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O Santo do Dia
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Santo Antônio de Pádua - 13 de Junho

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Hoje é o dia da festa de Santo Antônio de Pádua, chamado "Arca da Aliança" por seu profundo conhecimento das Escrituras e "Martelo dos Hereges" por sua habilidade em aplicar esse conhecimento em polêmicas. É habitual nas igrejas de muitas nações ocidentais colocar a estátua de Santo Antônio em um lugar especial de honra a ser venerado pelos fiéis em seu dia de festa.

St. Anthony, from Giotto's 'The Apparition at Arles'

Um close de Santo Antônio nessa pintura de Giotto
A Aparição em Arles

Quando visitei Assis em 1950, admirei uma imagem do Santo pintada por Giotto, que se diz ser a imagem que mais se assemelha a ele que existe. Apresenta um homem forte, com um pescoço grosso de boi, uma expressão séria, um olhar imperioso e uma atitude majestosa que dá a impressão do Doutor da Igreja que mais tarde foi declarado. Comprei algumas reproduções desta foto de Giotto.

Também comprei outra foto que representava Santo Antônio que foi vendida na porta da igreja. Esta não foi de Giotto, mas de algum autor desconhecido que retratou a imagem comum de Santo Antônio. Mostrava um jovem de pele macia, bochechas rosadas e o ar estúpido e meio tolo de quem não entende nada.

Nos braços, ele está segurando um Menino Jesus, que parece não entender o que está fazendo nos braços daquele homem. Ele tem o ar de alguém que diz: "Sinto muito por estar aqui, provavelmente aconteceu por algum erro. Mas parece que ainda teremos que suportar isso por um tempo." Na face de Santo Antônio, não há nada que expresse o Doutor da Igreja, o homem que foi considerado o maior especialista nas Escrituras de seu tempo.

Ele sabia tudo nas Escrituras e costumava citá-la de cor; ele conhecia até as passagens mais misteriosas e difíceis. Ele não era apenas capaz de citar esses textos, mas costumava comentá-los e extrair deles consequências concretas para esmagar os hereges e incentivar os fiéis.

A statue of St Anthony with a soft and sentimental expression

A sentimental holy card of St. Anthony

O caráter militante de Santo Antônio foi distorcido por retratos suaves e sentimentais

Ele também era um polemista extraordinário que debatia com os hereges e não tinha diálogos ecumênicos com eles, deixando notar nessas passagens em que os destruía, demolindo seus argumentos. Deus costumava confirmar seu apoio a Santo Antônio fazendo milagres enquanto ele estava pregando.

Essa dupla demonstração de armas: um poderoso debate seguido de milagres foi o que lhe valeu o título "Martelo dos Hereges.” Sua vida não tinha nada a ver com os insípidos e ecumênicos Santo Antônio apresentado nos cartões de santinhos que tantas pessoas têm.

O militante Santo Antônio é o autêntico, e deve ser retratado no modo como viveu na terra em seu tempo e o modo como está agora no Céu. Hoje, porém, sua verdadeira fisionomia moral, que a Igreja apresenta como modelo, desapareceu quase completamente. A figura que o substituiu é sentimental, apenas preocupada em dar graças e favores. Há uma diferença fundamental na figura física, mas acima de tudo, há uma diferença fundamental na figura moral de Santo Antônio.

Além de ser homenageado com os títulos mencionados “Arca da Aliança e Martelo dos Hereges,” Santo Antônio também é o Patrono do Exército. A razão disso está ligada a dois acontecimentos em que, do Céu, ele interveio de maneira militar.

O primeiro foi quando uma frota espanhola sitiava a cidade muçulmana de Oram e enfrentava um longo e infrutífero cerco. Em tal circunstância, o almirante espanhol recorreu a uma imagem de Santo Antônio para pedir sua intercessão. Ele disse a Santo Antônio que ele, o almirante, não poderia fazer mais nada sem uma ajuda extraordinária. Então ele entregou suas insígnias de comando para a imagem bem como o chapéu de almirante, pedindo que Santo Antônio assumisse o comando do cerco contra Oram e conquistasse a cidade.

Não tardou para que os mouros deixassem a cidade de maneira inesperada. Alguns que foram capturados e interrogados relataram ter visto um frade vindo do Céu com um chapéu de almirante na cabeça. Ele ameaçou os mouros de que lançaria fogo do céu sobre eles, a menos que deixassem a cidade. Diante desse perigo, os muçulmanos acharam mais prudente partir.

O segundo acontecimento ocorreu no Rio de Janeiro, quando estava sendo atacado pela frota calvinista francesa. Os calvinistas tinham uma grande vantagem sobre os católicos brasileiros, que não podiam mais oferecer uma resistência efetiva. Naquele momento, os Frades Franciscanos levaram uma estátua de Santo Antônio do mosteiro para uma praça central do Rio e a colocaram em uma coluna.

St. Anthony preparing to throw heavenly fire at the enemies of the Church

Acima, Santo Antônio ameaça os inimigos com fogo celestial - Pintura de Benozzo Gozzoli

A simples presença da estátua começou a provocar um entusiasmo geral pela luta. Muito em breve um grande número de jovens entrou no exército. Com isso, foi possível retomar posições perdidas, reorganizar a resistência e realizar um contra-ataque eficaz. Em pouco tempo, os calvinistas foram derrotados e deixaram a costa brasileira. O fato de o Brasil não se ter tornado um calvinista se deve em grande parte à presença maravilhosa de uma estátua de Santo Antônio.

A devoção comum a Santo Antônio normalmente não menciona coisas assim. Ele é apresentado como um santo doce e tolo que só gosta de organizar casamentos e aproveitar o dia da festa. Esse tipo de piedade sentimental distorceu a fisionomia do grande Santo Antônio para esconder sua militância.

Penso que temos a obrigação de corrigir essa falsa piedade e ajudar a restaurar a verdadeira fisionomia moral dos santos. Pois é fácil ver que essa distorção foi efetuada não apenas com Santo Antônio, mas também com muitos outros santos.

Peçamos a Santo Antônio que nos dê as graças necessárias para ajudar a extirpar essa falsa piedade e nos tornar admiradores entusiasmados da militância católica, como ela era.


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



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