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Transfiguração de Nosso Senhor - 6 de Agosto

Pe. Paulo Alvarez Norton
São Tomás de Aquino comenta que na Transfiguração “apareceu toda a Trindade: o Pai na voz, o Filho no homem, o Espírito na nuvem luminosa.” (1) A liturgia de hoje, porém, ressalta que a Transfiguração é como um grande ponto culminante da pregação de Cristo.

The Transfiguration of Christ

A contrapartida da Transfiguração de Nosso Senhor é sua tentação no deserto

Medieval depiction of the temptation of Christ in the desert

É também a contrapartida das tentações que Ele sofreu no deserto. No deserto, o demônio o tentou; aqui, na Transfiguração, dois santos o acompanham. Lá, Satanás citou a Lei e os Profetas para tentá-Lo; aqui, os representantes mais importantes da Lei e dos Profetas aparecem ao lado d’Ele para apoiá-Lo. Lá, Ele estava com fome e humilhado; aqui, Ele aparece cheio de glória e poder. Lá, Ele mostrou que era um homem; aqui, Ele mostra que é Deus.

Cristo foi transfigurado para dar aos seus discípulos - e a nós - um vislumbre da glória do Céu, de modo que eles não queriam mais sair dali, embora a princípio sentissem medo, o que é uma característica das “visões imaginativas.”

De fato, Santa Teresa diz que as visões imaginativas “no início causam grande medo e, então, imediatamente a pessoa sente paz e alegria.” Cristo apareceu para ela mostrando apenas a mão d’Ele e ela caiu por terra. Mas, então, pouco a pouco Ele se mostrou a ela até que ela pudesse vê-Lo completamente.

Se Ele tivesse feito isso desde o primeiro momento, ela não teria suportado. Ela disse que se alguém passasse a vida inteira contemplando aquela visão, como os três apóstolos queriam fazer, poderia morrer de alegria.

De fato, segundo a tradição, Nossa Senhora passou deste mundo ao outro porque Cristo pôs fim ao milagre contínuo que A impedia de morrer de alegria que sentia pelo seu imenso amor a Deus.

Os Apóstolos precisavam desse milagre para resistir aos sofrimentos e perseguições que receberiam em nome de Cristo. Embora este episódio da Transfiguração seja sublime, está intimamente ligado à Paixão: Cristo falou com Moisés e Elias da Sua Paixão e, imediatamente a seguir, na descida do monte, anunciou aos discípulos os sofrimentos que teria de passar.

Não se pode ter verdadeira fé sem se lembrar da Paixão e da Glória de Cristo: que Ele é Homem e Deus. É importante notar que esses mesmos Apóstolos - Pedro, Tiago e João - também foram escolhidos por Cristo para testemunhar Sua Paixão no Jardim das Oliveiras, (2) bem como a ressurreição da filha de Jairo. (3)

Cristo ensinou o valor do seu sacrifício voluntário, aceitando o “cálice” e se deixando ser “espremido como uma azeitona” (Getsêmani = גת שמנים = prensa de azeite), mas também nos disse “não temamos” porque Ele tem o poder de vencer a morte (a ressurreição da menina) pois Ele é Deus.

Falando sobre a Ressurreição, que foi prefigurada na Transfiguração, São Paulo diz: “Se Cristo não ressuscitou, então a nossa pregação é vã, e a vossa fé também é vã.” (4)

Seis dias após a confissão de Pedro

São Mateus observa o momento exato em que esse milagre aconteceu: “seis dias depois.” Seis dias depois do quê? Após a confissão de São Pedro, que reconheceu Jesus como o Filho de Deus e depois de Cristo ter anunciado pela primeira vez a sua Paixão e Morte.

Para confirmar os Apóstolos nos dogmas da sua Divindade e Humanidade, Nosso Senhor perguntou aos discípulos o que o povo dizia sobre o Filho do Homem. Como sabemos, os contemporâneos de Cristo pensavam que Ele era um homem simples.

“Que dizem os homens sobre o Filho do homem? (5) Ele perguntou aos Apóstolos. E, então, foi quando São Pedro se confessou: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” (6)

St. Peter holding keys to the Church

Após sua confissão da divindade de Cristo,
Pedro recebeu as chaves de poder

Mas São Pedro teve que reconhecer não só a Divindade de Cristo, mas também sua natureza humana e aceitar sua paixão e morte. Os Judeus, que até aquele dia não podiam aceitar o mistério da Encarnação, cometeram o mesmo pecado de seu pai, o Diabo, que respondeu "Non serviam" (לֹא אעבוד) quando lhe foi revelada a Encarnação do Verbo Divino e Seu nascimento de uma mulher.

Portanto, Nosso Senhor, imediatamente após a confissão de São Pedro, predisse a Sua Paixão e, depois de seis dias, Ele se transfigurou para confirmar os seus discípulos na fé.

A Transfiguração também nos diz algo sobre nossa Ressurreição: Nossa carne será ressuscitada com as características gloriosas de impassibilidade, leveza, sutileza e brilho, como o corpo ressuscitado de Cristo. Ou seja, o corpo não pode mais sofrer: “Deus enxugará de seus olhos todas as lágrimas: e não haverá mais morte, nem pranto, nem choro, nem haverá mais tristeza” (7), diz o Apocalipse.

Os corpos gloriosos poderão mover-se à vontade para qualquer lugar: entrar numa sala fechada com as portas trancadas, como Cristo entrou no Cenáculo no dia da Ressurreição, (8) e possuirão a maior beleza.

Mas, por enquanto ainda estamos na batalha e temos de continuar agindo. Não podemos fingir que fazemos três tendas e nos sentamos para descansar apenas para contemplar a Deus e desfrutar de sua presença. Certamente devemos contemplar Cristo, mas devemos continuar agindo, por isso devemos sempre descer da montanha.

Que Deus nos dê a graça de permanecer firmes, lutando o bom combate da fé, fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance para que Cristo reine, e confiando na Sua Divina Vontade e na poderosa intercessão de Sua Mãe Santíssima por tudo aquilo que não podemos realizar por nós mesmos. Amém.

  1. Santo Tomás de Aquino: “Tota Trinitas aparuit, Pater in voce, Filius in homine, Spiritus Sanctus in nube claraSumma Theologiae, III. Q45. A4.
  2. Mt 26: 36-45
  3. Lc 8:51-56
  4. I Cor. 15:14
  5. Mt 16:13
  6. Mt 16:16
  7. Apoc 21:4
  8. Jo 20:19
Postado em 5 de agosto de 2021


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