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O Santo do Dia
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Santo Agostinho - 28 de Agosto

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Seleção Biográfica:

St. Augustine of Hippo

Santo Agostinho, Bispo de Hipona

Santo Agostinho, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja (354-430), escreveu o livro A Cidade de Deus, no qual descreve a luta entre os filhos da luz e os filhos das trevas como o eixo da História. Seu pensamento estabeleceu a base para a Cristandade e a civilização cristã.

Comentários do Prof. Plinio:

Ler as obras de Santo Agostinho é um dos maiores prazeres que o homem pode ter. As Confissões é um livro maravilhoso e altamente edificante sob muitos pontos de vista. Nele, Santo Agostinho descreve os abismos morais de orgulho e sensualidade em que caiu e narra como se afastou de seus inúmeros pecados.

Em seguida, ele relata seus primeiros contatos com Santo Ambrósio e como a luz da Religião Católica começou a entrar em sua alma por meio da presença de Santo Ambrósio.

Ele expressa seu entusiasmo pelo Bispo de Milão e suas visitas a ele. Santo Agostinho não podia falar frequentemente com Santo Ambrósio, já que o Bispo costumava estar ocupado escrevendo e estudando, mas ele permanecia ali apenas para observar Santo Ambrósio em seu trabalho. Este sabia que sua presença estava fazendo um apostolado melhor com Santo Agostinho do que suas palavras fariam.

Pode-se imaginar a cena. Santo Ambrósio, o grande Doutor da Igreja, escrevendo em um in-folio, suas feições, as de um venerável velho, plácido, iluminado pela graça de Deus, sábio, recolhido, sublime em seus julgamentos. De vez em quando, parava para fazer uma breve prece interior, voltava ao pensamento até chegar à conclusão final.

A observá-lo estava Santo Agostinho, cujo rosto ainda refletia a turbulência da crise pela qual passava. Mas a graça de Deus estava entrando na alma de Santo Agostinho e transformando sua personalidade por meio de sua admiração por Santo Ambrósio.

St Augustine hearing St. Ambrose

Santo Agostinho com Santo Ambrósio, sentado

St. Augustine reading scripture

Santo Agostinho pega nas Escrituras e lê

The baptism of St. Augustine

O Batismo de Santo Agostinho

The Death of St. Monica

A morte de Santa Mônica - Sandro Gozzoli

E assim ele passa a narrar sua crise interior, a paz que experimentou ao entrar na igreja e ouvir a música sacra, os salmos, a beleza do culto a Deus. Em seguida, seus fortes movimentos de arrependimento e a voz que ouviu ordenando-lhe: Tolle et lege – pegue e leia. Ele pegou as Sagradas Escrituras e a página abriu em um versículo que se aplicava perfeitamente à sua vida passada ["Comportemo-nos com decência, como quem age à luz do dia, não em orgias e bebedeiras, não em imoralidade sexual e depravação, não em desavença e inveja.

Pelo contrário, revistam-se do Senhor Jesus Cristo, e não fiquem premeditando como satisfazer os desejos da carne." (Romanos 13, 13-14)]. Ele recebeu uma graça decisiva que completou sua conversão.

Mais adiante, ele descreve o famoso colóquio em Ostia com Santa Mônica, sua mãe. Ela era uma mulher santa, enquanto ele tinha sido um filho muito mau.

Quando estavam em Cartago se preparando para uma viagem a Roma, Santa Mônica foi a uma igreja e passou a noite rezando ali. Agostinho aproveitou a oportunidade para fugir dela e embarcou sozinho para Roma, deixando-a sozinha.

Depois ela o seguiu, sempre chorando e rezando por sua conversão. Certa vez, ela foi ao Bispo de Milão, Santo Ambrósio, para perguntar-lhe se seu filho se converteria.

Ele respondeu-lhe com aquelas famosas palavras: “Mulher, o filho de tantas lágrimas nunca morrerá.” Isto é, ela veria o seu renascer mediante seu intenso e profundo sofrimento.

Imaginemos sua alegria quando seu filho se converteu. Santo Agostinho e sua mãe passaram alguns meses juntos enquanto se preparava para o Batismo. Em seguida, eles planejaram voltar para a África. Antes de embarcarem, eles se hospedaram em uma pousada em Ostia, uma cidade portuária perto de Roma, no Mediterrâneo. Parados em uma janela olhando para o mar, eles começaram a conversar sobre as coisas celestiais.

Quem lê esta conversa entre a santa mãe e o filho percebe que eles estavam experimentando um êxtase sobrenatural. Isso lhe deu forças para as lutas que teria de enfrentar. Para ela foi um antegozo do Paraíso, porque ela morreria lá em Ostia, antes de o navio partir. Ele descreve de forma comovente como ajudou no funeral dela. Depois foi para a África e tornou-se Bispo de Hipona.

Em Hipona, ele escreveu outro de seus grandes livros A Cidade de Deus. O tema dessa obra extraordinária é a luta perpétua e irreconciliável que se trava entre as duas cidades da História - a cidade de que fala vem do latim, civitas, e deve ser entendida mais como um estado.

Essas duas cidades são a Cidade de Deus e a Cidade do Demônio. Ele concebe toda a História como uma batalha entre a Igreja Católica e o poder das trevas. A luta resulta de dois amores diferentes. Na Cidade de Deus existe o amor de Deus até o esquecimento de si mesmo; na cidade do homem, ou Cidade do Demônio, existe o amor de si mesmo até o esquecimento de Deus.

Viver para si mesmo é considerar-se o minúsculo centro do universo, com tudo voltado para os próprios prazeres e interesses. Esse egoísmo é o ponto de partida para todas as coisas ruins.

Pelo contrário, amar a Deus é voltar-se inteiramente para as realidades transcendentais que encontramos no Apocalipse. É ter um espírito metafísico, um espírito religioso voltado para as coisas mais elevadas. Isso é viver para Deus. Com esses dois princípios, ele resume toda a História.

Uma filosofia análoga da História é ensinada por São Luis Grignion de Monfort. Ele argumenta que tudo o que Deus faz é bom. Visto que a inimizade entre Nossa Senhora e a serpente e, portanto, entre seus descendentes espirituais e os da serpente, foi decretada por Deus, essa inimizade também é boa. É a mesma tese de Santo Agostinho, com mais combatividade.

Por causa dessa apresentação inequívoca do bem e do mal, o progressismo ataca Santo Agostinho hoje, dizendo que ele era maniqueísta. De acordo com essa acusação estúpida, todo aquele que admitir que existe o bem e o mal seria um maniqueísta. É absurdo porque o Magistério da Igreja Católica sempre admitiu a existência do bem e do mal, como todos os seus santos. Se esse fosse o único critério, todos seriam maniqueístas. É um absurdo!

De passagem, permitam-me dizer que o maniqueísmo foi uma doutrina gnóstica que surgiu nos primeiros séculos da Igreja propondo que haveria dois deuses iguais em origem e poder, um bom e um mau, em luta constante.

A doutrina católica diz algo completamente diferente. Diz que só existe um Deus, Eterno e Onipotente, e que o demônio, mera criatura, se revoltou contra Ele e O combate ao longo da História.

A heresia do maniqueísmo supõe uma ordem de ser diferente daquela que a doutrina católica ensina. Para os primeiros, a luta está no nível ontológico; para o último, está na esfera moral. Também de acordo com o maniqueísmo a luta nunca terá fim; na doutrina católica, a luta termina no Juízo Final, quando Deus triunfará eternamente sobre seu inimigo infinitamente inferior. O progressismo está ciente dessas diferenças, mas ainda continua a espalhar que quem não apoia o seu ecumenismo é um maniqueísta. É uma afirmação absurda e uma manifestação de má-fé.

The Triumph of St. Augustine

Triunfo de Santo Agostinho

Há um ponto muito bonito a se considerar a respeito de Santo Agostinho. Ele escreveu seus livros enquanto o Império Romano do Ocidente estava caindo, quando tudo apontava para a probabilidade de que a Religião Católica seria varrida da terra após as invasões bárbaras.

Na verdade, Hipona e Cartago, no norte da África, foram tão devastadas que quase nada sobrou dessas cidades e a Religião Católica não se restabeleceu naquela área.

Não obstante, Santo Agostinho escreveu serenamente seus livros para um futuro incerto. Ele morreu quando os vândalos estavam entrando em sua cidade.

O mundo que ele conhecia caiu; a Idade Média veio. E então foram as obras de Santo Agostinho que inspiraram a concepção medieval de Estado, Império e Cristandade. Carlos Magno costumava ouvir a leitura da Cidade de Deus durante suas refeições, e o Império que ele fundou foi inspirado diretamente por Santo Agostinho. A Idade Média, de certa forma, é um lírio nascido das obras de Santo Agostinho. Séculos após sua morte, sua confiança foi recompensada.

Há uma lição para nós nisso. Em nosso tempo, em que os novos vândalos estão destruindo os valores culturais e as construções materiais da civilização cristã, devemos continuar nosso trabalho com fé e confiança, sabendo que servirá para construir o Reino de Maria quando Deus assim o decidir.


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



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