O Santo do Dia

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São Pedro de Alcântara - 19 de Outubro

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Seleção Biográfica:

“Benditas as penitências que me valeram tanta glória!”

A statue of St Peter of Alcantara

São Pedro de Alcântara

Estas foram as palavras de São Pedro de Alcântara quando, depois de sua morte, ele apareceu a Santa Teresa de Ávila dizendo a ela o que lhe fôra reservado no céu.

Ela contou as penitências que o próprio santo lhe havia descrito quando estava vivo. Por um período de 40 anos, ele dormiu apenas uma hora e meia por dia. Para evitar que o sono o vencesse, ele continuava de pé ou ajoelhado. Quando se permitia dormir, sentava-se em um banco com a cabeça apoiada em um bloco de madeira fixado na parede. Ele sempre andava descalço.

Suas únicas roupas eram seu hábito e uma capa, e muitas vezes no inverno ele tirava a capa e mantinha a porta e as janelas abertas para sofrer o frio. Ele comia apenas a cada três dias. Sua pobreza era extrema.

“Ele já era muito velho quando o conheci pela primeira vez," dizia Santa Teresa. Ela continuava: “Ele era magro e sua pele parecia mais a casca de uma árvore murcha. Ele costumava falar apenas quando era abordado. Ele tinha muito bom senso, e sua conversa era amável e agradável.”

Comentários do Prof. Plinio:

A figura deste santo aterroriza as novas gerações. Acho que são necessárias algumas palavras para o entender.

Primeiro, sua vida prova que o homem pode suportar muito mais sofrimento do que se pensa. Há muitas pessoas que passaram pelos campos de concentração na Segunda Guerra Mundial e foram reduzidas a esqueletos. Depois, tornaram-se saudáveis e gordos novamente, e ainda hoje muitos estão vivos e ativos em toda a Europa.

Segundo, vemos como a humanidade está se deteriorando porque não podemos mais suportar as mesmas penitências que São Pedro de Alcântara, no século XVI, assumia voluntariamente. Parece que o conjunto da humanidade está perdendo força, seguindo a degradação geral do universo. A composição biológica, a plenitude biológica do homem está se tornando menor do que costumava ser.

Terceiro, é preciso entender que, além da grande força humana que permitiu que homens de tempos passados sofressem como São Pedro de Alcântara, havia também o papel da graça. Muitas das coisas que ele fez, ele não poderia ter feito sem uma graça especial, talvez até um milagre, para o ajudar. Sem essas graças, ele não poderia ter levado um estilo de vida tão rigoroso.

St Peter Alcantara having a vision of Christ

Êxtase de São Pedro de Alcântara - Melchior Perez Holguin, século 18, Museu Nacional de Arte, Bolívia

Quarto, pode-se perguntar por que penitências tão severas como as de São Pedro de Alcântara existiam na Igreja Católica. Há razões para isso. Enquanto os homems eram capazes de suportá-los, eles ofereciam uma grande glória a Deus pelo fato de Seus filhos e filhas sofrerem voluntariamente aquelas penitências por amor a Ele. Era também indispensável que houvesse um registro dessas penitências extraordinárias, para que entendessemos como Deus é bom e misericordioso quando Ele não pede a nós que façamos o mesmo. Ele se acomoda à nossa fraqueza e miséria. Esta é uma razão para nos tornarmos mais gratos a ele.

Quinto, há um contraste comovente entre o grandioso caminho de santidade de São Pedro de Alcântara e o pequeno caminho de Santa Teresa do Menino Jesus. Ela realizou as penitências normais de uma monja carmelita, as quais estavam longe de serem as terríveis penitências de São Pedro de Alcântara. No entanto, morrer com tuberculose aos 24 anos de idade implica um grande sofrimento. Ter uma doença que corrói o organismo humano em certo sentido é mais difícil do que aquelas grandes mortificações. Mas é um tipo diferente de sofrimento, um sofrimento do pequeno caminho, um sofrimento acessível a todos, e não aqueles tremendos exercícios auto-impostos de São Pedro de Alcântara, como sua decisão de suportar o frio do inverno na Espanha. Muitos de vocês não têm idéia de quão forte e intenso é o vento frio na Espanha. Ele ficava contente de sofrer isso por amor de Deus.

Sexto, alguém poderia me perguntar: essas penitências de São Pedro de Alcântara são algo que devemos fazer? Certamente hoje não somos chamados a fazer essas grandes penitências físicas. Existe uma forma de sofrimento a que todos somos chamados, uma espécie de sofrimento que tanto São Pedro de Alcântara quanto Santa Teresa do Menino Jesus tiveram que suportar intensamente. É suportar sofrimentos do espírito. É levar grandes cruzes espirituais e suportar os grandes sofrimentos de alma que acompanham nosso apostolado.

Estou certo de que São Pedro de Alcântara, vendo a situação da Ordem Franciscana na época dele, sofreu muito. Esse sofrimento foi um forte estímulo para ele reformar a Ordem, o que ele fez. Santa Teresa do Menino Jesus também sofria muito por morar em um convento onde quase ninguém a entendia, inclusive a superiora. Isso representou uma grande cruz para ela. Ela também escolheu voluntariamente se oferecer em holocausto por amor a Deus, o que é indiscutivelmente um sofrimento tremendo.

Todos nós devemos ter de alguma forma esse tipo de sofrimento, especialmente se levarmos a sério a grande crise que aflige o conjunto da Igreja Católica. Tais sofrimentos frequentemente se impõem em nossos caminhos. Devemos suportá-los com paciência e alegria, porque ser católico é ser sofredor. O católico que não sofre é indigno, sua vida é inútil. Ele não segue a mesma via de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é o caminho da cruz.

Estas são algumas considerações que ofereço aos Srs. comentando as penitências do grande São Pedro de Alcântara. Peçamos que ele nos ajude a suportar os sofrimentos espirituais que somos chamados a sofrer de maneira tão digna e santa quanto ele fez com suas grandiosas penitências físicas e morais.


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



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