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O Santo do Dia

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São José de Cupertino - 18 de Setembro

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Seleção Biográfica:

St. Joseph Cupertino levitating in prary

São José de Cupertino em oração, era chamado de "Frade Voador" por causa de suas frequentes levitações

São José de Cupertino (1603-1668) foi um místico italiano cuja vida é uma combinação maravilhosa de uma total falta de capacidade natural e uma extraordinária eficiência sobrenatural.

Ele carecia de todos os dons naturais. Incapaz de passar em um teste, manter uma conversa, cuidar de uma casa, ou mesmo tocar em um prato sem quebrá-lo. Ele foi chamado de Irmão Asno por seus companheiros no mosteiro.

Nasceu em 17 de junho de 1603 em uma família de artesãos pobres. Por causa das dívidas do pai, nasceu em um galpão nos fundos da casa, pois ela estava nas mãos de oficiais de justiça. Doente e muitas vezes à beira da morte durante sua infância, aos sete anos desenvolveu uma úlcera gangrenosa que mais tarde foi curada por um homem religioso.

Sempre foi desprezado por seus companheiros que o chamavam de idiota. Até sua mãe se cansou dele e o repudiou por sua falta de valor humano.

Mais tarde, ao ingressar na vida religiosa, enfrentou dificuldades piores. Os Capuchinhos o receberam como irmão leigo, mas sua inépcia e abstração o tornavam insuportável para os outros religiosos. Muitas vezes ele era levado em êxtase e, alheio ao que estava fazendo, deixava cair a comida ou quebrava pratos e bandejas.

Como penitência, pedaços de pratos quebrados foram presos ao seu hábito como uma humilhação e um lembrete para não fazer o mesmo novamente. Mas ele não podia mudar. Nem mesmo era confiável para servir o pão, pois esqueceria a diferença entre o pão branco e o marrom.

Por fim, considerando que não servia para nada, o superior tomou seu hábito e o expulsou do mosteiro. Posteriormente, ele declarou que ter tirado o hábito foi o maior sofrimento de sua vida e que foi como se sua pele tivesse sido arrancada de seu corpo.

Quando deixou o mosteiro, havia perdido parte de suas roupas de leigo. Estava sem chapéu, botas ou meias, e seu casaco estava gasto e comido pelas traças. Apresentava uma visão tão lamentável que, quando ele passou por um estábulo na alameda, cães correram para cima dele e transformaram o que lhe restava de suas roupas em farrapos ainda piores.

Ele escapou e continuou pela estrada, mas logo encontrou alguns pastores, que pensaram que ele era um vilão e estavam prestes a espancá-lo, quando um deles teve pena dele e os persuadiu a deixá-lo ir em liberdade.

Foi até a casa de seu tio, que envergonhado dele o repreendeu e o mandou de volta às ruas sem nada. Chegando em sua cidade natal, ele foi para a casa de seus pais, onde sua própria mãe o repreendeu.

Por fim, o superior do Mosteiro de Grottela reconheceu a sua santidade e decidiu acolhê-lo como criado. Ele foi nomeado para o estábulo e tornou-se o guardião do burro do mosteiro.

Foi aí que a santidade de São José de Cupertino começou a ser reconhecida. Ele sempre foi humilde, disposto a servir e de bom ânimo. O superior decidiu interná-lo no mosteiro na esperança de que aprendesse o suficiente para ser ordenado, mas o esforço parecia inútil. José não conseguia comentar sobre qualquer passagem das Escrituras, exceto uma: "Beatus venter qui Te portavit" [Bendito seja o ventre que te gerou].

Quando chegou a hora de seu exame para o diaconato, o Bispo abriu os Evangelhos ao acaso e seus olhos caíram naquele texto que José conhecia bem. José foi capaz de expô-lo com sucesso. Um ano depois, vieram os testes para o sacerdócio.

Todos os postulantes, exceto José, estavam muito bem preparados. O Bispo chamou vários candidatos, que responderam de maneira excelente. Supondo que todos estivessem no mesmo nível intelectual, o Bispo aprovou todos sem questionar os demais.

José estava entre os candidatos a quem nada foi perguntado. Portanto, em 4 de março de 1628, José tornou-se sacerdote aos 25 anos de idade, apesar de suas limitações e da opinião dos homens.

The interior of St. joseph of Cupertino basilica in Osimo

A Basílica de São José de Cupertino em Osimo, Itália, que abriga o corpo do Santo.
Uma imagem do Santo levitando é pintada perto do teto, onde seu corpo frequentemente se erguia

Durante esse período de sua vida, as consolações espirituais de que desfrutava desde a infância o abandonaram. Posteriormente, escreveu a um amigo sobre aquele momento difícil: “Queixei-me muito a Deus, sobre Deus. Tinha deixado tudo por Ele e Ele, em vez de me consolar, entregou-me a uma angústia mortal.”

Continuou: “Um dia, quando eu estava chorando e lamentando em minha cela, um religioso bateu na minha porta. Eu não respondi, mas ele entrou em meu quarto e disse: 'Frei José, como está?'

“'Estou aqui para servi-lo,' respondi.

“'Pensei que não tivesse um hábito,' continuou ele.

“'Sim, tenho um, mas está caindo aos pedaços,' respondi.

“Então, o religioso desconhecido me deu um hábito e, quando o coloquei, todo o meu desespero desapareceu imediatamente. Ninguém jamais soube quem era aquele religioso.”

A partir dessa época, a vida de São José de Cupertino mudou. Ele se tornou famoso por seus êxtases, milagres e pelo dom da levitação, relatado por inúmeras testemunhas oculares. Experimentou isso tantas vezes que ficou conhecido como "o Frade voador.”

Começou a atrair tantos peregrinos para o mosteiro que seus superiores tiveram de transferi-lo de um mosteiro para outro várias vezes para evitar a comoção. Finalmente, ele chegou a Osimo em 1657, onde continuou a vivenciar diariamente as manifestações sobrenaturais dos favores de Deus até morrer em 18 de setembro de 1663, aos 60 anos.

Comentários do Prof. Plinio:

É difícil comentar a extraordinária vida de São José de Cupertino. Vou tentar fazer isso dividindo o tópico em partes.

The altar that houses St. Joseph of Cupertinos body

O corpo do Santo pode ser venerado no altar do Santuário sob a Basílica

Primeiro, os senhores veem que Nossa Senhora colocou tudo de negativo neste homem. Mas, como "para o amor nada é impossível," segundo a máxima de Santa Teresinha de Lisieux, ele cumpriu tudo o que sua vocação o chamava a fazer.

Existe um equívoco sobre eficiência que a define puramente em termos de produção. Isso é errado porque fazer algo não é um fim em si mesmo. O que explica a ação é o fim que se tem em mente.

A noção certa de eficiência é fazer o que se espera que se faça de acordo com sua vocação. Portanto, para ser eficiente, cada um deve perguntar se está cumprindo os planos de Deus para ele.

Se trabalhar em colaboração com os planos de Deus, a graça multiplicará seus esforços e fará muito mais do que é capaz de outra forma. Esta regra, que se aplica a São José de Cupertino, também se aplica a São Tomás de Aquino, que está situado no outro polo da capacidade humana.

Mesmo sendo pouco dotado humanamente, São José de Cupertino fez a vontade de Deus, santificou sua alma e permitiu que Deus brilhasse em sua incapacidade de uma forma que atraiu a admiração de multidões. Ainda hoje, quando um de nós ouve falar de sua extrema incapacidade e das maravilhas que Deus fez por meio dele, não esquecemos seu nome.

É a aplicação dessa passagem do Magnificat: “Pois Ele achou humildade em sua Serva, e todas as gerações me chamarão bem-aventurada.” Assim que ouvimos sobre a incapacidade de São José de Cupertino e sua humildade em aceitar a vontade de Deus, seu nome permanece em nossa memória para sempre.

St. Joseph of Cupertino levitating over a crowd

Multidões admirando as levitações do Santo. Por esse motivo, ele foi transferido de mosteiro para mosteiro

Em segundo lugar, a profundidade do espírito de São José de Cupertino é expressa em seu comentário sobre quando seu hábito lhe foi tirado e ele foi expulso do mosteiro. Afirmou que isso lhe causou um grande sofrimento, como se estivessem arrancando a própria pele de seu corpo.

Nesse episódio, os senhores podem ver a sabedoria do homem. Há uma grande diferença entre sua atitude e a de muitos teólogos de hoje, que embora conheçam Aramaico e Sânscrito e façam comentários extensos sobre as Sagradas Escrituras, não amam seus hábitos e os abandonam prontamente.

Deixo de lado o fato de que muitos desses teólogos chegam à conclusão de que ou Deus não existe ou que todas as religiões adoram o único Deus verdadeiro. Quão superior era São José de Cupertino a esses homens!

Seus comentários sobre a perda dos consolos espirituais de que gozava desde a infância também refletem sua superioridade. Tinha um profundo desapego dos bens materiais e valorizava os dons espirituais que possuía acima de tudo. Isso é positivamente uma manifestação de superioridade. Então, até mesmo esses consolos lhe foram tirados.

O que fez? Ele se revoltou? Não. “Reclamou de Deus sobre Deus,” de acordo com suas próprias palavras extraordinárias. Ele se voltou para Deus para perguntar respeitosamente por que Ele o estava tratando daquela maneira.

Nossa Senhora fez algo análogo quando perguntou ao Divino Menino porque Ele tinha ido ao Templo para discutir com os doutores sem avisar a Ela e São José. Foi uma reclamação adorável. Assim também foi a atitude de São José de Cupertino. Isso expressa bem a superioridade de sua alma.

Terceiro, para uma pessoa acostumada a “finais felizes,” a vida de São José chega como um choque. Nele, essa pessoa encontra uma inversão completa de padrões. Veja, por exemplo, o episódio em que ele foi expulso do mosteiro e não tinha roupas decentes para leigos. Sai pela estrada e é atacado por cães.

Não adestrados e limpos, mas cães de estábulos, sujos e bravos. Esses cães o morderam e acabaram de rasgar suas roupas deixando-as em farrapos. Ele parecia tão maltrapilho que alguns pastores da região o consideraram um ladrão. Foi pedir ajuda ao tio, mas foi rejeitado. Depois, sua própria mãe o afastou de sua casa. Seus infortúnios se multiplicaram e todos perseguiram o pobre, feio, sujo e esfarrapado.

Os senhores podem imaginar a grande confiança em Nossa Senhora que São José de Cupertino teve para não cair no desespero. Era perfeitamente capaz de sentir o desprezo que as pessoas tinham por ele, e provavelmente também considerou que tal reação tinha base na realidade, isto é, que ele era pouco inteligente, feio e sujo...

Então o que fez? Continuou sem preocupação, sem desânimo, mas pensando apenas na glória de Deus e de Nossa Senhora. Isso não é uma coisa bela? Acho que é incomparavelmente mais bonito do que ser muito inteligente. Fazendo isso, ele estava imitando Nosso Senhor em sua Paixão, desprezado pela população e recebendo todo tipo de ultrajes pra a glória de Deus.

The painting of Our Lady of the Shroud

A Madonna del Volto [Nossa Senhora do Sudário], venerada pelo Santo durante sua vida, hoje na Basílica

Em quarto lugar, São José de Cupertino representa na Igreja Católica uma forma de se desapegar dos dons que muitos recebem. Um homem dotado de grande inteligência deve meditar sobre quão bem São José de Cupertino aceitou sua falta de inteligência para que pudesse usar melhor os dons que Deus lhe deu.

Outro que é nobre de nascimento deve admirar a maneira como São José aceitou sua humilde condição social para não ter orgulho e permanecer acessível às pessoas simples.

Outro que é rico deve refletir sobre a pronta aceitação que São José de Cupertino teve de sua extrema pobreza, para que pudesse usá-la para glorificar a Deus e Nossa Senhora.

Ou seja, ele representa um lado da balança que dá um equilíbrio perfeito à Igreja Católica. Ele e São Tomás de Aquino são necessários para esse equilíbrio perfeito. Penso que no Céu os dois poderiam estar intimamente unidos glorificando Nossa Senhora e Nosso Senhor.

Qual é a aplicação para nós? Se recebemos dons da natureza ou de Deus, admiremos São José de Cupertino para nos separar deles e aproveitá-los bem. Se nos faltam qualidades ou temos de suportar sofrimentos, admiremo-lo e sigamos o seu exemplo de confiança para cumprir o que Deus para nós planejou.


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



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