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Dedicação das Basílicas dos
Apóstolos Pedro e Paulo - 18 de Novembro

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
Quanto à dedicação das Basílicas dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, sabemos que embora São Pedro seja o Príncipe dos Apóstolos, o apostolado de São Paulo em Roma foi de tal importância que deixou uma marca especial na cidade. De fato, em Roma existe a grande Basílica de São Paulo Fora dos Muros, construída por Constantino no século 4, danificada no século 19 e, posteriormente, devidamente restaurada. Os ossos de São Paulo foram enterrados naquela Basílica.

basilicas st peter st paul

As Basílicas de São Pedro, à esquerda, e
São Paulo Fora dos Muros

Os ossos de São Pedro foram enterrados originalmente na Basílica de São Pedro, também construída por Constantino e mais tarde completamente reformada nos Papas da Renascença. Hoje a Basílica de São Pedro ainda conserva os ossos de São Pedro.

Os Bispos de todo o mundo têm a obrigação de visitar os túmulos dos dois Apóstolos nestas Basílicas a cada cinco anos. Esta visita é chamada de Ad limina Apostolorum [aos túmulos dos Apóstolos]. Esta obrigação também tem uma função administrativa, já que os Bispos aproveitam a oportunidade para informar pessoalmente ao Papa sobre as respectivas Dioceses. Isso significa que o Papa deve manter um controle direto sobre o que está acontecendo em todo o mundo católico.

Estas duas Basílicas cuja consagração hoje celebramos são, de certa forma, as que mais caracterizam Roma.

O que podemos dizer sobre esta celebração?

peter paul

Os dois Santos se admiraram e apoiaram-se
mutuamente no apostolado

Isso nos leva a considerar como as obras de Deus não seguem regras estabelecidas. Com efeito, poderíamos dizer que, uma vez que São Pedro era o Príncipe dos Apóstolos e reinava em Roma, São Paulo não teria muito o que fazer na Cidade Eterna. De acordo com a abordagem funcional mais aceitável usada hoje, São Pedro deveria ser avesso à presença de São Paulo, que apareceu em Roma com seu magnetismo pessoal, fogo e capacidade. A atividade de São Paulo em Roma quase obscureceu a de São Pedro, que talvez fosse uma pessoa menos inteligente do que São Paulo.

Também poderíamos dizer que São Pedro seria um tanto obscurecido por São João porque ele era o discípulo mais amado. Os senhores podem imaginar o que São Pedro pode ter pensado quando ouviu Nosso Senhor dizer a São João: “Tu és o meu discípulo amado.” São João foi tão favorecido que durante a Última Ceia São Pedro pediu a São João que perguntasse a Nosso Senhor quem era o traidor ali presente.

No entanto, quando se tratou de designar Seu sucessor na terra, São João foi posto de lado. Novamente, de acordo com a mentalidade moderna, São João deveria ter pensado: “Que ingrato! Ele não está reconhecendo minha amizade e dedicação total!”

E São Pedro, seguindo esse mesmo pensamento errado, deveria ter pensado: “Então, o que isso significa? Eu sou aquele que Ele confiou para ser o Chefe do Colégio Apostólico e ainda o discípulo amado é outro? Como posso manter o meu prestígio com essa contradição? Não é consistente!”

E tanto São Pedro quanto São João poderiam pensar algo semelhante sobre São Paulo: “Somos membros do Colégio dos Doze, que já está completo. Judas traiu Nosso Senhor e foi substituído por São Matias. Agora que está tudo já estabelecido, São Paulo aparece e é lançado de pára-quedas no Colégio dos Apóstolos…”

desert

Por três anos, Nosso Senhor instruiu São Paulo
no deserto da Arábia

O mais curioso é que Nosso Senhor, quando já estava em Sua Glória no Céu, voltou à terra e levou São Paulo ao deserto da Arábia para explicar-lhe a Religião Católica. Assim se tornou Apóstolo como os outros, instruído pessoalmente por Nosso Senhor em lugar e em circunstâncias completamente diferentes das outras. Ele foi com Cristo, aprendeu com Ele e fez um apostolado muito brilhante, mas só muito tempo depois encontrou o Chefe do Colégio dos Apóstolos.

Se considerarmos o que os outros Apóstolos fizeram, seu sucesso foi muito menor do que o que São Paulo alcançou. O conjunto dos Apóstolos colheu poucos frutos... enquanto o último Apóstolo que veio colheu muito mais. Depois, ele foi a Roma e sentou-se ao lado do Príncipe dos Apóstolos e brilhou como um sol na cidade onde residia São Pedro... Eles foram martirizados no mesmo dia, o que criou uma espécie de paridade entre os dois.

bones of st peter

O túmulo de São Pedro fica logo abaixo do baldaquino de São Pedro em sua Basílica

Por que é isso? É porque, em relação aos dons que Deus escolhe dar, Ele não admite limites ou regras. Ninguém pode dizer: “Eu sou o dono de Deus. Deus me deu esses dons e eles constituem tudo o que Ele poderia ter dado. Então, você tem que me obedecer porque Ele me deu as Chaves dos Reinos do Céu e da Terra.” Esse Deus não tolera!

As obras de Deus exigem simplicidade, exigindo grande e verdadeira humildade daqueles que recebem Seus privilégios. É o que nos deve recordar esta Festa da Dedicação das duas Basílicas. Devemos compreender e amar a pluralidade dos dons de Deus.

É preciso obedecer à voz da Providência, que às vezes nos pede que não entremos em campos para os quais não somos chamados. Em outras ocasiões, devemos agir. É preciso discernir o que é melhor. Quando percebemos que uma iniciativa é inspirada pelo bom espírito, pela virtude, e que a pessoa a está empreendendo com desapego e vontade de servir, devemos entender que é legítima e permiti-la, porque é a vontade de Deus. Neste campo não existem “áreas restritas” ou propriedades privadas “fechadas.”

A pluralidade dos dons de Deus é enorme na Contra-Revolução. Aqueles colocados em posições de autoridade devem reconhecer sua autoridade como vinda de Deus e usá-la para enfatizar a diversidade dos dons de Deus. Seu papel é chamar continuamente a atenção para a pluralidade dos dons de Deus em nosso movimento. Eles têm o dever de sentir grande alegria pelos dons que Deus deu aos outros.

Muitas vezes vemos que Deus dá um presente a outro que Ele não deu a nós. Em vez de ficar tristes e ressentidos ou fingir uma falsa indiferença, devemos sentir uma verdadeira alegria. “Que grande alegria eu tenho de ver aquela pessoa fazendo uma coisa que eu não sou capaz de fazer! Que felicidade eu tenho em ver outra pessoa fazendo algo que eu não tenho tempo para fazer! Que felicidade ver que outra pessoa ainda pode brilhar mais do que eu faço e posso fazer muito mais por Deus para que Ele seja mais bem servido!”

Patmos

São João em Patmos

Essa falta de apego pessoal é uma coisa muito importante!

Infelizmente, quem faz apostolado pode muitas vezes seguir um espírito diferente e pensar: “Ah, agora vou mostrar a essas pessoas como sou capaz. Vou cumprir a missão que recebi com tanto esplendor que vão entender que sou um colosso!”

Devemos estar vigilantes contra estados de espírito como este.

São João exilado na pequena ilha de Patmos, poderia ter ouvido falar dos sucessos de São Pedro em Roma governando todo o mundo católico enquanto ele era incapaz de ajudar naquele apostolado. Ao ouvir isso, deve pensar: “Que bom que Deus colocou São Pedro no próprio alicerce do edifício da Santa Igreja! Que alegria eu tenho de saber que ele governa tudo com tanta santidade! Como todos o respeitam! Vou enviar-lhe a minha homenagem para se juntar à de todos os outros!”

Da mesma forma, podemos imaginar São Pedro e São Paulo louvando São João, ou São Pedro e São João louvando São Paulo.

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Os Apóstolos se reúnem em unidade de espírito ao redor de Cristo em um mosaico na Igreja Fora dos Muros de São Paulo

Estas são as reações corretas que devemos ter. Este é o desinteresse dos Santos, que se louvam para a glória de Deus.

Depois de fazermos algum trabalho de apostolado, depois de uma palestra, aula, reunião ou relatório que fazemos, não devemos ficar lembrando e trazendo à tona as coisas que fizemos ou dissemos que poderiam ser elogiadas. Nosso único objetivo deve ser infligir uma derrota à Revolução e dar glória a Deus. Essa vitória deve causar alegria em todos os que são bons. Do contrário, deveríamos estar muito felizes por ter servido a Nosso Senhor e Nossa Senhora.

Com os vários dons que Deus nos deu, deveria haver uma sinfonia tocada por muitos instrumentos diferentes, uma melodia harmoniosa cantada por muitas vozes diferentes. Devemos combinar nossas vozes em vez de ter apenas uma voz cantando ou tocando um instrumento. Podemos encontrar exemplos dessa harmonia na relação de São Pedro, São Paulo e São João.


Tradition in Action



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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.