São Carlos Borromeu aplicou os princípios do Concílio de Trento à vida da Igreja. |
Seleção Biográfica:
São Carlos Borromeu (1538-1584), Bispo e Confessor, foi chamado por Deus para realizar uma verdadeira reforma na Igreja. A feliz conclusão do Concílio de Trento deve-se em grande parte à sua prudência. Cardeal aos 23 anos, foi nomeado Arcebispo de Milão. Ele presidiu Sínodos e Concílios, estabeleceu colégios e congregações e renovou o espírito de seu clero e das ordens religiosas. Ele foi o fundador dos seminários Diocesanos.
São Carlos Borromeu pôs em prática as decisões tomadas no Concílio de Trento. Ele tinha os dons naturais e sobrenaturais necessários para ser um santo Bispo. Seu único objetivo era realizar o modelo do Bispo perfeito. Toda a sua vida foi ordenada para este ideal. Nele, o homem desapareceu e só apareceu o Prelado, manifestando uma santidade esplendorosa.
Comentários do Prof. Plinio:
Algo que se nota na História é que quando um povo chega ao apogeu, começam a aparecer grandes homens. E muitos desses grandes homens estão tão intimamente ligados ao posto que ocupam que a pessoa quase parece desaparecer e apenas a posição brilha. Vejamos alguns exemplos.
Acima, Carlos Magno, o Imperador por excelência.
Abaixo, São Carlos Borromeu, o modelo para os Bispos
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Há um homem que até hoje é o Imperador dos Imperadores, o modelo perfeito e definitivo para todos os Imperadores. Tanto é verdade que, quando se pensa em um Imperador, se pensa acima de tudo nele. Ele é Carlos Magno. Depois que Carlos Magno morreu, as invasões que ele havia interrompido recomeçaram; o Império que ele construiu, se desfez; a Europa que ele queria unir, fragmentada em muitos reinos e unidades políticas menores; a dinastia que ele fundou foi extinta. Tudo levaria à conclusão de que sua memória desapareceria. Mas Carlos Magno permaneceu para sempre na memória de todos os homens como o protótipo do Imperador Católico e, portanto, o Imperador por excelência. A memória de Carlos Magno perdurou com toda a dignidade imperial, plenitude de personalidade e elevação de espírito próprias de um Imperador enviado por Deus para fazer Sua obra na terra.
Luís XIV é o Rei Francês por excelência, o Rei Sol; Filipe II da Espanha foi por excelência o Rei que defendeu a Fé. Da mesma forma, os senhores podem encontrar outras personagens que personificaram todas as facetas dos papéis que exerceram.
A mesma regra se aplica dentro da Santa Igreja de Deus. São Gregório VII foi o Papa por excelência, São João Batista Vianney foi o modelo para todos os párocos e São Carlos Borromeu foi o protótipo de um Bispo.
Como um verdadeiro pastor que zela por seu rebanho, ele estava atento à forma como o erro estava sendo apresentado em sua época e tomou uma posição firme contra isso. Como muitas outras figuras proeminentes da Contra-Reforma, ele ajudou o progresso da doutrina Católica ao desenvolver a doutrina que o Protestantismo negava. Em suas obras, deduziu novos desdobramentos a partir de verdades já conhecidas. Sua postura sempre foi militante, como deve ser um Bispo. Ele não foi um Prelado ecumênico que aceita pequenas partes da verdade que o erro pode ter para apaziguar o herege. Ele iria analisar o conjunto da heresia com a qual estava lidando e discernir suas más intenções. Então ele refutaria o erro nesses pontos maliciosos e desenvolveria a doutrina oposta da Igreja.
São Carlos Borromeu não foi apenas um grande Bispo da Contra-Reforma, mas em certo sentido ele foi o Bispo da Contra-Reforma. Este título é seu não apenas porque era um homem muito culto, mas porque se tornou o próprio arquétipo de um Bispo. Ele não estava satisfeito em escrever livros contra os erros da época, o que ele fez. Mas ele fez ainda mais, ele personificou as verdades que defendia em seus livros. Ele se tornou o próprio símbolo do que escreveu.
Eu poderia descrever várias facetas de São Borromeu que o tornaram um Bispo modelo se eu tivesse mais tempo. Mas isso me atrasaria para a reunião que se segue a esta. Portanto, deixe-me resumir sua vida em um exemplo que considero muito significativo.
Um Cardeal, como os senhores sabem, deve se vestir com pompa, grandeza e solenidade para glorificar Nosso Senhor Jesus Cristo diante dos homens. Além de Príncipe da Igreja, São Carlos Borromeu foi um Senhor temporal em Milão, nascido em uma grande e nobre família Italiana. Aos 20 anos, foi-lhe confiado o cargo de responsável de Secretário de Estado Papal. Portanto, ele costumava se vestir e aparecer em grande estilo.
Acima, a Basílica de São Carlos Borromeu em Milão, construída em homenagem ao Santo.
Abaixo, a biblioteca do Seminário São Carlos Borromeu em Overbrook, PA.
Ele é o padroeiro dos seminaristas.
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Certa vez, sua carruagem estava a caminho de um de seus compromissos, quando um frade simples, que caminhava na estrada, se aproximou. São Carlos Borromeu ordenou ao chofer que parasse o veículo. O frade o cumprimentou e disse:
“Eminência, como deve ser bom viver a vida de um Cardeal, usar roupas tão esplêndidas e viajar numa carruagem magnífica! Certamente é muito mais agradável do que ser um simples frade como eu, e andar a pé.”
O Cardeal Borromeu gentilmente convidou o frade a acompanhá-lo. O frade sentou-se ao lado do Cardeal e a viagem recomeçou. Logo o frade começou a gritar de dor, porque as lindas almofadas dos bancos foram colocadas sobre uma tábua de pregos afiados de ferro como penitência que o Cardeal costumava usar para se mortificar. A dor ficava mais aguda a cada movimento do veículo. O frade não suportou tamanha mortificação e implorou que a carruagem parasse para ele sair. Aliviado, ele voltou a "andar a pé."
Ou seja, as sedas e os cristais da luxuosa carruagem deveriam ser vistos pelo povo para glorificar a Deus e à dignidade de seu cargo. Sob a esplêndida aparência de um Cardeal, o Santo continuou a praticar a penitência pelos seus pecados e pelos de seu rebanho.
Podemos pedir a São Carlos Borromeu que interceda junto de Nosso Senhor e de Nossa Senhora por várias coisas no dia da sua festa:
- pela reforma dos Bispos de hoje, que tantas vezes são muito diferentes do modelo que representou,
- para a restauração dos seminários, tão imersos na má moral e na falsa doutrina,
- e, finalmente, pela restauração de toda a Santa Igreja Católica hoje, conforme ele ajudou a restaurá-la em seus tempos.
Para nós, pessoalmente, podemos pedir-lhe que nos dê sua vigilância contra a heresia e seu senso heróico de sacrifício.
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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira | |
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.
Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.
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