Seleção Biográfica:
Um Bispo Bizantino da Igreja primitiva em uma iluminura
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São Bábilas viveu no século III. Ele era Bispo de Antioquia e muito amado pelo povo. Um dia, o Imperador pagão Numeriano ordenou que uma jovem fosse sacrificada aos ídolos. Ela era filha de um rei e foi feita refém em uma guerra. Depois desse crime, ele foi entrar na Catedral de Antioquia para zombar dos católicos. Ele foi recebido na porta, porém, por São Bábilas, que lhe disse: “Dê um passo para trás, homem impuro e sacrílego. Você não deve entrar aqui.” Um grande ódio pelo Prelado preencheu Numeriano.
Posteriormente, prendeu o Bispo com três de seus discípulos para submetê-los aos interrogatórios em que estava presente. Durante um deles, ele ridicularizou o santo dizendo: “Pelos deuses, suponho que deves ensinar coisas interessantes aos tolos de quem és mestre, já que tens uma escola.”
O prelado respondeu: “Sim, ensino sabedoria e verdade às crianças. Quanto aos tolos, eles não frequentam minha escola; caso contrário, você estaria lá.”
Depois de torturar os discípulos de São Bábilas, o Imperador foi até ele, dizendo:
“Ouça-me, ó mestre que ensina tais estupidezes às crianças. Desta vez você perdeu, pois seus três alunos acabaram de oferecer sacrifícios aos deuses.”
Juliano, o Apóstata, tentou tirar as relíquias do Santo de Antioquia
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O homem de Deus fixou nele seu olhar severo e respondeu:
“Você mente, homem sem-vergonha. Você faz isso naturalmente, já que é filho do Diabo, o mentiroso por excelência.”
O Imperador o condenou à morte. Ao ser levado, ele exortou o povo dizendo: “Em volta do meu pescoço está uma coleira de ferro e correntes.
Exorto-vos solenemente, em nome de Deus, a enterrá-los junto ao meu corpo, pois um dia eles darão testemunho contra este tirano que o fogo eterno aguarda”. Após sua morte, São Bábilas foi muito venerado no Oriente e muitas igrejas foram dedicadas a ele.
Em 363, o Imperador Juliano, o Apóstata, visitou Antioquia para oferecer sacrifícios a Apolo, cujo templo ele encontrou abandonado.
Ele perguntou a um velho pagão por que isso acontecia, e o homem respondeu que Apolo não dava mais profecias ali porque estava perturbado com a presença dos restos mortais de um homem naquela cidade. Era São Bábilas.
Juliano queria pegar as relíquias do santo e mandá-las embora. Mas todos os habitantes da cidade vieram em procissão em defesa do ex-Bispo cantando:
“Confundam-se todos os que adoram as coisas esculpidas e se gloriam nos seus ídolos. Adorem-no, todos vós, seus anjos. Gente, dobrai vossos joelhos diante do Senhor Altíssimo de toda a terra. Ele é exaltado excessivamente acima de todos os deuses.”
O plano de Juliano foi frustrado, e as relíquias de São Bábilas permaneceram na cidade.
Comentários do Prof. Plinio:
É interessante ver que a fisionomia deste mártir é bem diferente daquela que normalmente nos é apresentada por certa escola romântica de hagiografia. Esta escola retrata o mártir sempre perdoando aqueles que estão infligindo a morte a ele. Isso é legítimo, é claro.
É muito nobre e belo que o mártir, no momento em que está entregando sua vida a Deus, se desligue do mundo ao seu redor, mesmo de seus perseguidores, e pense exclusivamente em Deus. É nobre da parte dele perdoar e rezar por aqueles que estão contra ele. Nosso Senhor rezou pelo bom ladrão e perdoou aqueles que o infligiram a morte.
O Imperador Numeriano perseguiu os Católicos no Oriente
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Mas o que está errado nesta escola é sugerir que se um santo morresse amaldiçoando seus inimigos e condenando os crimes de seus adversários, ele não seria um verdadeiro santo.
Ele não teria praticado a virtude do perdão e a virtude do amor ao próximo. Então ele não mereceria ir direto para o Céu. Percebe-se uma censura implícita à ação de São Bábilas, que o fez, no fato de sua vida não ser muito conhecida e de não serem divulgadas fotos ou imagens dele.
Essa censura implícita, entretanto, contém um erro doutrinário. É perfeitamente legítimo, e em alguns casos até um dever, morrer falando a verdade e denunciando o erro dos inimigos. A vida e a morte de São Bábilas são provas importantes disso. É uma forma eminente de santidade prejudicar os inimigos da Igreja e assustar os demônios mesmo depois da morte.
Existem duas cenas grandiosas nesta descrição da vida de São Bábilas.
Primeiro, o encontro na porta da Catedral. Pode-se imaginar, por um lado, o Santo parado à porta, severo e indignado. Ele já sabe do crime do Imperador e, firme e tranquilo, o espera ali. Por outro lado, há o Imperador, que se aproxima da Catedral rodeado de cortesãos bajuladores. O Imperador zomba dos católicos e todos os cortesãos estão rindo alto.
O Imperador é a autoridade máxima da terra, e São Bábilas é um simples Bispo. Mas Bábilas é mais do que Numeriano, porque é um santo. O Imperador quer entrar, o santo o proíbe e o Imperador é impedido. O que ele tinha para proibir o Imperador de entrar? Ele tinha uma coisa que hoje está muito esquecida, é a força moral. Sua presença, sua fé, sua autoconfiança impediram o Imperador de fazer a blasfêmia que planejara.
Acima, Apolo em um templo pagão. Ele foi silenciado em Antioquia pela presença das relíquias de São Bábilas
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A segunda cena é após sua morte. O demônio adorado sob o nome de Apolo não podia mais se comunicar com seus seguidores porque aquela mesma presença moral de São Bábilas que havia impedido o Imperador Numeriano de entrar na Catedral ainda estava presente em toda a cidade de Antioquia, não permitindo ao diabo fazer profecias. Agora, outro Imperador, Juliano, o Apóstata, ficou impotente diante de São Bábilas.
A personalidade de São Bábilas foi tão grande que tanto em sua vida quanto depois de sua morte ele foi capaz de dominar os homens mais poderosos da terra, assim como o diabo no inferno.
Peçamos a São Bábilas que nos dê confiança e fé para que, com nossa presença, possamos impedir os inimigos da Igreja de realizar suas intenções blasfemas e idólatras.
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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira | |
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
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