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O Santo do Dia

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Santa Catarina de Siena (ou Sena) - 30 de Abril

Prof. Plinio Corrêa de Oliveira

Seleção Biográfica:

Catarina (1347-1380) nasceu em 25 de março em Siena, na Itália, uma entre mais de 20 irmãos da família de um tintureiro de lã. Quando ela tinha seis anos de idade, ela começou a ter revelações místicas que continuaram ao longo de sua vida. Ela resistiu aos esforços de seus pais para que ela se casasse. Em vez disso, quando ela tinha 16 anos, ela se tornou uma irmã terceira da Ordem Dominicana. Seu confessor e biógrafo foi o Beato Raimundo de Cápua.

Durante o cativeiro em Avinhão, ela pediu ao Papa Gregório XI que deixasse Avignon e retornasse a Roma, o que ele fez em 1377. Ela não hesitou em reprovar o próximo Papa, Urbano VI, que acolheu suas reprimendas. Ela morreu em 29 de abril, foi canonizada em 1461 e declarada padroeira da Itália em 1939.

Comentários do Prof. Plinio:

Santa Catarina de Siena era leiga e uma das maiores santas do século 14.

A painting of St Catherineof Siena

Santa Catarina de Sena
Andrea di Vanni d'Andrea, Siena, Igreja de San Domenico

Ela seguiu a orientação do Beato Raimundo de Cápua, que escreveu um livro muito bonito sobre sua vida. Temos, então, a história de uma santa escrito por um santo; a história de uma penitente escrita por seu confessor. Não é muito frequente encontrar isso. Eu li esta biografia escrita pelo Beato Raimundo de Cápua e é uma verdadeira maravilha.

No final do século 14, a situação da Igreja que já era ruim se tornou trágica. Antes do fim da Idade Média o vírus do Humanismo e da Renascença se espalhou e gerou o monstro do Protestantismo.

Na Igreja não havia heresia, mas havia todos os tipos de abusos por parte dos eclesiásticos. A Ordem Beneditina, que havia sido o pilar da Igreja na Europa, estava em estado de degeneração. Os abades aproveitaram suas posições e privilégios para viver como grandes senhores seculares.

Em vez de proporcionar aos seus religiosos a tranquilidade e a estabilidade que alimentam o desapego dos bens materiais, aqueles mosteiros estadeavam o contrário: uma vida de luxo que violava a Regra de São Bento. A Regra Beneditina requer pompa e riqueza para o Culto Divino e a Igreja, mas exige simplicidade para os monges. Naquela época, no entanto, os abusos dos prazeres terrenos pelos monges tornaram-se abundantes.

O clero secular ou diocesano era ainda mais decadente que o clero regular, padres e bispos que pertenciam a ordens religiosas. Essa doença estendeu-se à própria cabeça da Igreja: Cardeais e até o Papa. Daí veio um cisma dentro da Igreja. Por um certo período, houve um Papa e dois antipapas criando tal confusão que havia até santos obedecendo aos antipapas.

Para piorar a situação, os Papas estavam em Avignon, uma cidade francesa que pertencia aos Papas, mas eles estavam lá sob o domínio dos reis da França. Os bons católicos sentiram falta da presença do Papa em Roma, que estava abandonada a tal ponto que muitas vezes o gado podia ser encontrado pastando dentro das igrejas na grama alta que havia crescido. Isso denota a situação decadente do centro da Cristandade.

St. Catherine entreating Gregory XI to leave Avignon

Santa Catarina de Siena convence Gregório XI a deixar Avignon e retornar a Roma - Paolo di Giovanni

Foi nessa época que a Divina Providência chamou uma leiga, uma irmã terceira, que vivia como uma eremita dentro da casa de seu pai. Ela atraiu seguidores que costumavam permanecer conversando com ela até tarde da noite.

Ela discutia os eventos do tempo com eles e lhes dava instruções religiosas. Eles se tornaram entusiastas de Santa Catarina. Ela era muito inteligente e falava bem e com facilidade. Ela entendia como tratar bem essas pessoas, mesmo quando dizia as coisas difíceis que elas precisavam ouvir.

Ela também manteve correspondência com vários Papas, dando-lhes orientação e lhes transmitindo as revelações místicas que ela recebera sobre o futuro.

Desempenhou ela um papel muito importante nos assuntos do seu tempo. Por exemplo, ela foi escolhida para ser mediadora em uma controvérsia entre a cidade de Florença e o Papa Gregório XI. Mais tarde, ela conheceu o Papa em Avignon e lhe pediu para retornar a Roma, o que ele fez em 1377. Ela também apoiou fortemente uma cruzada que ele convocou contra os turcos. Quando o Cisma começou sob o reinado de Urbano VI, ela apoiou publicamente este Papa e muitas vezes o repreendeu em correspondência privada.

Tudo isso lhe deu uma grande fama e considerável influência no papado. Os Srs. entendem, portanto, o bom efeito que ela exerceu na Cristandade em seu tempo. Ela trabalhou incansavelmente pela reunificação da Igreja e, sob sua influência, o Papa Gregório XI retornou a Roma, um grande passo para acabar com a confusão geral.

Além disso, ela era uma mulher amável que gostava de dar presentes aos seus amigos. Costumava dar-lhes flores e cruzes, uma combinação muito equilibrada. As flores os deleitavam, e as cruzes os faziam lembrar do sofrimento que deviam suportar para imitar Nosso Senhor. Ela também era uma entusiasta de indulgências, que ela sempre incentivou seus amigos a adquirir.

O que é uma indulgência? Quando um homem comete um pecado, existem dois elementos: uma culpa moral e uma pena correspondente a ser paga. A culpa moral por um pecado é absolvida pelo perdão que um sacerdote dá nos sacramentos da Penitência ou Extrema Unção. Mas a pena ainda fica por pagar.

Quando os sacerdotes não eram liberais, eles costumavam impor penitências severas aos seus penitentes. Essas penitências ajudaram muito a redimir a punição devida ao pecado. Hoje, com as penitências cada vez menos rigorosas que os confessores dão, quase toda a pena ainda fica por pagar.

Agora, uma indulgência é um dom espiritual oferecido pela Igreja para apagar parcial ou totalmente a pena que a pessoa merece. Existem, por exemplo, indulgências que libertam uma alma de um ano de punição no Purgatório, outras por três anos, e até outras – as indulgências plenárias – que libertam um pecador de todas as penalidades passadas que ele teria que pagar no Purgatório para fazer jus à Justiça Divina. Então, os Srs. entendem a importância das indulgências.

Em uma época de fé, os católicos são ansiosos para encurtar seu tempo no Purgatório tanto quanto puderem por meio de indulgências. Uma das razões pelas quais os povos medievais eram entusiastas de peregrinações era porque eles as faziam no espírito de penitência para encurtar seu tempo no Purgatório.

Eles viajariam para Santiago de Compostela na Espanha, para Roma, para a Terra Santa e para muitos lugares específicos dentro de seus próprios países. Durante essas viagens, eles eram expostos a inconveniências, doenças e acidentes, a serem assaltados por bandidos ou espancados por eles até a morte. Os medievais faziam essas peregrinações, no entanto, com o objetivo principal de obter indulgências.

The tomb of St. Catherine of Siena

O túmulo de Santa Catarina sob o altar na Igreja Dominicana, Santa Maria sopra Minerva em Roma

No Natal, Santa Catarina de Siena costumava enviar uma bula papal oferecendo tais e tais indulgências junto com seus presentes para seus amigos. Ou seja, o que eles poderiam ganhar fazendo uma peregrinação difícil, ela lhes dava na forma de um presente especial. Isso dava a seus amigos grande alegria.

Santa Catarina também era conhecida por falar a verdade clara para as pessoas. Quando ela dava aos amigos essas indulgências, ela lhes enviava uma mensagem implícita: “Você tem dívidas a pagar. Não se esqueçam delas. Pense na sua morte.” Dar indulgências junto com outros presentes de Natal é uma maneira gentil de dizer esta verdade.

Ela também não poupava a verdade aos Cardeais e Papas, e eles aceitavam bem suas advertências. Quão diferente de hoje!

Hoje o clero se imagina acima de qualquer crítica. Seus membros raramente aceitam qualquer conselho que um leigo possa oferecer. Entre muitas outras coisas, o Concílio Vaticano II tinha esse ponto curioso. Não disse uma palavra sobre a deterioração interna do clero, que já era terrível no início dos anos ‘60. Mesmo hoje, o clero não admite que qualquer leigo fale sobre seus defeitos, mesmo que seus pecados e vícios estejam explodindo notoriamente em todos os lugares. Se alguém tentar dar um conselho, isto é considerado ofensivo.

Com essa atitude moderna de orgulho, os Srs. entendem a diferença entre as duas crises. A crise dos séculos 14 e 15 foi muito grave e preparou o caminho para o Protestantismo. Mas não é nada em comparação com a crise pela qual estamos passando hoje.

A diferença é análoga à diferença entre as primeiras armas de fogo que apareceram naquele tempo e a bomba atômica de hoje. Ambas são armas que causam a morte. Mas que diferença entre um velho arcabuz e uma bomba atômica! Quão pequeno e insignificante é o efeito do primeiro comparado com o grau de destruição causado pelo segundo!

O que é a bomba atômica aqui? É o espírito da Revolução que penetrou no clero e despertou grande orgulho em seus membros: eles não admitem a correção. Recusando-se a admitir seus defeitos, seus membros se aprofundaram cada vez mais neles. Com esse ciclo vicioso se repetindo indefinidamente, temos a crise que estamos vendo hoje.

Uma vez que Santa Catarina de Siena é uma santa que trabalhou para reconstruir a Igreja em seu tempo, é natural que ela seja a padroeira daqueles que trabalham pela Igreja Católica no colapso geral que ela experimenta hoje. Por isso, peçamos a ela que nos ajude a alcançar as vitórias que ela alcançou no seu tempo.

O Protestantismo teria chegado muito antes se Santa Catarina de Siena não tivesse sido fiel. Nós somos muito menos do que ela, mas devemos desejar fazer mais do que ela. Devemos desejar e rezar para que a Revolução seja destruída, reduzida à frangalhos, e que sobre suas ruínas seja edificada a fortaleza-palácio do Reino de Maria. Vamos pedir a ela esta graça. Tenho certeza de que ela terá prazer em ouvir esta oração e a atender.


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Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
A secção Santo do Dia apresenta trechos escolhidos das vidas dos santos baseada em comentários feitos pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Seguindo o exemplo de São João Bosco que costumava fazer comentários semelhantes para os meninos de seu Oratório, cada noite Prof. Plinio costumava fazer um breve comentário sobre a vida dos santos em uma reunião para os jovens para encorajá-los na prática da virtude e amor à Igreja Católica. TIA do Brasil pensa que seus leitores poderiam se beneficiar desses valiosos comentários.

Os textos das fichas bibliográficas e dos comentários vêm de notas pessoais tomadas por Atila S. Guimarães de 1964 até 1995. Uma vez que a fonte é um caderno de notas, é possível que por vezes os dados bibliográficos transcritos aqui não sigam rigorosamente o texto original lido pelo Prof. Plinio. Os comentários foram também resumidos e adaptados aos leitores do website de TIA do Brasil.



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