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O Santo do Dia

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Santo Eligius (Eloi ou Eloy) - 1 de Dezembro

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Seleção Biográfica:

Santo Eligius viveu de 588 a 660. Ele nasceu em Limoges, na França, e desde muito cedo revelou um talento incomum no artesanato. Ele foi aprendiz de um notável ourives e tornou-se um dos melhores artesãos de seu tempo.

St. Eligius in his shop, by petrus Christus

Acima, Santo Eligius em sua ourivesaria, de Petrus Christus, 1449.  Abaixo, uma obra de ourives do século 5 ou 6

An elaborate golden goblet from the 5th or 6th century

A caixa do trono que ele fez para o Rei Clotário II ficou famosa. Clotário encarregou Eligius de fazer um trono de ouro incrustado com pedras preciosas. Com o ouro que recebeu para fazer a peça, Eligius conseguiu fabricar dois tronos preciosos. Satisfeito com tal honestidade, o Rei o recebeu em sua casa e nomeou-o senhor do tesouro, encarregado de cunhar as moedas do Reino. Clotário morreu em 629 e foi sucedido por seu filho Dagoberto, que também confiou a Santo Eligius e o nomeou seu principal conselheiro.

Os Bretões estavam fazendo incursões na terra dos Francos (Neustria), e o Rei Dagoberto enviou Santo Eligius ao Rei dos Bretões, São Judicail, para pedir-lhe que se submetesse à autoridade Franca. A missão foi um sucesso total. O Rei bretão e seus nobres concordaram em homenagear o Rei Dagoberto. Retornando ao seu Reino, o Rei Judicail renunciou à coroa e entrou em um mosteiro.

Santo Eligius sentiu a mesma atração pela vida monástica, mas não foi autorizado a deixar seus deveres civis. Frequentemente, porém, quando suas funções como ministro do Rei o permitiam, ele deixava a corte e ia para Luxeil, um grande mosteiro para admirar a ordem da vida monástica. Durante suas viagens, ele mandava todos os pobres da região se reunirem diante dele para receber esmolas. Ele pedia refeições preparadas para os pobres e então os servia pessoalmente. Depois, ele lavava seus pés e preparava camas para eles.

Em 639, com a morte do Rei Dagoberto, Santo Eligius finalmente deixou a corte para se tornar sacerdote. Um ano depois, ele foi nomeado o novo Bispo de Noyon-Tournai. De lá, ele foi para muitas partes de Flandres, onde a idolatria ainda Reinava para pregar a palavra de Deus àqueles pagãos. Diante da obstinação dos habitantes, ele destruiu seus ídolos e fundou muitas igrejas e mosteiros. De acordo com a tradição, ele fez muitos milagres.

Um dia, por exemplo, na festa de São Pedro, ele estava pregando contra o paganismo e a idolatria em uma dessas aldeias. Alguns dos líderes da aldeia ameaçaram matá-lo se ele não parasse de falar. Em vez de fugir, Santo Eligius falou com ênfase redobrada contra suas superstições diabólicas. A multidão pegou pedras para matá-lo, mas com uma voz alta que se ergueu acima da ralé, ele fez esta oração:
“Senhor, rogo-te que entregues ao Diabo as almas destes homens audaciosos que ousam resistir aos Vossos preceitos. Pelos tormentos que o Diabo infligirá sobre eles, eles aprenderão a respeitar Vosso infinito poder e dar glória a Vosso Nome.”
Imediatamente, cerca de 50 dos mais insolentes de seus agressores foram possuídos pelo Demônio. O resto da multidão, temendo o mesmo destino cairia sobre eles, ajoelhou-se diante do Santo, prometendo fazer tudo o que ele mandasse. Santo Eligius acalmou a multidão, mas não libertou nenhum daqueles homens possuídos. No ano seguinte, porém, no mesmo dia da festa de São Pedro, ele ordenou que os 50 infelizes viessem diante dele. Então ele rogou a Deus e os borrifou com Água Benta. O Demônio deixou suas almas e, a partir desse incidente, toda a região se converteu.

Comentários do Prof. Plinio:

A personalidade de Santo Eligius é muito rica com muitos aspectos que devem ser analisados separadamente.

Primeiro, é interessante ver como Santo Eligius não tinha nenhum traço da mentalidade religiosa moderna, que dita que nenhum santo deve aprovar a pompa e a riqueza do Estado e da Igreja. O espírito de Santo Eligius era o oposto dessa falsa mentalidade. Sua santidade brilhou com o mesmo esplendor quando ele construiu dois preciosos tronos de ouro para o Rei e quando deu esmolas aos pobres. Ele tinha um equilíbrio perfeito a esse respeito.

7th century coins showing kings Clotaire and Dagobert

Acima, moedas do século 7 com efígies dos Reis Clotário, à esquerda, e Dagoberto.  Abaixo, uma cena do escritório da tesouraria.

A medieval depiction of a treasury

Em segundo lugar, Santo Eligius fazia parte da casa e ministro do tesouro dos Reis Clotário II e Dagoberto porque, naquela época, as funções domésticas da casa do Rei coincidiam com as funções do Estado. O homem encarregado dos estábulos do Rei, por exemplo, também era responsável por todas as unidades de cavalaria do Reino. Ele era uma espécie de ministro da defesa. Assim, Santo Eligius, pela sua honestidade em fazer o trono do Rei, foi escolhido para ser seu ourives e, por consequência, o mestre da casa da moeda. Ele era uma espécie de ministro da economia. Ele era ao mesmo tempo um diplomata habilidoso.

Terceiro, o episódio contando como São Eligius tratava os pobres mostra não só sua admirável caridade, mas também quão diferentes eram os costumes daquela época. Podemos ver como era tranquila a vida de um ministro de Estado. Ele tinha tempo para jantar com os pobres, servi-los e preparar camas para eles. Santo Eligius tinha tempo para isso, enquanto um ministro de hoje não.

Em parte, isso ocorre porque o Estado moderno é intrusivo, projetado para controlar tudo, e seus ministros estão sobrecarregados com enormes responsabilidades. Se o Estado fosse regido pelo princípio da subsidiariedade, só se envolveria em assuntos indispensáveis, quando fosse absolutamente necessário. Muitas responsabilidades estariam naturalmente nas mãos de indivíduos ou grupos específicos, e os ministros teriam tempo para viver e respirar.

Quarto, os pobres daquela época também eram completamente diferentes dos pobres de hoje. Se um ministro se sentasse à mesa de uma massa de pobres hoje, ele correria o sério risco de ser inundado por protestos e objeções, e talvez até mesmo ser ferido. Naquela época havia ministros que amavam sinceramente os pobres, e os pobres, por sua vez, os amavam e os tratavam com consideração e respeito. Foi uma época de harmonia social, não uma época em que a luta de classes foi introduzida em todos os lugares pelo Comunismo.

A statue of St. Eligius

Santo Eligius, um modelo de justiça e misericórdia
Quinto, podemos entender melhor a magnífica lição que Santo Eligius deu àquela aldeia pagã, apontando como uma pessoa que está possuída pelo Demônio é atormentada por ele: ele se machuca rolando no chão; ele estraga sua saúde comendo coisas nojentas, ele foge da sociedade e se esconde em lugares solitários e imundos; ele assusta as pessoas imitando o som de animais, etc. Ser possuído pelo Demônio por um ano é o pior castigo de corpo e alma que alguém pode imaginar.

Pois bem, Santo Eligius, com um espírito muito anti-ecumênico, rogou a Deus para que o Demônio possuísse aquelas pessoas para dar uma boa lição à aldeia. Ele nos deu um exemplo de uma instituição de caridade forte e bem orientada. Ao final de um ano, toda a área havia se convertido.

Já posso ver as objeções histéricas de muitos progressistas a esse episódio da vida de Santo Eligius. Mas essas reações não têm importância. Eles apenas provam como os progressistas estão errados e têm um espírito diferente do espírito Católico. Santo Eligius não perde nada de sua glória por causa de seus ataques. Ele continua a ser altamente venerado em muitos lugares como um exemplo de bondade. Aliás, foi a sua bondade que em grande parte criou a fama do “bom Rei Dagoberto,” sobre quem as crianças Francesas cantam em uma canção muito popular e charmosa até hoje.

Peçamos a Santo Eligius que nos dê o equilíbrio entre a justiça e a misericórdia que ele tão sabiamente exerceu, para que possamos mostrar a bondade ao bem e a força contra o mal para melhor servir Nossa Senhora, como ele fez.


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



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