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O Santo do Dia

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Santa Fara - 3 de Abril

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Seleção Biográfica:

Santa Fara (Burgundofara ou Fare) era filha de uma alta família nobre da França no século 7. Em sua infância ela foi consagrada a Deus por São Columbano, o Apóstolo da Irlanda, que visitou e abençoou sua casa em Meaux, França.

An Abbess depicted in the Queen Mary Psalter

Uma abadessa medieval no Saltério da Virgem Maria

Mais tarde, seu pai deu-lhe uma propriedade sobre a qual ela construiu o Convento de Evoriacum, que era famoso em sua época. Após sua morte, foi renomeado em sua homenagem e se tornou a Abadia Beneditina de Faremoutiers. Como Abadessa, ela estabeleceu a regra de São Columbano, que era muito rígida.

A fama de sua santidade rapidamente se disseminou pela França e chegou à Inglaterra, onde muitas princesas pediram para ficar sob a direção de Santa Fara. Entre elas estavam as Santas Sisetrude, Gibitrude, Hercantrude e a princesa inglesa Sedrido, que a sucedeu como Abadessa. Faremoutiers tornou-se uma escola de santidade onde milagres e maravilhas eram comuns.

Frequentemente, por ocasião da morte das monjas, o canto de coros angélicos podia ser ouvido por todo o convento enquanto acompanhavam as almas das defuntas falecidas para o Céu. As curas espirituais e físicas foram numerosas.

Apesar deste ambiente santo, algumas das discípulas da santa não lucraram com seus ensinamentos. Algumas delas sucumbiram às conivências do Diabo e morreram em desespero. No leito de morte dessas freiras más, suas companheiras horrorizadas as viram cercadas por sombras escuras que as chamavam por seus nomes.

Embora Santa Fara, junto com suas filhas fiéis, estivesse ali orando por suas almas, Satanás recebeu seus últimos suspiros e levou suas almas para o Inferno. Por terem morrido em desespero, seus corpos foram enterrados em um campo próximo em vez de solo consagrado.

Durante as épocas do Natal e da Páscoa, surgiam chamas sobre os seus sepulcros, um terrível exemplo da fragilidade humana! Elas haviam abandonado o mundo, vivido entre santas e testemunhado milagres. Mas embora estivessem cercadas por todo tipo de assistência sobrenatural, elas não perseveraram.

Comentários do Prof. Plinio:

Esta vida transmite um ambiente e espírito tão medievais que mereceria ser inscrita numa daquelas iluminuras com fundo dourado, pintados em cores claras, tendo aqueles personagens de aspecto nórdico com rostos de anjos. Pode-se dizer que parece uma lenda, mas aqui é uma história mais bela que uma lenda.

Fra Angelico's illuminations

A vida de Santa Fara nos lembra as iluminuras de Fra Angelico

Nesta seleção, vemos como o sobrenatural e o preternatural, com toda sua vivacidade e cor, eram bastante comuns naquela época. Podemos imaginar a maravilha deste convento inspirado em São Columbano. Parece que se tratava de um novo convento, construído pela própria Santa Fara na propriedade que seu pai lhe deu, e por causa da santidade dessa donzela ela foi escolhida por São Columbano para Abadessa.

O brilho de sua santidade e rumores se difundiu por sua província na França e chegou à Inglaterra, que no século VII foi dividida em pequenos reinos, cada um com sua própria família real. Por todos aqueles sete reinos da Inglaterra, espalhou-se a notícia da santidade de Santa Fara.

Muitas princesas queriam seguir seu exemplo e também entraram em seu convento. Podemos imaginar essas cortes ainda em sua pompa e luxo primitivos, com os pais e parentes dessas princesas encorajando-as a permanecer ali, a celebrar casamentos nobres e desfrutar de suas vidas, possivelmente até se tornarem rainhas. Mas muitos delas renunciaram aos seus privilégios e decidiram ir para aquele longínquo convento francês para seguir o exemplo de Santa Fara.

Podemos facilmente imaginar uma daquelas maravilhosas cenas de despedida: depois de todos os preparativos para a viagem, uma princesa beija seu pai e sua mãe e sai do castelo da família, seguida por um pequeno cortejo de cavaleiros para protegê-la, sob a direção de seu guardião que a acompanha na viagem. Alguns burros estão levando seu dote e presentes da família real para o convento de Santa Fara. O Rei e a Rainha acompanham a filha por algum tempo até chegarem a uma estrada maior; outras cortesãs também estão presentes.

Nesse ponto, o cortejo segue sozinho, desaparecendo no horizonte. A princesa deixa seu mundo e entra no convento.

A cerimônia em que ela recebe o hábito marca sua separação final com o mundo. Por vontade própria a princesa se torna escrava, por assim dizer, uma religiosa que passa a servir somente a Nosso Senhor Jesus Cristo, oferecendo sua vida para dar-lhe glória.

Woman received in a Convent, Book of Lancelot de Lac

Mulheres nobres medievais sendo recebidas em um convento - Libre de Lancelot de Lac

O maravilhoso ambiente do convento de Santa Fara foi confirmado pelos muitos milagres que ali aconteceram. Por ocasião de suas mortes, as almas das boas religiosas foram transportadas para o Céu por Anjos cantando em coro. Suas canções foram ouvidas por todas as monjas e ecoaram pelas paredes do convento por algum tempo.

Esses foram milagres físicos. Também houve vários milagres espirituais. Vemos que neste convento o claustro, a capela, as estátuas de Nossa Senhora, as celas e os salões estavam impregnados daquela aura sobrenatural das pinturas de Fra Angélico.

Mas o mal também estava presente. Como em qualquer convento, também havia monjas ruins. O mal entrou em seus claustros, mas foi obrigado a se revelar. Na verdade, aquelas monjas más que rejeitaram a graça de suas vocações e então escolheram o Inferno, morreram com mortes terríveis. Antes de morrer, sombras mutantes cercavam seus corpos e vozes grosseiras as chamavam pelo nome, que provavelmente também eram ouvidas em diferentes partes do convento.

Assim, o claustro que tinha ouvido a canção dos Anjos, agora ouviu o rugido dos demônios levando as almas das monjas más para o Inferno. Depois que elas foram enterradas, chamas apareceram sobre seus túmulos. Isso ainda foi uma misericórdia de Nossa Senhora para o convento porque, vendo isso, as monjas sentiram um horror benéfico ao vício. Era uma forma de mostrar como o vício e o erro devem ser evitados e desprezados. Foi também a misericórdia dela que obrigou o Diabo a se mostrar em meio a símbolos tão horríveis e apropriados.

Aquele contraste vivo entre o bem e o mal dentro do convento confirmou a luta entre os filhos da luz e os filhos das trevas, estabelecida por Deus no Paraíso, quando predisse que Nossa Senhora esmagaria a cabeça da serpente: uma luta eterna que foi, é, e sempre estará presente na História até o fim dos tempos.

Abbey of Faremoutier

A Abadia de Faremoutiers, hoje

Tudo isso retrata a vida na Idade Média. Tudo isso reflete aquela era de fé em que as realidades religiosas apareciam em toda a sua pureza e autenticidade. Elas nos dão não apenas uma grande saudade de tempos que não conhecíamos, de maravilhas que não testemunhamos e de castigos que não vimos, mas também nos dão uma grande esperança. Em Fátima, Nossa Senhora profetizou o seu triunfo, que no final o seu Imaculado Coração triunfaria. Temos certeza de que maravilhas ainda maiores estão para acontecer neste mundo.

Pedimos que impregne em nossas almas não só a saudade daquela época de fé, mas sobretudo a esperança por este futuro. Uma esperança ardente deve inspirar-nos a fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para acelerar este futuro, para que o Reino de Maria chegue o mais breve possível. Fazer penitência pelas nossas faltas, manter o nosso desejo de uma vitória total para Nossa Senhora e rejeitar completamente as abominações dos dias de hoje na Igreja e na sociedade são o pano de fundo desta oração. Por nosso sofrimento, trabalho, luta e dedicação, pelos riscos que estamos dispostos a enfrentar, devemos ajudar na restauração da Cristandade e na implantação de seu glorioso Reino.

Peçamos a Santa Fara que nos confirme estes sentimentos no dia da sua festa.


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



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