O Santo do Dia

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São Jerônimo - 30 de Setembro

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Seleção Biográfica:

São Jerônimo, Confessor e Doutor da Igreja (c. 341-420) é considerado o maior conhecedor das Escrituras da Igreja.

St. Jerome holding scriptures

São Jerônimo, Confessor e Doutor da Igreja
Mestre Teodorico, século XIV

Ele fez este elogio a Santo Agostinho: “Como eu fiz, tu aplicaste toda energia para tornar os inimigos da Igreja teus inimigos pessoais.” Este elogio é consistente com o conselho de Santo Agostinho: “Odeie o mal, mas ame quem erra.”

Quanto a São Jerônimo, o Breviário Romano diz: “Ele feriu os hereges com seus mais duros escritos.”

Comentários do Prof. Plinio:

Na Igreja Católica, São Jerônimo é o representante por excelência do espírito polêmico e, nesse sentido, ele é um símbolo contrário ao diálogo ecumênico progressivista. Seus escritos são tão diretos, enérgicos e intransigentes que algumas pessoas imaginam que um santo não poderia escrever como ele. Quase todo mundo do seu tempo tremia diante dele.

Quando Santo Agostinho, com quem mantinha uma correspondência em andamento, lhe disse amigavelmente que, com metade da energia que São Jerônimo usava em uma de suas cartas, ele já estaria convencido de seu argumento. Lembro-me também de que, uma vez li que uma senhora piedosa enviou um presente a São Jerônimo: algumas pombinhas e uma cesta de cerejas. Ele escreveu de volta perguntando o que ela estava pensando quando ela enviou essas coisas delicadas para ele. Ele suspeitava que ela quisesse corromper a austeridade de sua vida penitente. Ele imediatamente deu os presentes aos pobres.

Um dos meus primeiros encontros com o Progressismo foi com a mentalidade litúrgica reformista que estava sendo aceita por muitos monges no Mosteiro de São Bento em São Paulo. Eu estava conversando com o Abade e ele me disse que algumas obras de São Jerônimo estavam sendo lidas no refeitório do Mosteiro durante a refeição. Ele comentou que os monges ficaram furiosos com as leituras. Na minha ingenuidade, pensei que o ódio deles era dirigido aos hereges combatidos por São Jerônimo, mas logo percebi que eu estava errado. O ódio deles era contra o próprio São Jerônimo, porque tinham simpatia pelos hereges.

A combatividade de São Jerônimo era uma expressão do zelo pela Casa de Deus que o consumia. Esse tipo de militância é uma das expressões mais legítimas e santas desse zelo. Como sua energia era inspirada pelo amor a Deus e não por ressentimentos pessoais, era uma coisa muito santa. Se a força é exercida por causa de ressentimentos pessoais, é uma coisa completamente diferente.

Essa militância santa fez dele uma espada viva de Deus. Não conheço nenhum elogio maior do que dizer que um homem é a espada viva de Deus, cortando, perfurando, ferindo e destruindo Seus inimigos. São Jerônimo representa o auge do espírito polêmico e, como tal, é o santo padroeiro da luta contra-revolucionária.

Seu elogio a Santo Agostinho sobre como ele fez dos inimigos da Igreja seus inimigos pessoais é notável. É um santo louvando outro e, por essa razão, pode-se dizer que esse elogio reflete a santidade da Igreja. A seleção indica bem que esse aspecto se harmoniza perfeitamente com outro aparentemente contrário que pode ser visto em outras palavras de Santo Agostinho: "Odeie o mal, mas ame os que erram.”

A painting of St. Jerome

A militância de São Jerônimo fez dele uma espada viva de Deus
Antonio Vivarini

Hoje é importante que tenhamos uma compreensão clara do que significa amar aqueles que erram. É uma simplificação liberal e ecumênica dizer que se alguém atacar vigorosamente aqueles que erram, estará prejudicando essas pessoas ou demonstrando falta de caridade. Há três razões pelas quais isso não é assim:

Primeiro, quando uma pessoa está em grave perigo de cair em um abismo, a coisa certa a fazer é gritar com ela e dizer: “Cuidado, você está na beira do penhasco e, se você cair, rachará a cabeça e morrerá.” Não seria sensato falar suavemente, dizendo: “Olá fulano, estou em um lugar muito melhor do que você. Por que você não vem se juntar a mim?”

Essa seria uma maneira tola de impedir que o homem caísse no abismo. A maneira correta de resgatar um homem do perigo não é mostrar o lado positivo de sua posição, mas expor o perigo de sua posição e a imprudência de permanecer nela.

Qual de vocês, vendo um homem imprudentemente brincando com uma arma carregada e com o dedo no gatilho, sugeriria como alternativa que ele jogasse xadrez com você? É uma atitude tola. O certo é abordá-lo com severidade: “Olha, pare de brincar com essa arma ou você pode ferir a você mesmo ou a mim.” Um homem que é tentado a fazer algo errado precisa ser tratado com palavras que inspirem medo.

Isso é verdade acima de tudo quando tratamos da doutrina católica. Os homens são mais facilmente movidos pelo medo de más consequências que possam experimentar do que de um possível bem que possam desfrutar. São mais facilmente movidos pelo medo do Inferno do que pelo amor do Céu. Portanto, para converter um homem, é mais caridoso e conveniente primeiro apontar seu erro e suas más consequências e depois falar sobre a beleza e a bondade da verdade. São Jerônimo era um modelo dessa maneira de agir.

Eu sei que algumas raras almas podem ser tocadas pela doçura mais do que pela combatividade, mas essa não é a regra. É a exceção à regra. Deus dá a Sua Igreja os santos que têm carismas especiais para atrair por amabilidade, como São Francisco de Sales, que atraiu almas por sua doçura. No entanto, a regra é atacar o mal para converter a pessoa, assim como São Jerônimo fez.

Segundo, outra simplificação que o espírito liberal e ecumênico não considera é que, quando polemizamos com um herege, um pastor protestante, por exemplo, nosso principal objetivo não é convertê-lo, mas confirmar em sua fé os católicos que estão acompanhando o debate e ajudá-los a não se contaminarem com os erros protestantes. Para esse fim, é extremamente vantajoso derrotar o herege.

O objetivo secundário do debate é converter os protestantes que também estão acompanhando o debate e não estão tão obstinados no erro quanto o pastor. O terceiro e último objetivo é a conversão do pastor protestante, que também deve ser seriamente considerada. Essa é a hierarquia correta de objetivos em um debate de um católico com um protestante. Os progressistas simplificam enormemente a questão dizendo que é apenas um debate entre A e B, e que a maneira mais eficiente de converter B é sorrir e fazer concessões. Não é assim. Ao ignorar as duas metas mais importantes do debate, uma armadilha está posta para levar as pessoas a uma mentalidade mais progressista e ecumênica

Terceiro, Nosso Senhor, o modelo divino de santidade, não agiu com conciliação quando enfrentou os fariseus. Ao contrário, ele os acusou de serem uma geração de víboras, filhos de Satanás, sepulcros caiados, etc. Além disso, quando ele encontrou os mercadores no Templo, ficou indignado e usou um chicote para os expulsar. Ou seja, Ele usou não apenas energia na polêmica contra pessoas más, mas também usou violência física para punir os profanadores.

O espírito militante e polêmico do grande São Jerônimo nos dá a oportunidade de ver como o Progressismo e o espírito ecumênico estão sabotando a militância católica por toda parte. Hoje quase ninguém ouve essa doutrina católica ensinada em sua totalidade.

A Igreja progressista evita esse ensinamento porque quer cumprir sua agenda de ecumenismo indo em direção de uma pan-religião espúria.

Certamente deveríamos pedir a São Jerônimo que nos ajudasse em nossas polêmicas contra-revolucionárias, mas também e principalmente devemos pedir a ele que nos ajude a destruir essa mentalidade progressista que abre as portas para o mal que está assaltando e tomando conta de toda a Igreja.


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



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