Sim, por favor
Não, obrigado

O Santo do Dia

donate Books CDs HOME updates search contact

São Teófanes - 12 de Março

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Seleção Biográfica:

Teófanes, nascido em Constantinopla, pertencia a uma das famílias mais nobres do Império Bizantino. Seu pai morreu quando ele tinha três anos, deixando-o herdeiro de um grande patrimônio, sob a tutela do Imperador Constantino Coprônimo, que criou o menino.

An image of St. Theophanis

São Teófanes, Abade e Confessor

Aos 12 anos, ele foi obrigado a se casar. Mas no dia do casamento, eles fizeram um voto mútuo de castidade perpétua. Quando seu sogro soube do acordo, ele ficou furioso porque queria herdeiros para a enorme fortuna de Teófanes. Ele reclamou com o Imperador, que enviou Teófanes a Cízico, perto do Mar de Mármara, com o título de Gerente Real das Obras Públicas de Helesponte e Lísia.

Lá ele conheceu o monge que o instruiu no caminho da contemplação. Teófanes abandonou o mundo e se retirou para um mosteiro. Mais tarde, ele construiu dois mosteiros na Mísia e se tornou Abade do chamado Megal-Agre.

Em 814, o Imperador Leão, o Armênio, renovou a perseguição contra a Santa Igreja, abolindo o uso de imagens sagradas. Este Imperador estava ciente da grande reputação e autoridade que Teófanes gozava entre os fiéis católicos. Com o objetivo de conquistá-lo para sua causa, ele chamou Teófanes para Constantinopla.

O Santo percebeu o anzol escondido sob as atraentes iscas, mas isso não o impediu de obedecer à convocação do Imperador. Após a chegada de Teófanes à cidade, o Imperador lhe enviou esta mensagem:
“Pela sua disposição branda e prestativa, me agrada que você veio confirmar minha opinião sobre o ponto em questão [a destruição de imagens] com o seu apoio. Esta é a maneira mais rápida de obter meu favor e, com isso, as maiores riquezas e honras para você, seu mosteiro e seus parentes, tanto quanto está em poder de um Imperador conceder.

“Mas se você se recusar a cumprir meus desejos neste caso, incorrerá em meu maior desagrado e atrairá miséria e desgraça para você e seus amigos.”
Book cover of 'The Chronicles of Theophanes'

O Santo deixou as Crônicas que abrangem os anos 602-813

Teófanes, que nunca se deixou intimidar por promessas ou ameaças, devolveu esta resposta:

“Estando agora muito avançado em anos e muito abatido por dores e enfermidades, não tenho prazer nem inclinação para nenhuma daquelas coisas que, pelo amor de Cristo, desprezei em minha juventude, quando estava em condições de gozar o mundo. Quanto ao meu mosteiro e aos meus amigos, coloco o seu destino nas mãos de Deus.

“Se pensa em me amedrontar com suas ameaças, como uma criança tem medo do chicote, o Sr. só perde seu tempo. Pois embora eu esteja sem forças para andar e sujeito a muitas outras enfermidades corporais, confio em Jesus Cristo que, em defesa de Sua causa, Ele me dará a força e a coragem para sofrer por Sua causa os tormentos mais agudos que o sr. pode infligir ao meu corpo fraco.”

Enfurecido, o Imperador ordenou que Teófanes fosse confinado em uma masmorra fechada e fedorenta, onde o Santo permaneceu por dois anos sofrendo de crueldades e doenças. Ele também foi açoitado sem compaixão, em um dia recebendo 300 golpes de chicote.

Em 818 foi exilado para Samotrácia, onde faleceu 17 dias após sua chegada, em 12 de março de 818.

Comentários do Prof. Plinio:

É uma coisa maravilhosa ver essa generosidade em um alto dignitário da corte imperial de Constantinopla.

A Byzantine picture of an emperor

Imagem de um Imperador Bizantino

Para criar uma imagem do ambiente, como Santo Inácio nos aconselha a fazer quando meditamos, temos de imaginar um daqueles Basileus solenes, o título do Imperador Bizantino. Ele se senta com seu rosto de ícone e ar judicioso, seu rosto emoldurado por pérolas, um cetro de marfim em sua mão, e seu olhar se volta para o Bósforo, contemplando, por assim dizer, séculos de História. Na parede dourada, acima dele, está pendurado um quadro folheado a ouro de São Miguel Arcanjo.

O Imperador Coprônimo traz esse tipo de imagem à mente. Este homem criou Teófanes, que era um jovem puro, uma coisa rara em nossos dias. Ele casou Teófanes com uma jovem pura, também uma coisa rara hoje. Algo ainda mais raro, ambos decidiram manter a castidade perfeita na vida de casados.

Quando soube disso, o Imperador enviou seu protegido para um exílio dourado. Ele foi com um título pomposo - quase todos os títulos bizantinos são pomposos - descrevendo uma mera função administrativa. Provavelmente morava em um palácio, que seria uma miniatura do palácio imperial de Constantinopla, onde receberia o povo da região com pompa e cerimônia proporcionais. Seria normal que ele tivesse um pequeno trono onde daria suas ordens e resolveria os problemas da região.

Às vezes, seus interlocutores eram monges que deixavam seus mosteiros ou eremitérios no deserto para vir ao palácio a fim de atender às suas necessidades com o delegado imperial.

Certa vez, um desses monges o convidou para ir com ele ao deserto: “Teófanes, vejo que és um homem puro. Deus o chama, entretanto, para uma pureza maior, deixa, ó Teófanes, os prazeres do mundo e as delícias que te prometem. Venha comigo para o deserto, onde aqueles que são amados por Deus, longe do mundo, têm a familiaridade com o Senhor.” Pode-se imaginar uma cena dessas.

E assim, Teófanes deixou o mundo, foi para o deserto e se tornou o abade de um mosteiro.

A medieval depiction of a monk making a journey

Teófanes respondeu ao apelo a Constantinopla, mas se recusou a trair a doutrina católica

Em relação à carta de Leão, o Armênio, vemos a grande fidelidade do Santo e o heroísmo de sua resistência à má doutrina do Imperador. Nem as promessas de recompensas nem as ameaças de castigo o afastaram da sua decisão de ser fiel a Nosso Senhor. Vemos que a promessa feita por nosso monge imaginário foi cumprida: Teófanes havia adquirido familiaridade com o Senhor, o que não pode ser trocado por qualquer vantagem humana.

O que pode ser dito sobre sua sublime perseverança em seus sofrimentos e morte? Vemos a mesma pureza de intenção, nunca manchada em toda a sua vida: pureza de corpo, pureza de alma. Podemos imaginar a glória que ele recebeu no Céu quando sua alma foi levada pelos Anjos perante o Juiz Eterno.

Do Céu operou tenho certeza disso, muitos milagres, para confirmar os católicos na fidelidade à Fé e na resistência à heresia iconoclasta.

Em nossa admiração por São Teófanes, dirigimos-lhe uma oração pedindo que nos dê a pureza de costumes que possuía, bem como a pureza de propósito que manteve até o último suspiro de vida, para que possamos seguir seu exemplo e resistir ao mal de nossos dias, o progressismo na Igreja e a Revolução na Cristandade.


Tradition in Action



j000 SD Dr. Plinio.gif - 9040 Bytes
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



Santo do Dia  |  Início  |  Livros  |  CDs  |  Procurar  |  Contacte-nos  |  Doar

Tradition in Action
© 2018-   Tradition in Action do Brasil    Todos os Direitos Reservados