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O Santo do Dia
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Santo Emiliano de Autun - 22 de Agosto

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Seleção Biográfica:

As invasões muçulmanas que começaram a dominar a Espanha em 711, logo começaram a se espalhar pelos Pirineus em várias regiões da França. Em 725, um ataque foi planejado contra a cidade de Autun, rica em abadias e mosteiros. Uma reação dos católicos franceses se levantou na Bretanha, liderados por Santo Emiliano, Bispo de Nantes.

A mounted knight figurine

Santo Emiliano foi um Bispo que liderou a luta contra os Sarracenos em Autun.

Nascido em uma família nobre de Armonica, ele era famoso por sua coragem e honra. Magnânimo, de grande discernimento e de nobre caráter, tinha grande inteligência e uma fé digna de mártir e um zelo ardente pelos interesses da Igreja.

Assim, quando soube da notícia de que os muçulmanos invadiriam Autun, o Bispo considerou seu dever empunhar a espada. Ele julgou que era necessário lutar em vez de fugir e ver as coisas que ele mais amava destruídas: o Catolicismo e a França.

Ele chamou o povo à Catedral e fez este apelo, que se tornou lendário na Idade Média:
“Ó! vós todos, guerreiros fortes e ainda mais fortes na fé: tomem em suas mãos o escudo desta Fé divina, marquem em suas testas o Sinal da Cruz, cubram suas cabeças com o capacete da salvação e protejam seus peitos com a armadura do Senhor. Então, depois de pegar essa armadura religiosa, soldados de Jesus Cristo, façam ainda mais.

“Peguem suas armas de guerra mais fortes, suas espadas mais afiadas do melhor aço, e juntem-se para combater e esmagar os miseráveis inimigos que, como feras furiosas, massacram nossos irmãos católicos. É o momento de dizer como Judas Macabeus: 'Sê forte e prepara-te para que possas lutar com este povo, que concordou em destruir a nós e ao nosso santuário. Melhor é morrermos em batalha do que ver nosso povo e nosso santuário em tal estado miserável.'”

Tocada pelo Espírito Santo e cheia de entusiasmo, a multidão gritou: “Senhor e Venerável Pastor, dê a ordem e comando, e aonde for, nós o seguiremos.”
O Santo respondeu: “Neste local nos reuniremos e ao pé deste altar começaremos a luta contra o inimigo. E terei a honra de marchar à frente dos soldados de Jesus Cristo.”

Na data combinada, vestindo suas vestes sagradas, o Bispo celebrou a Santa Missa e deu a Comunhão aos homens que lutariam com ele. Então, começaram sua marcha para Autun. Uma série de vitórias maravilhosas se seguiu ao exército Bretão. Eles salvaram Autun na grande batalha de Saint Forjand e derrotaram o exército infiel na passagem de Crès d'Aussi.

O inimigo fez outro ataque, mas foi derrotado na batalha de São Jean de Louis. O chefe muçulmano, porém, fez outra manobra para reconquistar Autun. Para interromper seu caminho, Santo Emiliano reuniu vários de seus súditos e disse: “Queridos e corajosos companheiros, eu os parabenizo por sua grande fé. O número de combatentes não é importante; a vitória vem do Céu.”

Então, fazendo um Sinal da Cruz, ele disse: “Senhor, em Tuas mãos entrego meu espírito,” e entrou no meio da luta.

A tradição diz que Santo Emiliano feriu gravemente o chefe muçulmano durante a luta. Quando os sarracenos viram seu chefe tão perto da morte, muitos se reuniram para ajudá-lo. O Santo Bispo caiu no chão, mortalmente ferido por muitos golpes de espada. Ele continuou a gritar encorajando seus soldados, mas finalmente morreu. Era 22 de agosto de 725.

O chefe muçulmano ordenou que Santo Emiliano fosse decapitado. Mais tarde, os católicos juntaram suas relíquias, que foram apreciadas como objetos de grande veneração. Seu culto foi confirmado pelo Papa Pio IX.
[Sete anos após o saque de Autun em 725, Carlos Martel encontrou Abd-er-Rahman fora de Tours, além de derrota-lo o matou. A Batalha de Poitiers de 732 é considerada uma das grandes reviravoltas da História, que interrompeu o avanço Islâmico na Europa Ocidental].
Comentários do Prof. Plinio:

O decreto do Papa Pio IX é muito valioso porque confirma a legitimidade da iniciativa de Santo Emiliano de ir para a batalha, liderando seus guerreiros contra os mouros, engajando-se na luta e finalmente controlando seu cavalo para ir ao centro de batalha, onde ele morreu de feridas infligidas pelos inimigos.

Existe um princípio do Direito Canônico que estabelece que os eclesiásticos não devem derramar sangue com as próprias mãos. Ecclesia abhorrit sanguine, a Igreja tem horror ao sangue. Ela é a mãe que não quer ver o sangue de seus filhos derramado. Por isso proibiu seus eclesiásticos de entrar em combate.

A medieval depiction of soldiers praying before battle

Os soldados se reúnem para rezar antes de ir para a batalha

A medieval depiction of soldiers in battle after praying

Existem exceções à regra, como no caso de Santo Emiliano, que permitem aos eclesiásticos entrar na batalha.
Histoire de Charles Martel , Museu J. Paul Getty

Mas esse princípio não chega a afirmar que o derramamento de sangue nunca é permitido. Houve as Cruzadas, por exemplo, que foram convocadas pela Igreja. Qual é o critério sensato por trás desta regra e suas exceções?

Vamos imaginar uma vila onde um certo vilão se tornou famoso por seus crimes e comportamento maligno. O homem está condenado à morte com justiça, e o juiz precisa de alguém para executar a sentença.

Suponhamos que os homens que normalmente fariam isso tenham ido para a guerra, e o único que restou que pôde executar a sentença foi o pai do bandido. O pai deve enforcar o filho? O que a moral católica diz sobre tal situação?

Ainda que o filho seja claramente culpado e mereça a morte, a Igreja ensina que o pai está dispensado de executar a sentença. De acordo com a Lei Natural, um pai não deve matar seu próprio filho.

O pai pode concordar que seu filho seja culpado e mereça morrer, ele pode encorajar outros a executar a sentença, mas ele não deveria ter que fazer isso. O juiz deve esperar que outra pessoa execute a sentença.

Uma situação análoga governa a política da Igreja em relação ao derramamento de sangue. Ela pode concordar que o derramamento de sangue é necessário, ela pode encorajá-lo, ela pode canonizar aqueles que o fazem; mas como Ela é a mãe, ela não o faz. Não há contradição, é um refinamento da sensibilidade moral. Esta é uma regra extremamente bela.

Portanto, Bispos e padres não derramaram o sangue de outros. Mas também é muito bonito que existam algumas exceções a esta regra. Uma dessas exceções é a de Santo Emiliano que pegou em armas em uma guerra defensiva contra os inimigos da Igreja, incitando o povo à ação, encorajando os fiéis a lutar e entrando na batalha ele mesmo depois de ter celebrado a Missa de início do militar esforço ao pé do altar. É uma exceção muito bonita que devemos compreender e admirar.

Portanto, temos Santo Emiliano que, como Bispo, comandou um exército, derrotou os sarracenos e, quando eles tentaram uma manobra final para recuperar a cidade, foi direto para o centro da batalha para salvar a cidade. Com o pressentimento de que morreria, repetiu as últimas palavras de Nosso Senhor: “Deus meu, nas tuas mãos entrego o meu espírito.” Morreu unindo duas formas de glória: a glória do vencedor e a glória do derrotado.

A glória do vencedor porque salvou a cidade. A glória do derrotado porque aceitou o fato de que morreria e ofereceu sua vida a Deus, sabendo que aos olhos do Céu, ele foi o vencedor. Com isso, ele entrou alegremente no Paraíso. Ele uniu os dois tipos de glória.

Suas últimas palavras foram para encorajar seus guerreiros a continuar a luta. Ele não se entregou a nenhuma pena de si mesmo ou arrependimento por sua morte. Suas últimas palavras foram palavras de combate.

Podemos imaginar uma morte mais bonita?

Peçamos a Santo Emiliano que nos dê seu espírito militante e nos cure de quaisquer vestígios de mau ecumenismo, sentimentalismo ou autocomiseração que possamos ter para servir a Santa Madre Igreja quando e onde ela precisar de nós, e então, em vitória ou derrota, entremos no Paraíso.


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



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