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O Santo do Dia

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São Rafael Arcanjo
24 de Outubro


Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Em relação à devoção aos Anjos, algo raramente falado hoje é que o Céu é uma verdadeira corte. Quando eu era menino e o espírito igualitário era menos difundido na sociedade, mais se falava sobre a Corte Celestial. Livros de piedade, professores de religião e pessoas em geral falaram muito mais sobre a Corte Celestial.

A ideia de uma corte celestial é baseada na ideia de que Deus está diante dos Anjos e Santos como um Rei diante de sua corte. Por causa da semelhança que existe entre o Céu e a criação, as cortes terrestres são, de muitas maneiras, imagens da Corte Celestial. Por exemplo, seguindo o protocolo monárquico que existia para facilitar o trabalho do Rei, havia nobres eminentes que ajudavam o Rei quando recebia placets, ou seja, os pedidos do seu povo.

The Court of Heaven, by Fra Angelico

A Corte do Céu por Fra Angélico

Primeiro, cada pessoa que se aproximaria do Rei, seria apresentada por um nobre e falaria brevemente com o Rei fazendo seu pedido. Em seguida, ele entregaria um pergaminho com seu pedido formal ao Rei, que seria passado a um alto dignitário e colocado sobre uma mesa. Desta forma, o Rei ouviria muitas pessoas diferentes em uma audiência. Seus pedidos seriam examinados por um conselho especial, que daria seu parecer e pediria ao Rei sua decisão final.

Os senhores podem ver que os pedidos ao Rei, assim como suas decisões, foram mediados por muitos nobres. Alguém alcançaria o Rei pelos mesmos passos que serviam para distribuir suas decisões. No tribunal existe uma hierarquia de funções, dignidades e mediações que permitem a um indivíduo abordar o Rei, bem como ao Rei chegar ao indivíduo. Este é o mecanismo da corte.

Na Corte Celestial, quase a mesma coisa acontece. Em termos absolutos, Deus Nosso Senhor não precisa de ninguém. Porém, visto que Ele criou uma multidão de seres diversos, é natural que Ele desse a essas criaturas tarefas de acordo com suas posições, dignidades e missões. Também é natural que esses seres exerçam uma eficiência, brilho e esplendor especiais para servir ao seu Criador.

O Céu precisa, portanto, de uma vida com hierarquia, diversificação de funções, protocolo e dignidade de corte. Uma das consequências disso é que, de acordo com a ordem criada por Deus, os Anjos devem ser os intercessores e governantes dos homens.

A medieval depiction of the archangel Raphael

O Arcanjo Rafael

A festa de São Rafael nos lembra que ele é um eminente intercessor - um patrono especial dos enfermos e viajantes - que leva nossas orações a Deus. Ele é um dos espíritos angélicos mais elevados que auxiliam a Deus e, portanto, tem condições de pedir a Deus as graças de que precisamos.

Esta consideração geral inspirada pela missão de São Rafael nos mostra como as realidades terrenas são semelhantes às realidades celestiais. Na medida em que amamos as realidades terrenas que são semelhantes às do Céu, estamos nos preparando para o Céu. O amor à hierarquia, nobreza, distinção e elevação nos prepara para o Céu.

Esta preparação para o Céu é cada vez mais necessária à medida que mergulhamos em um mundo de horror. Nosso ambiente externo está cada vez mais monstruoso, caótico e desorganizado. Para não cair no desespero, a alma humana precisa ver algo magnífico e bem organizado. É prejudicial para a alma de um homem viver em constante desordem, vendo as coisas se deteriorando e decaindo. Já que tudo o que é elevado e digno está desaparecendo da terra, nosso desejo pelo Céu deve se intensificar para não perdermos as condições psicológicas para sobreviver neste mundo.

Só para se ter uma ideia do esplendor de São Rafael, podemos considerar que uma santa, que creio ter sido a Beata Ana Maria Taigi, mas não tenho certeza, viu seu Anjo da Guarda. Ao vê-lo, ela se prostrou no chão para adorá-lo, pensando que ele era Deus. O Anjo então explicou que ele era apenas seu Anjo da Guarda. A partir disso, podemos ter uma ideia de como o esplendor de um simples Anjo da Guarda - que pertence ao coro mais baixo dos Anjos - é absolutamente superior à nossa natureza humana. Além disso, se este é o caso de um simples Anjo da Guarda, vemos que é quase inimaginável para a mente humana compreender todo o esplendor de São Rafael .

A medieval depiction of Queen Blanche and St. Louis IX

Rainha Branca com seu filho São Luis IX

Existe uma maneira de visualizarmos a relação de São Rafael com Nossa Senhora? Sabemos que é difícil, mas voltando às realidades terrenas que são imagens do Céu, podemos imaginar como São Luis da França, por exemplo, teria lidado com sua mãe, Branca de Castela. Ele era um homem alto, belo, magnífico, que tanto atraía quanto impunha respeito. Ele era afável com seus amigos e terrível diante de seus inimigos. Ele foi o rei mais grandioso e decoroso de seu tempo. Ele também era um santo, e a aura de santidade refletia nele. Este grande homem também era um filho dedicado. Se o imaginarmos falando com sua mãe Branca de Castela, imaginamos na cena uma grande distinção, elevação e sublimidade.

Esta imagem nos fornece uma analogia para entender a relação de São Rafael com Nossa Senhora. São Luis foi uma espécie de anjo na terra; São Rafael é uma espécie de São Luis no Céu. A transposição dá-nos uma ideia da alegria que teremos no Céu contemplando São Rafael.

Peçamos a ele que nos ajude a chegar ao Céu para contemplá-lo. Devemos também pedir-lhe que nos ajude a manter uma consideração constante da ordem celestial para nos dar consolo e a esperança do Céu e do Reino de Maria nos dias cada vez mais tristes em que vivemos.


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



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