Santo Alexandre, o Carvoeiro, Santo de 11 de Agosto

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O Santo do Dia

Santo Alexandre, o Carvoeiro,
11 de Agosto

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Seleção Biográfica:

Em meados do século 3, os cristãos de Comana, em Ponto, enviaram representantes a São Gregório Taumaturgo, Bispo de Neocesareia, solicitando um Bispo para sua cidade. Então São Gregório foi a Comana em busca de um pastor para a nova Diocese.

Uma comissão da cidade havia procurado candidatos de berço nobre, grande eloquência ou outras qualidades semelhantes. Quando todos esses foram apresentados a ele, São Gregório aconselhou a comissão que eles deveriam considerar a virtude primeiro, e não desprezar aqueles de aparência mais humilde. Um desses agentes, ridicularizando o conselho de São Gregório, respondeu: ‘Se o Sr. não quer um entre nossos cidadãos mais ilustres, talvez devêssemos escolher um Bispo entre os plebeus. Neste caso, aconselho o Sr. a trazer Alexandre, o carvoeiro, para que todos possamos concordar com o assunto.’

“Então, São Gregório foi a Comana procurar um pastor para a nova Diocese.”

São Gregório perguntou: “Quem é este Alexandre?” Rindo, eles trouxeram Alexandre até ele.

Por causa do pó de carvão, seu rosto, mãos e roupas modestas estavam pretos de sujeira. A assembleia riu ao ver tal figura entre os candidatos a Bispo. Alexandre permaneceu calmo, sem constrangimento por sua modesta condição.

Na verdade, ao contrário das aparências, ele era um filósofo talentoso, um homem verdadeiramente sábio. Não foi a necessidade que o levou a aceitar essa profissão, mas sim a vontade de praticar uma vida virtuosa afastada da admiração pública.

Jovem e belo, ele desejava viver castamente evitando ocasiões de pecado. O pó de carvão disfarçou seu rosto e, como uma máscara, impediu que seus traços fossem notados. O trabalho proporcionou apenas o suficiente para ele viver e praticar pequenas obras de caridade.

São Gregório ordenou que Alexandre tomasse banho e vestisse suas próprias vestes episcopais. Em pouco tempo, um homem completamente diferente apareceu, atraindo a atenção de todos os que ali estavam reunidos. São Gregório disse-lhes: “Não se surpreendam se vocês foram enganados em seu julgamento, que vocês apenas fizeram de acordo com o que podiam ver. O Diabo queria esconder este vaso de eleição e impedi-lo de ser Bispo.”

Ele consagrou Alexandre como Bispo. Em seu primeiro sermão, Alexandre surpreendeu toda a assembleia com a sabedoria e eloquência de suas palavras. Um ateniense que estava presente o criticou por falta de elegância grega, mas foi repreendido por uma aparição.

Santo Alexandre ficou famoso por sua pregação e governou a igreja de Comana de forma digna até a perseguição do Imperador Décio, quando foi queimado até a morte, morrendo como mártir pela Fé católica.

Comentários do Prof. Plinio:

A medieval depiction of a charcoal burner cutting wood

Um carvoeiro corta a madeira e queima-a até que se transforme em carvão

É uma vida muito bonita! Pode-se dizer que nesta vida uma maravilha se soma a outra. O belo jovem era ao mesmo tempo um filósofo habilidoso, um homem verdadeiramente sábio que decidira fugir do mundo. Ele foi para a pequena cidade de Comana e tornou-se um carvoeiro.

A profissão de carvoeiro é uma profissão muito humilde. Consiste em cortar a madeira, queimá-la até que se transforme em carvão, depois interromper a queima e vender o carvão. Por causa do pó do carvão, o homem que trabalha nessa profissão está todo sujo, todo negro.

Assim, Santo Alexandre decidiu ser carvoeiro para disfarçar as feições e evitar olhares de admiração. Para fazer isso, ele teve de trabalhar duro em um trabalho que o manteve pobre, mas ele viveu inocente sem ocasião de pecado. E então ele viveu lá em Comana em seu mundo dividido entre carvão e filosofia.

Os senhores podem imaginar como seria o final de um dia para Santo Alexandre. Depois de voltar de um dia de trabalho árduo, ele se senta do lado de fora de sua modesta casa, situada em um ponto onde termina o campo aberto e começa a floresta onde ele corta sua madeira.

Ele se senta em silêncio; está quente; alguma comida simples está sendo preparada no fogão. Enquanto espera, pensa, faz distinções, levanta questões abstratas, constrói edifícios intelectuais até atingir as alturas da teologia.

Enquanto pensa, reza a Nossa Senhora. É hora de entrar e comer. Depois da refeição simples, ele vai a uma igreja para visitar o Santíssimo Sacramento, para visitar uma estátua especial de Nossa Senhora que ele gosta. Então ele retorna e tem uma noite casta, piedosa e tranquila em sua pequena Comana.

Quando alguém compara sua vida com a nossa neste mundo revolucionário, tem uma séria inclinação a deixar de lado tudo que é moderno e ir para um lugar retirado para viver uma vida como a de Santo Alexandre.

Bem, lá estava ele seguindo uma rotina normal do dia quando foi chamado para comparecer a uma assembleia. Foi uma coisa extraordinária para ele. Ele chegou na assembleia e as pessoas começaram a rir dele. Ele não se importou.

Estava seguro e satisfeito com quem ele era e o que estava fazendo. Ele era um homem que praticava o que A imitação de Cristo nos ensina a fazer: Ser feliz por ser ignorado e considerado como nada aos olhos do mundo.

Ele estava lá, composto e feliz, provavelmente admirando o grande São Gregório Taumaturgo que estava presente. Thaumaturgus é uma palavra grega que significa ‘aquele que faz milagres.’

Podem facilmente imaginar a grande eminência de São Gregório, famoso por seus milagres - incomparavelmente mais do que qualquer uma das pequenas celebridades de Comana que ali se reuniram.

O que o texto não diz, mas o que é muito provável que tenha acontecido, é que os dois santos imediatamente discerniram a santidade e o valor humano um do outro. Quando São Gregório ouviu pela primeira vez sobre Santo Alexandre, provavelmente teve uma premonição dizendo quem ele era.

Então, ele estava verificando o homem. Não demorou muito para São Gregório confirmar seu pressentimento. Ele estava certo. Ordenou que um banho fosse dado a Santo Alexandre e que suas próprias roupas episcopais fossem colocadas sobre ele.

Pouco tempo se passou e Santo Alexandre voltou a entrar, mas agora ele era um homem esbelto, distinto e imaculado, vestindo túnicas episcopais. Foi consagrado Bispo e proferiu um sermão que surpreendeu os presentes pelo seu pensamento profundo e forma elegante.

Apenas um pomposo ateniense o criticou, dizendo que não seguia o estilo grego. Era razoável que o estilo de Santo Alexandre não fosse necessariamente grego, já que ele não era grego. De qualquer forma, uma visão do céu repreendeu o homem e acabou com suas críticas.

Como essa vida acabou? Terminou em martírio. Ele foi chamado a derramar seu sangue no holocausto a Nosso Senhor Jesus Cristo e como testemunho de sua adesão à Fé católica. Deixou de ser coberto com pó de carvão preto para estar encharcado no sangue vermelho do martírio. Que admirável!

É uma vida que brilha com o maravilhoso. Hoje vivemos em um mundo revolucionário que deu as costas ao maravilhoso. Tudo é banal, vazio e insípido, mesmo quando não é uma ocasião para o pecado. Hoje a única coisa maravilhosa que existe é a fidelidade de alguns católicos que não se ajoelharam diante dos ídolos revolucionários.

É a única coisa que exala um perfume precioso em meio a um ambiente pútrido, que brilha como uma luz forte na escuridão, que é nobre e digna de respeito em um ambiente vil. É um lírio que floresce na lama de uma noite escura e tempestuosa.

Peçamos a Santo Alexandre que nos dê a plenitude de seu maravilhoso espírito para que possamos ser transformados nos verdadeiros Apóstolos dos Últimos Tempos descritos por São Luís de Montfort.

A medieval depiction of plants, seeds, and leaves


Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.