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Perguntas sobre as relações do passado e dos
dias atuais entre a TIA e a TFP

A TIA recebeu muitas perguntas de seus apoiadores e leitores
sobre suas ligações com a TFP. Foi considerado oportuno abordar
essas questões aqui como um conjunto.

1. Pergunta: Houve alguma relação entre a TIA - Tradition in Action - e a TFP - Tradição, Família e Propriedade?

Resposta: Quanto às duas organizações, havia poucas ligações no passado porque a TIA é muito mais recente que a TFP. A vida pública da TIA começou depois de 1995, ano da morte do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.

Alguns dos membros da TIA, no entanto, tinham ligações anteriores com a TFP. O Sr. Atila S. Guimarães foi associado da TFP brasileira de 1964 a 1998, quando foi excluído da diretoria da organização. A Dra. Marian T. Horvat também colaborou de muitas maneiras com a TFP americana de 1977 até aproximadamente o mesmo período.

As relações cordiais de Atila Guimarães e Marian Horvat com a TFP cessaram quando publicaram o livro Nas águas turvas do Vaticano II. Não há relacionamento no momento - oficial ou não - entre as duas organizações.

2. Pergunta: Você poderia explicar com mais detalhes o que levou a essa ruptura?

Resposta: O principal motivo foi que, dada a destruição acelerada dentro da Santa Madre Igreja, a Tradition in Action julgou necessário publicar a obra de Guimarães analisando o Concílio Vaticano II com a esperança de mudar a situação religiosa atual. A TFP objetou fortemente a essa ação. Esse antagonismo foi traduzido em dois fatos:
  • A.S. Guimarães decidiu publicar o primeiro livro de sua coleção do Concílio Vaticano II, e a edição americana foi lançada em novembro de 1997 sob a responsabilidade da TIA.

  • O novo presidente da TFP brasileira escreveu uma carta alguns dias depois exigindo que Guimarães retirasse o livro de circulação. Ele deu duas razões básicas: primeiro, segundo ele, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira não quis publicar a coleção sobre o Concílio em nossos dias, e segundo, o conselho de administração da TFP brasileira também não quis publicá-la.
3. Pergunta: Esses argumentos estavam corretos?

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Plinio Corrêa de Oliveira, à esquerda, edita o texto em português Nas Águas Turvas do Vaticano II. Atila Sinke Guimarães, à direita, toma nota das correções. Eles estão trabalhando na frente de uma pequena imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso.
Resposta: Não e sim. Não, o primeiro argumento não está correto, porque o Prof. Plinio queria publicar a coleção no Vaticano II para tentar mudar a atual situação religiosa. Sim, a segunda razão é correta, porque os diretores da TFP brasileira positivamente não quiseram publicá-la.

4. Pergunta: É possível ser mais específico sobre as intenções do Prof. Plinio?

Resposta: O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira convidou o A.S. Guimarães para escrever a coleção sobre o Concílio e lhe deu a assistência intelectual e material necessária para fazê-lo de 1982 a 1995, quando morreu, ou seja, durante todos os anos que levou o autor a escrever e editar os 11 volumes. Durante esse tempo, o Prof. Plinio também falou sobre seus planos para o futuro da coleção. O autor deu algumas dessas orientações na introdução de Nas águas turvas do Vaticano II.

Em novembro de 1997, depois que Guimarães recebeu o ultimato exigindo que ele retirasse o livro de circulação, ele replicou escrevendo uma longa resposta (253 páginas em inglês; 245 páginas em português) abordando as objeções apresentadas pelo presidente da TFP no Brasil. Nessa defesa ele reproduziu inúmeros textos nos quais o Prof. Plinio apoiou e estimulou não só a redação da coleção, mas também sua publicação o mais breve possível. Guimarães gravou e digitou muitas das reuniões em que recebeu essa orientação diretamente do Prof. Plinio.

Depois que ele terminou de escrever sua defesa em março de 1998, Guimarães pediu a duas testemunhas que entregassem o trabalho ao presidente da TFP, o que foi feito. Ele também imprimiu 500 cópias deste documento e tentou divulgá-lo entre os membros da TFP. Como a carta que o condenava havia circulado amplamente dentro da TFP, parecia justo que os membros conhecessem a refutação a ela. Até hoje não houve resposta dos diretores para a defesa. Além disso, proibiram os membros de lê-lo e continuaram a espalhar a invenção de que o Prof. Plínio não queria publicar os livros de Guimarães sobre o Concílio.

5. Pergunta: Por que o presidente brasileiro da TFP e sua diretoria tentaram proibir Guimarães de publicar seu livro em 1997?

Resposta: Em várias discussões com o autor antes do ultimato, os diretores admitiram que, como estavam intelectualmente despreparados para enfrentar uma polêmica pública com a autoridade religiosa, não queriam agitar nenhuma água. Mesmo se alguém deixar de lado a verdade da primeira declaração, a decisão de evitar uma polêmica pública, que na verdade significava abandonar a frente de batalha, levantou um grave problema moral. Muitas vezes na História, católicos com meios inferiores foram chamados para enfrentar inimigos com recursos superiores. Eles não fugiram da luta. Eles tiveram a coragem de enfrentar o inimigo e confiaram na Divina Providência para dar-lhes assistência para vencer.

No caso da TFP e da luta contra o Progressismo na Igreja, o mesmo princípio deveria ser aplicado. Portanto, o que era condenável na atitude dos diretores era que eles não tinham coragem para continuar a luta e careciam de fé na Divina Providência para preencher o vácuo criado por sua própria preparação deficiente para a situação.

Havia, além disso, outro motivo importante pelo qual esses diretores não queriam entrar em nenhuma polêmica com a autoridade religiosa, razão pela qual Guimarães soube dois anos após sua ocorrência. Esta foi a existência de um compromisso claro entre os diretores da TFP e a estrutura eclesiástica, com a qual eles se comprometeram a abster-se de qualquer discussão pública sobre o Vaticano II e as reformas que vieram dele. Os diretores enviaram uma carta contendo essa promessa ao Cardeal Primaz do Brasil, então Cardeal Lucas Moreira Neves, dando a ele a garantia de que a TFP não mais combateria o Vaticano II e suas consequências.

6. Pergunta: É possível conhecer o conteúdo desta carta?

Resposta: sim, é. Guimarães reproduziu as principais partes dela em sua defesa. Essas partes serão postadas abaixo.

A carta tinha data de 18 de setembro de 1995. Foi escrita e enviada sem o consentimento do Prof. Plinio, que estava no hospital e morreu duas semanas depois, em 3 de outubro de 1995. O pretexto para a carta era esclarecer alguns pontos para o Cardeal Moreira Neves, que dias antes atacara a TFP em oposição ao Vaticano II e ao Novus Ordo Missae. A carta foi assinada pelo Cônego José Luiz Villac, eclesiástico escolhido para representar os diretores no acordo. No documento, ele fala, de fato, como representante dos diretores e de toda a organização. A carta foi entregue, mas o acordo foi mantido em silêncio. Apenas um punhado de pessoas sabia sobre sua existência. A grande maioria dos membros da TFP não conhecia esse compromisso oficial da diretoria, e talvez ainda não saibam disso até hoje.

Aqui estão os trechos mais importantes:
“As palavras de Vossa Eminência de que 'a TFP não esconde a sua oposição ao Concílio Vaticano II... e toma uma atitude crítica em relação à Missa de Paulo VI em favor da de São Pio V', também contém informação errônea.

“A atitude daqueles que pertencem à TFP em relação ao Concílio Vaticano II e à missa de Paulo VI é bastante sutil. Com relação a este último, a TFP sempre manteve uma posição discreta e não quer tornar públicas certas dificuldades teológicas levantadas pelo Novus Ordo Missae. Está à espera de uma elucidação completa do assunto da autoridade suprema da Igreja.

“Diante dos problemas muito graves que afligem a Igreja em nossos dias - tantas vezes mencionados por SS João Paulo II - esta é a posição, Eminência, da grande maioria dos membros, simpatizantes e correspondentes da TFP:
  1. “Eles admitem que estão perplexos com certas reformas e certos eventos que ocorreram na Igreja desde o pontificado de João XXIII;

  2. “Essa perplexidade é definida como uma não compreensão e um desconforto;

  3. “Essa perplexidade não é uma afirmação de que há erro nesses eventos e nessas reformas, e também não é uma afirmação de que não há erro. Aqueles que compõem a TFP, mesmo que sejam católicos instruídos, declaram-se incapazes de resolver todas as complexas questões teológicas, morais, canônicas e litúrgicas que estão na raiz desse mal-estar.
“Diante disso, eles estão tentando acompanhar os debates sobre essas questões que surgem aqui e ali na esfera eclesiástica, aguardando que o assunto seja devidamente esclarecido.

“Enquanto esperam por este esclarecimento, aderem inteiramente aos termos estabelecidos pelo Papa João Paulo II em sua Carta Apostólica Ecclesia Dei, e que consta no protocolo que diversos grupos tradicionalistas têm assinado com o Vaticano [que afirma]: No que diz respeito a algumas doutrinas ensinadas pelo Concílio Vaticano II, ou a propósito de reformas posteriores, litúrgicas ou do Direito Canônico, que podem parecer difíceis de conciliar com as declarações do Magistério anterior, assumo a obrigação de manter uma atitude positiva de estudo e comunicação com a Sé Apostólica, evitando qualquer polêmica.’

“Empenho minha palavra como sacerdote para garantir a Vossa Eminência que esta atitude equilibrada e conciliatória sempre foi adotada por aqueles que pertencem à TFP, e que eles não têm intenção de abandoná-la.”
Desde o momento em que a carta foi escrita até hoje, todas as evidências práticas indicam que a TFP está mantendo seu lado nessa barganha, mantendo uma postura de não-militância diante da infiltração do Progressismo na Hierarquia Católica.

Em contraste, a TIA está assumindo uma posição de luta ativa e resistência pública.

7. Pergunta: É verdade que, sob a presidência do Prof. Plinio, a TFP sempre assumiu uma “posição discreta” e uma “atitude equilibrada e conciliatória” em relação ao Vaticano II e suas reformas, conforme afirmado na carta?

Plinio Correa de Oliveira

No aeroporto, o Prof. Plinio, à esquerda, deixa Roma após a primeira sessão do Vaticano II
Resposta: Não, não é verdade. Ele foi um dos primeiros líderes da Resistência contra as novidades que vieram do Vaticano II. Durante toda a primeira sessão do Concílio (1962) ele esteve em Roma após os debates. Quando ele percebeu que a ala progressista estava tentando proteger o comunismo, ele escreveu o ensaio A Liberdade da Igreja em um Estado Comunista, que foi escrito primeiramente para ser difundido entre os padres conciliares e ajudou a estimular a petição que centenas de bispos assinaram pedindo ao papa uma solene condenação do comunismo no Concílio. O cardeal Giuseppe Pizzardo e o arcebispo Dino Staffa, respectivamente prefeito e secretário da Congregação de Seminários e Universidades, que foram figuras expressivas da ala conservadora dos prelados no Vaticano II, escreveram uma carta elogiando este trabalho do Prof. Plinio e reconhecendo sua importância.

Outro trabalho do Prof. Plinio foi sobre o tema do diálogo e do ecumenismo – Baldeação ideológica inadvertida e Diálogo. Foi publicado em 1965 durante a quarta e última sessão do Vaticano II. O propósito mais profundo deste livro era romper o encanto do diálogo lançado simultaneamente por João XXIII e líderes comunistas para encorajar uma atmosfera de colaboração mútua entre católicos e comunistas. O perigoso clima emocional criado pelo ecumenismo com falsas religiões também foi apontado no livro para desmitificar a moda do diálogo que rapidamente ganhava terreno no meio religioso católico.

Em 1970 e 1971, escreveu artigos vigorosos contra o apoio indireto que Paulo VI deu à parcela do comunismo no Chile. Em 1971 ele claramente e publicamente declarou que os papas conciliares não deveriam ser seguidos se eles ensinassem contra a propriedade privada ou tentassem destruir a "Igreja de Constantino". Ele também criticou claramente o Vaticano II por não ter condenado o comunismo. Em 1974, ele escreveu sua famosa Declaração de Resistência contra a política do Vaticano de Ostpolitik. Nesse mesmo ano, de abril a dezembro, ele escreveu uma série de artigos mostrando diferentes aspectos de sua resistência a algumas das posições do Vaticano. A TIA planeja publicar algumas dessas obras de valor inestimável em seu site.

Com relação à nova missa, foi o Prof. Plinio quem convidou um estudioso brasileiro - Arnaldo Xavier da Silveira - a fazer um estudo cuidadoso sobre a tendência protestante do Novus Ordo e a eventualidade de um papa cair em heresia e cisma, bem como um estudo para saber quando as leis eclesiásticas são infalíveis. Este estudioso escreveu um livro sobre esses temas, e o Prof. Plinio tomou a iniciativa de publicar este trabalho em 1970. Depois, enviou-o a todos os mais de 300 bispos brasileiros, com a aprovação e uma carta de recomendação do Bispo Antonio de Castro Mayer. Prof. Plinio também incentivou o autor a publicar o livro em francês (1975), o que foi feito. Durante sua vida, os membros da TFP não puderam assistir à nova missa.

Em 1982, convidou Atila Guimarães para escrever sua coleção sobre o Vaticano II e planejava publicá-la no final de 1995. Ele morreu antes disso.

Muitas outras ações semelhantes podem ser listadas aqui. O que os fatos mostram claramente é que a posição do prof. Plinio em relação ao Vaticano II e à nova missa não pode ser considerada "discreta" ou "conciliatória.”

8. Pergunta: Você descreveria as linhas gerais da TFP e explicaria como elas diferem daquelas da TIA?

Resposta: Até a morte do Prof. Plinio, a TFP era bem conhecida por estar na linha de frente das lutas anti-progressistas e anticomunistas. Após sua morte, pode-se dizer que a organização enrolou seus estandartes e abandonou a luta.

Com relação ao Progressismo, hoje a TFP restringe seu combate às escaramuças com vários progressistas radicais, deixando terreno livre para os inimigos não radicais que se infiltraram na Igreja para continuar seu plano de destruição. Foram esses mesmos inimigos sutis que, em tempos passados, a TFP costumava denunciar. Antes da morte do Prof. Plinio, a TFP costumava ser um flagelo dos bispos progressistas e concessivos; hoje ela se tornou um bajulador deles. Sua luta contra o progressismo foi substituída por algumas outras ações - contra o aborto e os filmes blasfemos. Ações louváveis, sem dúvida. Mas, sem qualquer risco especial, não constituem mais a luta audaciosa que caracterizou a entidade em tempos passados.

Em relação à luta anticomunista, a organização não fez nenhuma ação significativa para impedir a eleição de Lula, um comunista, como presidente do Brasil. Não fez nenhuma denúncia séria do forte apoio que a Hierarquia Católica deu a ele, que o levou ao poder. Novamente, a organização que, sob a presidência do Prof. Plinio, evitou que Lula fosse eleito várias vezes, praticamente não impediu sua eleição em outubro de 2002. As outras ações da TFP contra o comunismo consistem em pequenas brigas voltadas para pontos específicos que tentam manter o funcionamento burguês do dia-a-dia. Certamente não são ações ruins, mas são drasticamente insuficientes. Os atuais membros da TFP parecem marinheiros tentando obstinadamente manter a ordem do dia-a-dia em um Titanic que está afundando.

Em relação à mentalidade geral reinante na organização, é triste considerar a mudança: o abandono da grandeza e a adoção da mediocridade.

Estas certamente não são as linhas da TIA. Procuramos permanecer fiéis à orientação militante e contra-revolucionária do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, tanto na esfera religiosa, ou seja, a luta contra o Progressismo que se infiltrou na Igreja, e na esfera temporal, ou seja, a luta contra o comunismo e suas consequências mais recentes, como o socialismo autogestionário, da ecologia e da revolução cultural.

Postado em 1 de agosto de 2019



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