Sociedade Orgânica
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
Quando viviam na placidez os homens e as coisas
do comércio
Para que serviram primitivamente estes edifícios tão recolhidos e quase diríamos tão pensativos? Residências patrícias? Centros de estudos?
Não. Eram ocupados por entidades de cunho corporativo: à extrema direita, a sede da corporação dos Barqueiros Livres; depois, a casa dos Medidores de Grãos, vizinha do pequeno edifício da Alfândega, onde os mercadores medievais vinham declarar suas mercadorias. Em seguida, o Celeiro, e por fim a Corporação dos Pedreiros.
Casas de trabalho e de negócios, pois. E nestas casas a história nos diz que se desenvolveu uma atividade das mais intensas e produtivas.
Mas a produção econômica ainda não estava envolvida pelas influências materialistas de hoje, e por isto ela se fazia num ambiente de calma, de pensamento e de fino gosto, e não na atmosfera febricitante, trepidante, irrefletida e proletarizante que tantas vezes a marca em nossos dias. Quem imaginaria para edifícios burgueses tanta nobreza, e para corporações de trabalho tanto bom gosto?
Mais do que um problema de arte, há aqui um problema de mentalidade. Segundo uma concepção espiritualista, o melhor modo de agir humano se faz com a mente, e por isto a produção econômica dá o melhor de si mesma, como qualidade e até como quantidade, quando feita na calma sem ócio e no recolhimento meditativo.
Segundo uma concepção materialista, vale mais a quantidade que a qualidade, o agir do corpo que o da alma, o corre-corre do que a reflexão, e a superexcitação nervosa do que o pensamento autêntico. E daí a atmosfera vibrante de certas bolsas ou de certas grandes artérias modernas.
Como é diferente, este tipo, dos burgueses plácidos, estáveis, dignos, prósperos, e de olhar inteligente, que o pincel de Rembrandt nos apresenta no admirável quadro Os síndicos dos mercadores de tecidos.
Foram homens destes que, com meios de comunicação ainda incertos e lentos, deitaram para todas as direções a rede de suas atividades e lançaram as bases do comércio moderno. Sua obra, entretanto, foi realizada na tranquilidade e quase diríamos no recolhimento. Eles ainda espelham a atmosfera peculiar aos antigos prédios que analisamos.
Lição fecunda para nosso pobre mundo, cada vez mais devastado pelas neuroses.
- As casas das corporações ficam ao longo do Graslei, no rio Lys (Leie) Rio Ghent.
Catolicismo n. 92, Agosto de 1958
Postado em 12 de abril de 2019
![Tradition in Action](../images/burbtn%204.jpg)
Sociedade Orgânica foi um tema caro ao falecido Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Ele abordou este tema em inúmeras ocasiões durante a sua vida - às vezes em palestras para a formação de seus discípulos, às vezes em reuniões com amigos que se reuniram para estudar os aspectos sociais e história da cristandade, às vezes apenas de passagem.
Prof. Plinio
Atila S. Guimarães selecionou trechos dessas palestras e conversas a partir das transcrições das fitas e de suas anotações pessoais. Ele traduziu e adaptou-os em artigos para o site da TIA. Nestes textos, a fidelidade às idéias e palavras originais é mantida o máximo possível.
______________________
______________________