mais genericamente, Revolução Cultural.